quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Lucas Lima brilha entre as linhas de um Corinthians apático; Palmeiras oscila e confronto italiano segue aberto na Copa do Brasil

Na Vila Belmiro os dois alvinegros vieram a campo com seus time titulares completos. Santos no 4-2-3-1, e Corinthians no 4-1-4-1. O time mandante pressionava a marcação e tinha a velocidade e incisividade de seus ponteiros Geuvanio e Gabriel, que invertiam de lado constantemente, e que contava com a movimentação de Lucas Lima, que buscava os espaços entre as linhas para poder desequilibrar. 

E o camisa 20 realmente desequilibrou em campo com duas assistências, a mais gênial no primeiro tento, marcado por Gabriel que infiltrou em diagonal nas costas de Fagner, completando o passe de Lucas Lima cujo importante papel tático consiste em flutuar pelas zonas do campo para que a sua técnica estejam disponível para fazer a diferença. Perante um Corinthians que se retraiu demais e que no primeiro tempo pouco atacou isso foi fatal, ainda mais com a lesão de Luciano que deu lugar a um inoperante Vagner Love. O time de Tite procurava ser cauteloso e compacto, preenchendo os espaços de seu campo defensivo, abdicando de atacar, e com isso Jadson e Malcom ajudavam os laterais pelos lados. Primeiro tempo de domínio santista, que teve mais volume de jogo e posse de bola, e foi objetivo.



Enquanto isso na Allianz Park a proposta do Cruzeiro era claramente tentar propor o jogo sempre que for possível no 4-1-4-1, através do passe de Fabrício e Charles e na velocidade de Marquinhos e Alisson, enquanto que o Palmeiras se posicionava surpreendentemente num 4-3-1-2 que fazia a marcação individual, que muitas vezes deixava o time desorganizado quando o Cruzeiro se movimentava, já que o encaixe individual faz com que cada um pegue o seu, e um simples movimento, um drible, um passe, um facão em diagonal faz com que o sistema defensivo seja bagunçado. O Palmeiras buscava sempre a velocidade de Dudu pelo lado esquerdo, esticando bolas longas para o camisa sete puxar a transição ofensiva, embora tentasse controlar o jogo com Zé Roberto no vértice esquerdo do losango no meio de campo.

Com a lesão de Arouca o técnico do Palmeiras alterou o sistema tático para o 4-1-4-1, alinhando Cleiton Xavier e Zé Roberto, e com isso a equipe da casa alterou a sua forma de jogar, abdicando da posse, rifando muitas bolas para afastar o perigo que um Cruzeiro compacto e bem postado em campo levava a meta de Fernando Prass, perigo este que não foi embora no segundo tempo, com Fabrício desvencilhando livremente de Zé Roberto, servindo Leandro Damião que infiltrou na área facilmente diante de um desorganizado sistema defensivo palmeirense, e com isso veio o empate.

Palmeiras posicionado com um losango no meio de campo, percebe-se os encaixes individuais em amarelo, e que Girotto muitas vezes ficava perdido ao tentar fazer a cobertura de seus colegas de time, assim como Arouca que posteriormente era obrigado a abrir pela direita para fechar os espaços pela direita, deixando o sistema defensivo mais bagunçado. (Reprodução: SporTV)

O Corinthians avançou suas linhas no segundo tempo e conseguiu melhorar a produção ofensiva, ainda mais diante de um Santos mais cansado e que não conseguia puxar o contragolpe. Com isso Tite alterou o sistema tático corinthiano para um 4-2-3-1 com Mendoza no lugar de Malcom e Renato Augusto centralizado. Com mais ímpeto o Corinthians foi mais dinâmico, mas sobrou espaço demais atrás para o Santos aproveitar com Marquinhos Gabriel. Com jogo mais complicado Tite colocou Danilo no lugar de Jadson e novamente reposicionou o time, equilibrando a posse de bola, mas foi insuficiente para diminuir a boa vantagem do Santos de Dorival Júnior, que se impõe dentro e fora de casa, e que se baseia principalmente na ofensividade, algo que falta ao Corinthians, e que deve ter no jogo de volta na Arena Corinthians.

No flagrante tático pode-se ver muita das movimentações santistas que ocorreram durante o jogo, Lucas Lima ocupa o flanco, abre o corredor central para Gabriel afunilar com a bola, arrastando a marcação para que haja espaço para na sequência da jogada ter uma bola enfiada em diagonal. (Reprodução: TV Globo)

O Palmeiras, desesperado em busca do resultado dentro de sua própria casa, mudou para um confuso 4-3-3, ainda com a marcação individual, onde Zé Roberto e Cleiton Xavier buscavam levar a bola para Cristaldo e Rafael Marques que revezavam a posição no centro e na ponta-esquerda, enquanto que Dudu e Lucas ocupavam o lado direito, e foi num cruzamento da direita para a esquerda que Rafael Marques empatou. A partida se manteve equilibrada, com Fabrício se destacando no meio de campo, dando a entender que Luxemburgo finalmente encontrou a sua formação ideal. Confronto entre os times de origem italiana segue aberto para o jogo de volta no Mineirão, e mais do que tudo, Marcelo Oliveira precisa reorganizar a estrutura defensiva do Palmeiras que vem abalada com a lesão de Gabriel, peça importante no meio de campo que protegia a defesa, e repensar se optar pela marcação individual realmente é a melhor opção.

Cruzeiro postado no 4-1-4-1. (Reprodução: SporTV)

Por Diogo R. Martins (Twitter: diogorm013)