quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Especial Atlético Parananense 2013 - Parte 4: Sistema Ofensivo


Diferentemente do sistema defensivo, o volume do sistema ofensivo pouco mudou em relação ao trabalho de Ricardo Drubscky e de Vagner Mancini. A constante movimentação dos jogadores de frente somada às “bagunças organizadas” foram marcantes e mantidas até o fim do segundo técnico no Atlético no ano de 2013.

Embora o volume ofensivo não tenha mudado tanto em relação ao trabalho dos dois técnicos, as saídas de bola deles foram diferentes. Enquanto que com Ricardo Drubscky, a saída de bola era igualmente pelos dois lados e a bola saia percorria o campo através de passes curtos, com Vagner Mancini, a bola tendia a sair pela direita com Léo e/ou através dos lançamentos/ chutões de Weverton e Manoel.

Estes tipos de saída de bola no trabalho de Mancini foram tão evidentes que Weverton e Manoel foram os líderes disparados no número de lançamento/ chutões do time (Weverton fez 728 no Campeonato Brasileiro e Manoel fez 235 no mesmo campeonato), e, invariavelmente, de que a equipe apresentava um Heatmap como este do jogo contra o São Paulo devido a sua tendência de sair jogando pela direita.


"O campo tem como referência o Atlético atacando da esquerda para a direita."

Ainda sobre a participação ofensiva dos laterais, o time de Mancini, assim como de Drubscky, atacavam com alternância de subida. Ou seja, somente um lateral de cada vez subia ao ataque. Porém na equipe de Ricardo Drubscky, o ataque de um dos laterais era sincronizada com a subida ou não dos volantes. Já que início do ano de 2013, somente um entre os dois laterais e os dois volantes subiam ao ataque. Já no trabalho do segundo semestre, esta dependência de subida de um dos laterais não era vinculada com os volantes.

No trabalho de Vagner Mancini, o losango formado pelos jogadores de meio-de-campo, em situação ofensiva, era transformado em quadrado. Já que enquanto um dos vértices do lado subia ao ataque, o outro guardava posição e se alinhava ao 1° volante que vinha de trás.


"Neste flagrante, nota-se Bruno Silva na função de primeiro volante, Deivid e João Paulo como nos vértices dos lados e Éverton como o meia central. Como explicado anteriormente, em situação defensiva e com o time sendo atacado pela faixa central do campo, o meio-de-campo atleticano se defendia em um losango."

"Neste flagrante, nota-se também Bruno Silva na função de primeiro volante, Deivid e João Paulo como nos vértices dos lados e Éverton como o meia central. Porém como o Atlético estava em situação ofensiva, o desenho do meio de campo deixou de ser um losango para ser um quadrado. Deste modo, o time variou do 4-3-1-2 para o 4-2-2-2."

O meia central do meio de campo foi o armador da equipe em 2013, e muitas vezes Paulo Baier jogou nesta função. Este meia, assim como todo meia armador, pendia para um dos lados para construir as jogadas. Porém quando ele estava, por alguma situação, longe do lance da jogada, este meia se infiltrava no meio da área adversária.

"No flagrante, percebe-se Elias, que nesta partida foi o meia central, se infiltrando na área adversária enquanto a jogada se desenvolvia à sua direita."

"No flagrante, observa-se Paulo Baier, circulado de amarelo, já infiltrado dentro da área adversária enquanto que a jogada estava começando a ser desenvolvida pela direita."

Já os dois atacantes do 4-3-1-2 de Vagner Mancini se movimentavam frequentemente enquanto o time estava com a bola. Apesar de tanta movimentação, eles mantinham um padrão de movimento. Pois enquanto um deles abria para realizar triangulações e dar opção de passe para o lateral atleticano que subiu, o outro atacante entrava na diagonal em direção da segunda trave na área adversária. Esta entrada do atacante era na segunda trave, já que na primeira era para o meia central entrar vindo de trás.


"Neste flagrante, Marcelo abriu pela direita enquanto que Paulo Baier foi em direção à primeira trave e Éderson para a segunda."

"Neste flagrante, Éderson abriu pela direita para dar opção junto ao Léo, enquanto que, na área, Dellatorre foi na direção da segunda trave, pois Paulo Baier deveria estar entrando na primeira."
Com um dos atacantes entrando na área junto com o meia central, o ataque do Furacão ganhava em profundidade. Já em relação a largura, esta era procurada só por um dos lados, mas era fundamental para que o atacante “da área” tivesse espaço para entrar no vão entre o lateral e o zagueiro adversários que estavam flutuando para o lado que o Atlético estava atacando.

Esta movimentação ofensiva evidencia outra característica muito forte do time de Vagner Mancini: a grande quantidade de cruzamentos. Só no Campeonato Brasileiro, o Atlético fez 789 cruzamentos, enquanto que o segundo neste critério e no mesmo campeonato, que foi o Coritiba, fez 765.

Porém não era só de cruzamentos que os dois atacantes viviam. A constante movimentação ainda gerava grande volume ofensivo, tanto que o time terminou o campeonato nacional como a segunda que mais fez gols, e trocas de posicionamento entre os atacantes e o meia central. Devido à estas mudanças de posicionamento, a recomposição defensiva deles era de acordo onde os jogadores terminavam as ações ofensivas.  Ou seja, invariavelmente, em situações defensivas, o atacante da direita poderia estar na esquerda e o meia aberto pela direita. Estas recomposições de acordo com o fim da jogada ofensiva que caracteriza a “bagunça organizada” do ataque rubro-negro.



"No flagrante, Éderson, que terminou o lance ofensivo pelo meio, recompôs pela faixa central, enquanto que Paulo Baier, fez a recomposição do lado direito do ataque e Marcelo pela esquerda."

"Pelo flagrante, percebe-se Dellatorre “fora” de posição e fazendo a recomposição pela esquerda e Éverton também “fora” de posição, mas este pela direita."

"Já neste flagrante, Paulo Baier, que era o meia central, está fazendo a recomposição pela direita; Éverton, que era o terceiro homem de meio de campo pela esquerda, está recompondo o meio; e Marcelo, que era o atacante pela direita, está recuando pela esquerda."

A liberdade defensiva do meia central, a não obrigatoriedade dos atacantes de terem que marcar o lateral adversário até o fim do campo defensivo, a espera do atacante no meio de campo para aproveitar as costas do lateral adversário que subiu, a alta velocidade dos jogadores de frente e as constantes trocas de posição enquanto o ataque se desenvolvia faziam com que os contra-ataques do Furacão fossem fulminantes. Estes contragolpes faziam com que o ataque atleticano enfrentasse defesas que tinham pouco tempo para se reorganizar e, muitas vezes, em superioridade numérica na última linha defensiva adversária.


"No flagrante deste contra-ataque rubro-negro, Marcelo, Paulo Baier e Éderson, enfrentam três defensores na última linha que era formada por quatro jogadores."

"No flagrante deste contra-ataque, Marcelo aproveita o espaço que o zagueiro Henrique deixou ao dar combate à frente da linha defensiva palmeirense. O zagueiro do time paulista foi dar combate à frente, pois o sistema defensivo do seu time estava desorganizado e sem alguém para dar combate em Dellatorre."