segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Em duelo equilibrado taticamente, Galo vence a Ponte Preta e ainda mantém esperanças de título!


Atlético-MG e Ponte Preta fizeram um confronto bastante caracterizado pela intensidade de jogo e mostraram ser equipes bem organizadas e com bom equilíbrio tático entre as fases do jogo. Com a vitória por 2 a 1 no Horto, o Galo ainda segue vivo na briga pelo título, apesar da diferença pro líder Corinthians ser bem considerável e do fato de que o Timão oscila muito pouco, logo, tem a tendência de manter a regularidade de bons resultados na reta final e garantir o hexacampeonato. Já a Ponte, que vem em arrancada no segundo turno, segue firme na luta por vaga no G-4, assim como Santos, Internacional, São Paulo, Sport e Palmeiras. 

Ambas as equipes entraram em campo postadas no 4-2-3-1 e defendendo no 4-4-1-1 em duas linhas de quatro, com Cristian e Giovanni Augusto recompondo na faixa central e voltando para fechar linha de passe/retorno com um volante adversário à frente das linha média. Apesar disso, os dois times tinham algumas características defensivas diferentes. A Macaca era bem mais posicional, marcando setor e tendo o espaço como referência de marcação predominante, enquanto que o Galo fazia encaixes com perseguições curtas/médias, de modo a ficar mais claro nas ocasiões em que a Ponte Preta tinha a posse de bola pelos flancos ou em situações onde Borges recuava e atacava espaços entrelinhas para dar opção de passe vertical ao portador da bola e tentar fazer a parede pra dar continuidade à ação ofensiva. Observa-se um pouco dos aspectos defensivos de paulistas e mineiros nos flagrantes abaixo:

Na primeira imagem, observa-se a Ponte Preta posicionada defensivamente em bloco baixo, com 9 jogadores ocupando espaço em campo defensivo, curta distância entre as linhas defensiva e média e Cristian voltando ao centro. Na linha média, o winger oposto aparece com referência a partir do lateral-esquerdo Douglas Santos, apesar de que durante a partida, a referência de marcação dele e de Biro-Biro não era fixa no lateral adversário, porém, eles não afunilavam tanto com a linha de meio para o movimento de basculação defensiva, ocupando um espaço mais próximo do "lado fraco". No segundo flagrante, observa-se a questão do encaixe no setor, no sistema defensivo atleticano. Ponte tem a posse pelo lado esquerdo, com o volante do lado da bola(Fernando Bob) dando suporte por ali e criando uma linha de passe próxima ao homem da bola, mesmo que acompanhado por Giovanni Augusto, Elton se afasta da linha média atleticana para receber livre e com espaço pra pensar, virar ou progredir em caso de centralização de jogada, Borges flutua entrelinhas, atraindo Leonardo Silva para a caça setorial curta fora da linha defensiva e Cristian afunda ao centro pra atacar o espaço deixado por Borges, sendo acompanhado por Leandro Donizete em sua movimentação. Na sequência da jogada, novamente observa-se o princípio do encaixe no setor. Desta vez, pelos flancos. Elton recebeu ao centro e fez a virada. Alexandro afastou-se da lateral, deixando o corredor para a progressão com bola do lateral-direito Rodinei. Douglas Santos também foi "carregado" um pouco pra fora da linha defensiva e "pra dentro", enquanto que o winger do setor(Dátolo), se posicionou pra dar o combate direto ao portador da bola. Pelo sistema ofensivo da Ponte, vale destacar novamente a movimentação de Cristian, entrando na área pra ser opção e o posicionamento de Borges no lance, atraindo o lateral da cobertura por dentro e deixando Biro-Biro livre na área no lado oposto ao do cruzamento. Nas duas últimas imagens, percebe-se que Ponte e Atlético marcavam da mesma maneira nos momentos de escanteios adversários. Embates individuais no "bolo" da área e dois jogadores marcando à zona na primeira trave. 


O Galo era mais possessivo e propositor, enquanto que a Macaca era mais reativa, transicional, apesar de demonstrar boa qualidade de circulação de bola na fase de ataque posicional, mesmo que tivesse dificuldades de penetrar. Destaque para Cristian, que caía constantemente pelos extremos para formar uma sociedade triangular no lado da bola, recuava e movimentava sem bola pra dar opção de passe aos volantes e zagueiros na intermediária ofensiva, era utilizado para temporizar a ação ofensiva, manutenção da posse, troca de lado e também aprofundava o posicionamento ao centro para se juntar ao centroavante Borges na área. Dois volantes também bem modernos, sempre postados em campo ofensivo para ser opção de retorno/centralização de jogada à frente da linha média atleticana, inverter o lado da jogada, encaixar o passe entrelinhas, clarear o jogo na saída e evitar os lançamentos longos por parte dos zagueiros. Ambos importantíssimos na distribuição de jogo(principalmente Fernando Bob) e por vezes Elton procurando incursão com bola dominada pra arrematar de fora da área. Quanto aos wingers, Biro-Biro era a "válvula de escape" para aceleração na transição defesa-ataque e também vindo de fora pra dentro, pra buscar progressão no corredor central, enquanto que Alexandro ficava mais fixo à direita para dar amplitude e era bastante acionado na abertura de jogada na transição. 

No Atlético-MG, Giovanni Augusto também procurava os lados, principalmente o esquerdo(flanco onde o Galo teve a posse na maior parte do tempo e por onde teve maior densidade) pra triangular. Além de Dátolo e Douglas Santos, Rafael Carioca caía bastante ali pra armar o time no último terço e tentar quebrar as compactas linhas paulistas com sua qualidade de passe. No lado oposto, Luan além de dobrar com Marcos Rocha no corredor, entrava bastante em diagonal ofensiva sem bola para ser opção junto à Lucas Pratto na grande área quando a bola caía na extremidade oposta. Os mineiros utilizaram bastante do recurso da bola aérea, com muitos cruzamentos, chegando com muita gente na área e pegando a maioria dos rebotes de bola parada para levantar a pelota na área novamente quando os zagueiros subiam. Time exercendo forte pressão, com muita intensidade e trabalhando com força e velocidade pelas beiradas. Abaixo, um pouco dos aspectos ofensivos apresentados pelos donos da casa: 

Na primeira imagem, Galo atacando pela esquerda. Douglas Santos bem aberto no corredor, Rafael Carioca aparecendo para armar, Dátolo ocupando espaço mais por dentro. A abertura de jogada fez com que Rodinei se afastasse um pouco mais dos outros membros da linha defensiva paulista(o posicionamento de Renato Chaves também interfere nisso). Pratto fecha entre os dois zagueiros, Luan busca o posicionamento entre Ferron e Gilson, Giovanni Augusto também entra na área(obrigando Fernando Bob a afundar ao centro para garantir a superioridade numérica do sistema defensivo da Ponte) e no lado oposto, Biro-Biro tem referência de marcação espacial(se apresentasse referência individual, estaria acompanhando Marcos Rocha de perto em sua projeção sem bola no corredor aberto pela diagonal sem bola de Luan). Na sequência da jogada, Rafael Carioca(que é pressionado de perto por Alexandro) aciona Dátolo, que se projeta em diagonal curta no gigantesco espaço vazio entre Rodinei e Renato Chaves na linha defensiva. Elton apenas o acompanha inicialmente, mantendo o respeito à zona, e Renato Chaves faz deslocamento curto para a cobertura do espaço atacado, deixando Ferron e Gilson com Pratto e Luan no centro da área. No segundo flagrante, Rafael Carioca aparece novamente na esquerda para dar opção, formando triângulo com Douglas Santos e Dátolo(onde tem Giovanni Augusto mais à esquerda, leia-se Dátolo) no setor. Pratto também balanceia ofensivamente pro lado da bola e Giovanni Augusto aparece pra receber na entrelinha adversária, enquanto Luan fecha pra área. Quanto ao sistema de marcação da Ponte, novamente percebe-se as duas linhas bem próximas e Cristian à frente delas. Biro-Biro chega atrasadíssimo pra fechar o centro, deixando um grande espaço entre ele e os volantes na linha média. Leandro Donizete recebe por ali na intermediária ofensiva e com espaço para progredir ou arrematar em gol(que é o que ele acaba fazendo). Na última imagem, Giovanni Augusto é quem aparece pra triangular na esquerda, tendo opção de Douglas Santos um pouco mais atrás ou Dátolo em linha de passe diagonal curta, porém, opta pelo retorno com Rafael Carioca ao centro. 


Na segunda etapa, o Atlético-MG voltou com maior mobilidade e trocas de posição na linha de meias do seu 4-2-3-1. Luan passou a atuar mais por dentro, com Dátolo ocupando a DIREITA e Giovanni Augusto mais aberto à ESQUERDA inicialmente. Posteriormente isso foi alterado no decorrer do jogo e também com as substituições. Porém, essa troca na volta do intervalo ficou bem notória nos dois gols atleticanos, como percebe-se abaixo:

O primeiro gol saiu após um lance de pressão alta. Dátolo recebe no entrelinhas adversário, pegando de frente pra última linha da equipe de Campinas, enquanto que Luan ultrapassa à sua direita, com Pratto na referência e Giovanni Augusto entrando na área à esquerda. No lance do segundo gol, Dátolo aparece à ESQUERDA, vindo pelo mesoespaço e abrindo o corredor para a ultrapassagem de Douglas Santos no fundo. Giovanni Augusto ataca o espaço entre o zagueiro e o lateral-direito na área em diagonal curta e nota-se Luan à direita mais afastado do lance. MOBILIDADE!!!


Com os gols sofridos, a Ponte Preta procurou mais mobilidade, velocidade e verticalidade na linha de frente. Passou a atuar com Alexandro na referência, bem móvel, flutuando, procurando diagonais curtas e trabalho de costas, e linha de três bastante leve e aguda com Cesinha, Biro-Biro e Clayson. Por meio da bola parada, ainda descontou com gol de Renato Chaves e teve chance de empatar em bola esticada para uma linda infiltração diagonal de Cesinha rompendo a defesa atleticana em linha alta, porém, Victor fez milagre com o famoso pé esquerdo e assegurou o triunfo que mantém o Atlético-MG ainda esperançoso na luta pelo seu bicampeonato. 


*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)