sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Foi mais raça do que tática


A classificação do Atlético-PR para a fase de grupos da Libertadores veio de forma dramática. Esta classificação só foi obtida após o time inteiro do Furacão ter jogado na raça e na vontade. Aliás, foi mais raça e vontade do que tática. Para tal passagem, o Atlético-PR começou a partida no 4-3-3. Já seu adversário, o Sporting Cristal no 3-1-4-2:



Sem a bola, o Atlético buscou a compactação em campo ofensivo, realizou troca rápida de ação de jogo, realizou marcação dupla e, em alguns momentos, até tripla. Nada mais justo, pois o time precisava virar o placar adverso de 2 a 1 ao seu favor. Já com a bola, o Furacão tinha com Zezinho a mudança de esquema tático. Este jogador, muitas vezes, atacou aberto pela esquerda, pois Marcelo centralizava no ataque. Com esta movimentação ofensiva, o time paranaense se transformava em 4-4-2, já que Douglas Coutinho, frequentemente, atacou aberto pela direita.

Já pelo lado peruano da partida, sem a bola, o Sporting Cristal buscou a compactação de cerca de um terço (sendo esta iniciada próxima da linha do meio de campo), dois de seus defensores marcaram individualmente Marcelo e Éderson, os jogadores de meio marcavam por zona e o seu 1° volante, o jogador Cazulo, jogou na cobertura em todos os setores do campo. Mas em todos mesmo! Vejam pelos flagrantes a seguir, o posicionamento deste jogador peruano sem a bola:


"Neste flagrante, o volante Cazulo recua até a linha de seus defensores para dar superioridade numérica na última linha do Sporting Cristal."
"Já neste, Cazulo abre para a direita do seu campo defensivo para dar cobertura ao jogador peruano que está no gramado e que foi desmarcado por Deivid."
"Agora neste último flagrante, o volante Cazulo se posiciona na linha dos zagueiros, pois já havia sido expulso um dos defensores dos Cerveceros."

Agora com a bola, o Sporting Cristal buscava a ligação ao ataque através de lançamentos para os seus dois atacantes; estes ora corriam com a bola, ora seguravam para que os alas peruanos conseguissem chegar ao ataque. Mas só. Los Cerveceros pouco ficaram com a bola, e, do pouco que ficaram, realizavam ataques rápidos e ligação direta da defesa ao ataque.

Esta tônica do jogo se manteve até mesmo depois da confusão entre Zezinho e Balbín, ambos expulsos após o incidente. Após a expulsão de um de seus jogadores, o técnico do Sporting Cristal, Daniel Ahmed, colocou o volante Aquino no lugar do atacante Leguizámon. Deste modo, o time não deixou de se defender no 3-1-4, mas perdeu um de seus atacantes. Agora sem um de seus atacantes e com Cazulo formando o tripé defensivo, o time peruano pouco atacava a meta do Atlético-PR.

Ao perceber que o Sporting Cristal diminuiu ainda mais o seu poder ofensivo, Miguel Ángel Portugal, técnico do Furacão, no intervalo, colocou o meia Fran Mérida no lugar de Douglas Coutinho. Já que este jogador estava realizando a função de meia central após a expulsão de Zezinho.

"Sem Zezinho, o Atlético se posicionou no 4-2-1-2 tendo Douglas Coutinho até o fim do primeiro tempo e Fran Mérida como meia central."
Com o Sporting Cristal ainda mais acuado, o Furacão, desde o início do segundo tempo, partiu para o abafa. Os dois laterais subiam simultaneamente, a pressão desde a saída de bola era constante, a dobra de marcação ficou frequente e, ofensivamente, o time foi regido pelo espanhol Fran Mérida. Com tanta pressão, o Atlético abriu o placar aos 15 do segundo tempo, mas o time peruano empatou, aos 17.

Como o empate favorecia os Cerveceros, Daniel Ahmed, após sofrer outra expulsão em sua equipe, colocou o meia Nuñez e o lateral direito Advíncula nos lugares do atacante Ávila e de Yotún. Deste modo, o time peruano passou a jogar no 3-4-1 e com todos os jogadores atrás da linha da bola. Com isso, Miguel Portugal adiantou ainda mais o seu time. O técnico rubro-negro colocou o meia Nathan e o atacante Mosquito nos lugares do lateral Sueliton e do volante Paulinho Dias. Através destas alterações, o Atlético passou a jogar no 4-2-3.


"A situação do jogo após o empate do Sporting Cristal. O time peruano se defendia no 3-4-1, com todos os jogadores atrás da linha da bola, e a equipe brasileira atacava no 4-2-3, com Fran Mérida alinhado ao Deivid."

Com um meia na lateral direita e com meia realizando a função de volante, o Furacão partiu para o abafa e atacava de qualquer maneira. A partir destas substituições, o que se viu foi o Atlético se esquecendo da tática e atacando na base da tática e da raça, e o Sporting Cristal se defendendo da maneira que dava. Tanto que o pênalti cometido foi através de uma defesa com as mãos do zagueiro/lateral Ortiz. Foi pura emoção na Vila Capanema.