segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Análise tática: Santa Cruz 4 x 2 Central

POSICIONAMENTO 1(41)


Na estreia do Santa Cruz pelo hexagonal final do Campeonato Pernambucano, os técnicos Vica e Humberto Santos travaram um duelo estratégico interessante no Arruda. Após um primeiro tempo disputado, o modelo de jogo coral teve melhor desenvolvimento na segunda etapa com alguns ajustes. E isso resultou numa merecida vitória por 4 a 2 diante do Central.
O treinador Humberto Santos colocou a Patativa num 3-4-2-1, que geralmente marcava em bloco médio, com as linhas postadas dentro da própria intermediária, proximidade entre as mesmas(compactação) e busca pelo encurtamento de espaços no meio-campo. Jonathan Goiano saía para o primeiro combate ao centro, um dos meias marcava o lado da jogada e o do lado oposto fechava pelo meio, e os alas subiam para dar o combate à saída do Santa Cruz com seus laterais nas proximidades da linha que divide o gramado. A marcação caruaruense apresentava encaixes individuais por setor, de modo que os defensores perseguiam os homens de meio/ataque adversários quando os mesmos se deslocavam para dar opção de passe aos volantes com posicionamento geralmente frontal em relação aos mesmos para a tentativa de recepção da pelota. O atacante Léo Gamalho, que sempre tentava encontrar brechas pra fazer o pivô e recuava até a intermediária para dar suporte e ajudar a manter a posse de bola, era quase sempre acompanhado por um zagueiro adversário, que nesse caso, subia até a linha de meio, perseguindo o centroavante tricolor.
O Central tinha a proposta de se fechar, compactando as linhas, reduzindo espaços e tentando sair no contra-golpe com Tallys, Danilo Pires ou a chegada de trás de um dos volantes como foi no segundo gol da Patativa, quando Fernando Pires acelerou a transição, invadiu a intermediária adversária com a defesa coral exposta, conduziu a pelota até a entrada da área e finalizou no canto esquerdo do goleiro Tiago Cardoso. O time caruaruense apresentava dificuldades em organizar a transição fazendo a bola rodar pelo ataque. Por isso, apostava principalmente nas enfiadas de bola/lançamentos, com a projeção de seus homens de meio/ataque para tentar a recepção e/ou proteção da pelota mais à frente, e também nas jogadas pelos flancos, com as ultrapassagens dos alas Adriano e Jean Batista, além da aproximação dos meias para tabelas mais curtas nas beiradas.
O Santa Cruz tinha o costume de marcar com duas linhas de 4, através da volta de Renatinho e Raul para auxiliar no combate. Com a bola, ambos flutuavam na meia-cancha e tentavam trabalhar mais diretamente na criação, com aproximações entre si e troca de posição. Cassiano podia encostar em Léo Gamalho por dentro ou abrir em uma das pontas(geralmente pela direita) para tentar criar. O centroavante Léo Gamalho, como já foi destacado nesse post, se deslocava bastante do comando de ataque, caindo na intermediária ofensiva para dar opção de passe aos volantes/meias e proteger a posse de bola, geralmente de costas para o marcador que o acompanhava. Mas além de mobilidade, Léo Gamalho também mostrou presença de área, poder de infiltração entre os zagueiros e qualidade no cabeceio frontal ao gol, marcando dois gols de cabeça.
Para a segunda etapa, o técnico Vica colocou Pingo no lugar de Léo Gamalho, que sentiu dores e teve que sair. O Tricolor do Arruda foi “reorganizado”(principalmente na questão de dinâmica e execução do plano de jogo) num 4-2-3-1 ofensivo, explorando com mais constância a passagem dos laterais, força pela direita na dobradinha entre Pingo e Oziel, saída de bola mais qualificada com Sandro Manoel recuando até o campo defensivo para organizar o primeiro passe e auxiliar nas fases iniciais de construção de jogadas, objetividade, boa circulação da pelota pelo ataque e proximidade entre o portador da bola e suas linhas de passe. Pingo era o extremo de maior liberdade de chegada em diagonal e entrada na área, como no quarto gol coral, enquanto que Cassiano passou a jogar mais enfiado, mostrando presença de área, bom posicionamento e também boa movimentação. Essa flexibilidade tática de Cassiano, que pode atuar pelas pontas, como segundo-atacante e/ou como centroavante, já havia sido elogiada antes pelo técnico Vica.
A presença de jogadores de qualidade técnica, dinamismo, noção tática, versatilidade, definição de padrão tático, boa execução do modelo de jogo, grupo fechado e humilde, entrosamento, manutenção da base das campanhas de anos anteriores, além de um treinador com muito potencial são algumas características marcantes do Santa Cruz, que chega forte nas fases finais da Copa do Nordeste e na luta pelo tetra-campeonato pernambucano.