segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Fim de semana europeu: Chelsea, Liverpool, Derby della Molle, Inter e Roma entre os destaques

Em um final de semana marcado por boas partidas no Velho Continente, o dérbi entre Juventus-Torino, o duelo de Chelsea-Liverpool e o vital Inter-Roma alcançaram um bom nível de destaque, entrando no resumo da rodada europeia. Cada um à sua maneira, todos mostraram interessantes detalhes desde a tática, seja com os times dando sequência a aspectos ou mostrando coisas novas.

Sábado (31/10/2015)

Chelsea-Liverpool (1-3)

Com ambos formando 4-2-3-1 (4-4-1-1 na fase defensiva), o embate inglês mostrou um show de pressões vermelho, um Jürgen Klopp adaptável e o calvário azul. Nos primeiros sete ou oito minutos, o Chelsea cumpriu bem seu usual papel ofensivo: deu liberdade aos atletas, tratou de acumular gente ao redor da bola para criar vantagens numéricas, trocar passes rápidos e verticalizar ataques - o que deu certo no gol de Ramires, por exemplo. Porém, equipe logo foi obrigada a recuar e caiu no jogo de pressões de Klopp, desarmando muitas vezes, mas finalizando pouquíssimos contra-ataques. Mas, mesmo sem tanta organização, Blues conseguiram segurar oponente e só sofreram empate no último lance da 1ª etapa. Na 2ª, contudo, contexto era interessante, mostrava superioridade futebolística de um conjunto que havia empurrado os Reds e fazia o cotejo no campo adversário. Até entrada de Cesc Fábregas tirar força defensiva, Liverpool aproveitar, ativar Benteke, os contragolpes e decidir.

Justificativa da primeira virada de cenário da partida
Pequena comparação entre Firmino e Costa
Liverpool, logo depois do tento londrinoconseguiu comprar uma passagem só de ida para os metros de gramado azul, pressionando em todos os instantes e locais do relvado - mas sobretudo após perdas de bola. Assim, matou ações dos de José Mourinho na raiz, alcançou controle atrás e quase sempre teve a redonda para tentar produzir à frente nos 45' iniciais. Para atingir o grande mérito de Jürgen neste início, ótimo nível de energias e crença no projeto; entretanto, Philippe Coutinho foi quem tirou um golaço da cartola e monetizou as ideias. O 2º tempo trouxe um time menos loucamente enérgico, mais preocupado em utilizar isso nos momentos certos, recuando homens - e se arriscando, pois Chelsea cresceu - para explodir em contragolpes. Muito facilitados por Benteke, que venceu seus duelos na partida, segurou esfera e deu continuidade às tramas velozes. Outra vez, tendo em Coutinho a chave para marcar, para ganhar. Uma atuação de adaptação, bem inteligente.

Juventus-Torino (2-1)

Enquanto o Torino compôs seu usual 3-5-2 (5-3-2 sem a bola), a Juve optou por 4-3-1-2 e logo passou a um 4-3-3 (4-1-4-1 ao negar espaços). Até o gol de empate oponente, já na 2ª parte, o que se viu foi equipe de Massimiliano Allegri se defendendo com a posse, correndo poucos riscos, guardando energias, não criando e, na fase defensiva, apenas juntando atletas em seu campo para esperar um rival habitualmente engessado ao atacar. Postura inteligente e que exaltou Claudio Marchisio-Hernanes, mas simbólica em um time incapaz de pisar nos últimos metros de grama em boas condições para gerar tentos - acima de uma possibilidade, horizontalidade era quase uma necessidade. Depois do 1-1, sim, Juventus colou na área do Toro e ficou mais de 40' em um abafa pouco criterioso, faltando argumentos coletivos e individuais para quebrar a parede formada. Como tem acontecido ao longo da atual temporada, executando-se instantes isolados. Uma clara constante.

Cenário inicial e pontos defensivos do Torino
Problemas ofensivos do Torino
O Torino apresentou sua rotineira solidez atrás, a conhecida falta de mecanismos à frente, somou tudo às já citadas características juventinas e transformou confronto em algo bastante sonolento na 1ª etapa. Sabendo dosar altura dos blocos de marcação, equipe sustentou encaixes zonais no meio e anulou possíveis facilitadores dos ataques bianconeri até os 10', quando Juve teve de mexer nas peças, destruindo dois dos três encontros; após, conjunto teve de impedir fluidez adversária sem isto. "Pesado" ao atacar, como de costume, maiores oportunidades vieram desde bolas paradas, com homens de Giampiero Ventura contabilizando mínimos segundos na metade dos mandantes - as ligações diretas deveriam ajudar, o que não se concretizou. O fato é que houve competição pelo lado visitante, além de entrega física ao planejamento, inteligência, noção espacial e das capacidades. Pode ter faltado um fator desequilibrante ou elaborações ofensivas melhores, mas exibição digna.

Inter-Roma (1-0)

No outro embate da Serie A, a dupla desenhou 4-3-3 (4-1-4-1 sem a posse) e protagonizou uma partida em que a Inter teve detalhes para sonhar com o scudetto. Para diminuir vantagens de velocidade da dupla Gervinho-Salah, Roberto Mancini se adaptou e recuou seus jogadores, afim de defender "de frente" (teve 41% de posse total). Com linhas de marcação médias e não tão coesas - apesar da solidariedade coletiva -, Miranda, Jeison Murillo, Gary Medel e Samir Handanovic tiveram de matar ataques romanistas. Contudo, interistas demoraram a conseguir se manter no campo rival, os roubos não significavam posterior presença aí e só Jovetic poderia mudar isso, "escondendo" a bola, mantendo time à frente e gerando futebol - deu assistência para o gol, por exemplo. Que fez milaneses recuarem de vez, mesmo sem haver perfeição defensiva, e ganharem. Mancini tem um modelo de jogo claro, um sistema adaptável e, sobretudo, ótimos futebolistas. É para scudetto.

Construção de jogo romanista
Roma no campo adversário
A Roma teve absoluto domínio territorial (mesmo se Inter não ficasse atrás, conta com mecanismos para tal), várias chances de marcar e um revés. Meio-campistas rodando (para conectar companheiros), 100% libertos, laterais à frente (para fixar pontas adversários durante construção e dar largura depois), pontas também livres (para se "comunicarem" e ocuparem espaços mais internos) e Dzeko alternando apoios e prisão de defensores - assim estiveram os romanos ao atacar, como costumam estar. Sempre verticais, visando elevação do ritmo geral, afim de produzir espaços maiores e sacar as coisas boas da dupla Salah-Gervinho, giallorossi deixaram grandes ocasiões de tento quando conseguiram fazer isto. Maicon foi outro argumento utilíssimo, usando potência e mudanças de direção para somar, cumprindo bem suas funções no contexto. De qualquer forma, lado psicológico foi "morrendo" a cada desperdício, o "cansaço" foi chegando, veio expulsão. Não deu.

Por Lucas Martins (@0MartinsLucas)