segunda-feira, 10 de março de 2014

A goleada do Náutico em Caruaru

 

Pelo Pernambucano, o Náutico conseguiu se reabilitar da derrota por 2 a 0 para o Salgueiro na Arena Pernambuco, vencendo o Porto por 4 a 1 com hat-trick de Pedro Carmona, no Lacerdão, em Caruaru. O Timbu sofreu com alguns problemas de seu sistema defensivo, mas na segunda etapa, a maior intensidade de sua marcação, aliada à movimentação qualidade técnica de seu ataque, foram fundamentais para o triunfo.

O técnico Elenilson Santos posicionou o Porto num 4-3-1-2/4-3-2-1, explorando principalmente as ultrapassagens de seus laterais, com Jackson procurando o fundo pra cruzar e Felipe Almeida também buscando algumas incursões para a área, nos espaços entre o miolo de zaga e a lateral-esquerda alvi-rubra, como foi no primeiro gol caruaruense, marcado pelo meia Thaciano.

Quando o Porto atacava pelas laterais, com jogadas de linha de fundo ou chegadas nas pontas para cruzamento para a área, geralmente dois ou três jogadores se apresentavam na grande área. O alto centroavante Kiros, de boa impulsão e letargia no cabeceio frontal em relação ao gol, era a principal referência na bola pelo alto. Thaciano e/ou Jeffinho também aparecia(m) na área. Em jogadas pelo flanco esquerdo, o lateral-direito Felipe Almeida podia afunilar um pouco mais, entrando na área para um possível rebote ou sobra de bola nas proximidades do lado direito. Por duas vezes, Kiros tentou subir com o lateral alvi-rubro do lado oposto ao da jogada, já que o mesmo tinha baixa estatura e nesses casos, centralizava no miolo de zaga, fazendo a cobertura por dentro, como geralmente ocorre nos sistemas com linha de 4 na defesa, já que o lateral do lado da jogada saiu pra dar combate no setor. Nessas duas situações, levou perigo à meta do goleiro Alessandro.

Pelo meio, Thaciano tinha boa movimentação pela intermediária de ataque, buscando aproximações, chegadas à frente e criação de jogadas mais agudas nas proximidades da entrada da área. Jeffinho transitava entre as linhas de meio e ataque, se alinhando com Kiros, mas também recuando para a faixa de meio-campo e podendo circular próximo aos lados do campo.

Sem a bola, o Porto tinha o costume de marcar com 7 jogadores lutando mais diretamente/ativamente pela recuperação da posse de bola, três jogadores(Thaciano, Jeffinho e Kiros) já apresentando preocupações ofensivas e de tentar ligar o contra-ataque, além de um tripé postado à frente da linha defensiva, combatendo a zona central do gramado, mas também com um de seus "carrilleros" podendo abrir para dar um auxílio ao lateral do lado da jogada, cercando ou dando combate nas proximidades do setor. Quanto à altura das linhas, o Gavião normalmente marcava em bloco médio/baixo, posicionando suas linhas dentro de sua própria intermediária defensiva.

O Náutico utilizou seu costumeiro 4-2-3-1, apostando principalmente nas jogadas pelo lado esquerdo do ataque com Pedro Carmona, este que também tinha uma certa liberdade pra se deslocar para o centro da intermediária, buscar jogadas na diagonal e tentar a entrada na área para a conclusão. No primeiro tempo, o Timbu apresentava algumas dificuldades para a penetração, exceto nas jogadas com o rápido e habilidoso Carmona.

Sem o domínio da bola, o Náutico, por vezes, tentava apertar a saída de bola do Porto, podendo exercer uma certa pressão com os seus três meias alinhados, um dos wingers combatendo a saída do lateral detentor da posse da pelota originária de uma abertura de bola, enquanto que o do lado contrário fechava pelo meio junto com o meia-central; Ou com Marcos Vinicius alinhado com Marcelinho e buscando a pressão/combate mais à frente com o mesmo.

Na fase de defesa organizada alvi-rubra, duas linhas de quatro eram formadas, com Yuri e Pedro Carmona recuando pelos seus respectivos flancos e alinhando-se com os volantes Elicarlos e Dê, com estes mais centralizados. O Náutico também fazia a flutuação de suas linhas para o lado da jogada, com o winger do setor da bola dando o combate, os volantes podendo se projetar para impedir a progressão adversária numa possível tentativa de diagonal para o meio, enquanto que o winger do lado contrário centralizava seu posicionamento no meio-campo.

Na segunda etapa, o trabalho defensivo do Timbu na pressão mais avançada à saída de bola caruaruense foi intensificado, assim como a compactação/aproximação de suas linhas, de modo a dificultar a transição do Gavião entre seus setores visando a chegada ao ataque, e facilitar a retomada de bola por parte do time da capital. Quando teve a bola em seus pés, melhorou a circulação da mesma pelo ataque, tendo mais volume de jogo e posse de bola, assim como a exploração dos espaços do campo, junto com as chegadas de trás e infiltrações na área de Pedro Carmona.

Fato é que o Náutico ganhou mais movimentação entre o meio e o ataque. Mobilidade é algo fundamental para o Timbu, que tem um elenco jovem, com bom vigor físico e velocidade. Essas características tendem a serem mais exploradas pelo Lisca, que é um treinador inteligente o suficiente para saber como utilizar o melhor do potencial de seus atletas.


Por João Elias Cruz (@joaoeliascruzzz)