segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Leicester empata com o United e deixa a liderança da Premier League!


No King Power Stadium, Leicester City e Manchester United protagonizaram um grande duelo pela parte de cima da tabela da Premier League. Jogo de bom nível taticamente, onde mesmo atuando fora de casa, os Red Devils tiveram postura voltada para domínio territorial e controle possessivo. O resultado final foi um empate de 1 a 1, com gol de Vardy para o Leicester e de Schweinsteiger para o United. O Manchester City se aproveitou, venceu o Southampton por 3 a 1 e assumiu a liderança da Premier League. Agora, o Leicester ocupa a vice-liderança, com 29 pontos(mesmo número de pontos do Manchester City, porém, sendo superado pelo time de Manchester em critérios de desempate), enquanto que o United ocupa o 3º lugar, com 28 pontos. 

Os comandados de Louis Van Gaal entraram num 3-4-1-2 que variava defensivamente para um 5-2-1-2/5-2-3. Como já citado aqui, buscou ser possessivo e propositor, enquanto que o Leicester City, postado num 4-4-1-1, adotou proposta de jogo mais reativa. 

Na saída de bola dos Red Devils, os laterais espetavam, "empurrando" os wingers adversários para trás, de modo a ganhar terreno pelos lados para a progressão dos zagueiros de lado com bola dominada até trechos iniciais da intermediária ofensiva. Os volantes partiam do espaço entre as linhas de meio e ataque do Leicester para buscar jogo e distribuir. A linha defensiva do United tinha superioridade numérica em relação à primeira linha de marcação do Leicester(3x2) e tinha até muita liberdade para iniciar a construção de jogo, já que muitas vezes os dois homens mais avançados dos donos da casa(Okazaki e Vardy) iniciavam o combate atrás da linha que divide o gramado, buscando diminuir os espaços de Carrick e Schweinsteiger, e conseqüentemente dando mais campo para os zagueiros avançarem com a bola. 

O Leicester marcava predominantemente em bloco baixo e fazia marcação mista, com predominância zonal, porém, com alguns encaixes curtos no setor. Na linha média, Albrighton fazia corretamente o movimento de fechar por dentro junto aos volantes quando a bola caía no flanco oposto para a basculação defensiva, porém, Mahrez muitas vezes era lento para centralizar nesse balanceamento ou mantinha-se com referência fixa no lateral adversário ou num posicionamento sem fixar-se no lateral, sem bascular, porém, mais próximo para proteger o "lado fraco" em caso de virada de jogo. O time de Claudio Ranieri caracterizava-se bastante pela compactação curtíssima e ótima redução de espaços defensivamente, dificultando muito a construção de jogo do United. 

Ofensivamente, os dois atacantes dos Red Devils procuravam desmarques posicionais para movimentar-se como opção no entrelinhas adversário e Martial, procurava com maior frequência a locomoção em diagonais curtas saindo do centro do ataque para buscar jogo em cima do lateral pelo flanco. Destaque também para Juan Mata, que circulava por todo o ataque, movimentava-se sem bola para ser opção na área juntamente com Rooney e Martial quando a bola caía pelo lado, recuava ou abria para dar suporte à construção de jogo e entrar como linha de passe e também buscava a flutuação no entrelinhas, às costas dos volantes adversários. Schweinsteiger também apareceu muitas vezes como "atacador de espaço" na partida, infiltrando em espaços vazios nos corredores entrelinhas e até chegando de trás para ser opção de conclusão na grande área. O controle de jogo do United era tão visível que muitas vezes os zagueiros apareciam como opção de retorno ainda dentro da intermediária defensiva do Leicester. Apesar disso, faltou maior verticalização de jogo em determinadas situações da construção e bem mais movimentações(principalmente dos dois atacantes) visando a ruptura da última linha adversária, além de maior agressividade e objetividade. 

Já defensivamente, o United alinhava Mata com Rooney e Martial para a formação da primeira linha de pressão à saída de bola adversária. Nesses momentos, os volantes subiam a pressão visando cortar as linhas de passe com os volantes do Leicester quando estes apresentavam-se ao centro como opção de passe para os zagueiros. Em fase de defesa organizada, o trio mais avançado chegava a recompor atrás da linha do meio-campo para fechar espaços, manter a compactação entre os setores e pressionar em caso de retorno para reinício da construção adversária, porém, de acordo com a progressão adversária, apenas 7 jogadores acabavam por participar ativamente da fase defensiva: Linha defensiva com 5 jogadores(basculando pro lado da bola e realizando encaixes de perseguições curtas) e os dois volantes(que também balançavam de acordo com a movimentação da bola). Marcação geralmente agressiva(principalmente no setor da bola), buscando dificultar a progressão e forçar o erro adversário. Essa postura defensiva do United no aspecto de intensidade, juntamente com a sua proposta e estratégia controladora, foram os principais motivos pelos quais o Leicester não teve tantos momentos de posse em ataque organizado. 

Quanto aos aspectos ofensivos do Leicester, cabe destacar o inteligente Okazaki, bastante participativo, caindo pelos lados para buscar jogo e quase sempre entrando na área para ser opção junto ao centroavante Vardy quando a bola caía pelo flanco; Os dois volantes, sempre presentes na intermediária ofensiva durante a posse, distribuindo e também buscando movimentações para a formação de sociedades; E Mahrez, com boa mobilidade no último terço, usando bem o "fator drible" e movimentando-se bem em diagonais sem bola quando a posse do Leicester ocorria pelo flanco oposto. 

Nos frames abaixo, pode-se observar alguns dos aspectos mostrados pelas duas equipes e já mencionados no texto: 

Observa-se nas duas imagens acima, o Manchester United postado já em bloco baixo, com as linhas mais recolhidas, no 5-2-1-2/5-2-3. Linha defensiva basculando defensivamente, volantes à sua frente movimentando-se defensivamente de acordo com a movimentação da bola, Mata voltando com um volante e alinhado com Martial e Rooney(Depay na segunda imagem), que defensivamente até davam um combate inicial nos primeiros metros da intermediária defensiva dos Red Devils pelos seus respectivos lados, mas depois de certo avanço adversário, já "largavam" e ficavam mais à frente, já apresentando preocupações ofensivas. 


Na primeira imagem, observa-se o início da construção de jogo do Manchester United. Zagueiros já avançados, ocupando os trechos iniciais da intermediária ofensiva, Leicester com as linhas bastante recolhidas(primeira linha de marcação iniciando o combate nos volantes e deixando os zagueiros livres para progressão com bola), Mata circulando entre as linhas defensiva e média adversárias, Darmian e Ashley Young bastante abertos e espetados pelas beiradas, Carrick e Schweinsteiger à frente da linha da bola(partindo do espaço entre os dois atacantes e a linha média), Rooney locomovendo-se na última linha adversária e atraindo o lateral-esquerdo, enquanto Martial centraliza e prende os zagueiros(proporcionando profundidade). Como foi destacado na imagem, Mahrez não fecha por dentro e mantém a fixação em Ashley Young no lance. Repare o buraco no mesoespaço direito do sistema de marcação do Leicester. Esse espaço poderia ter sido explorado por um dos volantes ou até por Martial, possivelmente recuando pra buscar jogo por ali e abrir espaço na última linha adversária. No segundo flagrante, Mata se apresenta no setor da bola, auxilia na saída de bola, Smalling progride com bola dominada, passando da linha que divide o gramado, Carrick dá opção de retorno um pouco atrás da linha da bola, Schweinsteiger avança e Rooney procura a movimentação entrelinhas, recuando para dar opção de passe vertical curto ao portador da bola e atraindo consigo um zagueiro, que sai em caça setorial curta. Percebe-se no lance, que nessa ocasião, a linha média do Leicester faz corretamente o balanceamento defensivo em função da bola, com Albrighton fechando por dentro, o que dificilmente ocorria quando o United tinha posse pelo lado direito de seu ataque, devido ao comportamento tático de Mahrez nos momentos de basculação defensiva. Na última imagem, observa-se novamente a compactação bem curta dos comandados de Claudio Ranieri atrás da linha da bola. United retém a posse pela direita, Martial busca o desmarque posicional para dar opção de passe no mesoespaço direito do ataque dos Red Devils(sendo perseguido pelo lateral do setor em seu deslocamento), Mata circula na entrelinha, Ashley Young se mantém aberto no lado oposto, Rooney movimenta pra fechar com a linha defensiva adversária e Schweinsteiger prepara-se para aparecer no mesoespaço esquerdo de seu ataque, justamente no espaço entre Mahrez(que novamente não centralizou, mantendo-se atento ao flanco oposto ao da jogada) e os volantes. 


Nos flagrantes acima, percebe-se dois aspectos fundamentais ofensivamente que foram apresentados pelo United diante do Leicester: Amplitude e profundidade! A amplitude era gerada pela presença simultânea de Darmian e Ashley Young em campo ofensivo, bem abertos pelos seus respectivos extremos, sempre apoiando. Já a profundidade se dava pela densa ocupação do entrelinhas adversário e com a correta realização do balanceamento ofensivo entre os dois atacantes, sempre com um deles(geralmente Rooney) fechando entre os zagueiros adversários e "prendendo" a linha defensiva, principalmente nas ocasiões em que o outro recuava pra buscar jogo na entrelinha ou abria pra atrair o lateral. Na primeira imagem, Martial movimenta na entrelinha mais à esquerda, Rooney centraliza no comando do ataque, Mata ataca o mesoespaço direito e Darmian se mantém aberto no lado oposto. Na segunda imagem, novamente o Manchester United tendo "campo aberto" com os dois laterais/alas chegando simultaneamente, Martial flutuando entrelinhas para dar opção de passe ao homem da bola, enquanto que Mata afunda no entrelinhas e se junta à Rooney, sendo opção para verticalização do passe. Novamente, observa-se o posicionamento defensivo de Mahrez, mantendo-se bem mais próximo de Ashley Young do que dos volantes de sua equipe. 


Na primeira imagem, Carrick aparece armando o jogo, Mata recua para dar auxílio à construção e ser linha de passe próxima ao homem da bola, Martial e Rooney movimentam entrelinhas e Schweinsteiger ataca o espaço vazio entre Mahrez(que demorou a fechar por dentro nessa ocasião) e os volantes, projetando-se à frente. Na segunda imagem, Blind progride com bola pelo lado esquerdo do campo ofensivo, Rooney projeta-se como opção no lado da bola, Martial movimenta pra fechar ao centro, enquanto Mata e Schweinsteiger procuram ataque espacial entrelinhas para dar opção ao portador da bola. No terceiro flagrante, Ashley Young conduz pelo lado esquerdo, Depay(que entrou na vaga de Rooney), se projeta às costas do lateral pra receber no fundo, enquanto Mata movimenta sem bola e entra na área pra ser opção junto ao Martial. No quarto flagrante, Mata participa da jogada pelo lado da bola, Ashley Young vai no fundo e Schweinsteiger chega de trás pra ser opção na grande área junto aos dois homens mais avançados. Na última imagem, United ataca novamente pela esquerda e Mata novamente infiltra na área pra ser opção. Fica notória a ausência de movimentações de ruptura na primeira imagem, onde ambos(Rooney e Martial) se projetam pra receber e tabelar no entrelinhas, mas nenhum deles se projeta pra romper a linha defensiva. E isso levando em conta que o posicionamento de Rooney seria propício para tal, podendo entrar em diagonal curta no espaço entre os dois zagueiros para possivelmente receber o passe ruptor. Na última imagem, também nota-se isso. Martial faz a movimentação em diagonal curta para desbordar do espaço às costas do lateral do setor, chamando a atenção do zagueiro daquele lado, de modo abrir um buraco enorme na linha defensiva do Leicester porque o zagueiro do lado oposto não balanceia pro lado da bola pra cobrir o espaço. Rooney poderia ter aproveitado fazendo uma diagonal pra atacar o espaço vazio, podendo receber na área com ótimas chances de marcar, porém, permaneceu inerte no lance. O United tinha boa posse progressiva pelo centro do campo, porém, com a ausência de rupturas, não era possível encaixar um passe final e chegar à grande área adversária. Mesmo com boa fluidez de jogo e boa exploração(com densidade e inteligência) do entrelinhas adversário, o United só conseguia chegar na área do Leicester atacando pelos lados e procurando o cruzamento para a chegada de 3 jogadores como opções de conclusão. 


Em escanteios defensivos, o Leicester marcava individualmente no "bolo da área", com um jogador marcando à zona na primeira trave e um outro jogador protegendo a trave oposta da meta defendida pelo goleiro Schmeichel. O United também marcava os escanteios adversários dessa maneira. No lance do gol do United, que se originou de uma cobrança de escanteio, todos os homens presentes no "bolo da área" buscaram deslocamento em diagonal curta para a primeira trave, enquanto que Schweinsteiger superou seu marcador e atacou o espaço vazio no centro da área para cabecear e marcar. 


*Por João Elias Cruz(@Joaoeliascruzzz)




4 comentários:

Anônimo disse...

O blog é bom, mas os textos são muito extensos e grandes, e nos tempos de hj, uma pessoa normal não pararia para ler inteiro. É preciso filtrar as principais informações e os desenhos táticos, para ter mais objetividade.

Anônimo disse...

Ainda bem que ainda existam pessoas anormais... belíssima análise

Anônimo disse...

Desculpe, mas foi minha opinião. A análise é boa e eu não a crítico se vc percebeu, mas falo do ponto de vista de audiência, para expandir mais o blog. Só ver outros blogs de análises para entender o que falo sobre o objetividade e ser um texto menos extenso. Numa faculdade de Jornalismo você entenderia o que estou dizendo

Anônimo disse...

boM TEXTO, MAS AO MESMO TEMPO, CANSATIVO E EXTENSO DE MAIS, EU MESMO QUASE PERDI A PACIENCAI, ENTÃO SE VCS DIMINUIREM OS TEXTOS E FOCAREM EM TOPICOS, A COISA PODE MELHORAR UM POUCO, MAS ESTAO NO CAMINHO CERTO