quinta-feira, 13 de março de 2014

A vitória tática do Sport e de Eduardo Baptista em mais um Clássico das Multidões!

 
O Sport abriu boa vantagem (2 a 0) pra cima do Santa Cruz nas semi-finais da Copa do Nordeste, no jogo de ida realizado na Ilha do Retiro. O Leão soube usar de sua principal característica, a intensidade e eficiência de sua marcação, com rápida recomposição e ótima organização/coordenação entre suas linhas.
O time rubro-negro usou o costumeiro 4-2-3-1 de Eduardo Baptista, que buscava a compactação de suas linhas sem a bola, pressão em cima do portador da pelota, fechamento das linhas de passe e criação de barreiras sob o homem da bola para impedir que o mesmo busque uma movimentação vertical e/ou tente a progressão de bola através do drible, com o marcador sempre mantendo muita proximidade em relação ao jogador a ser marcado. Outra característica essencial era a ocupação de espaços próximos ao setor da bola, geralmente com um jogador indo para o combate direto ao adversário e 2, 3 ou até 4 jogadores tentando encurralá-lo. Os encaixes de marcação eram muito bem feitos, com compensação de espaços através de bom trabalho na cobertura em caso de tentativa de preenchimento de um espaço aberto com o deslocamento, por parte do time adversário.
Também formavam-se duas linhas de 4, geralmente com Ananias e Felipe Azevedo recuando nos seus extremos e Aílton alinhando-se com Neto Baiano. O Leão da Ilha normalmente iniciava o combate em cima dos volantes corais, a partir das proximidades do grande círculo central, tentando quebrar as opções de passe do mesmo e obrigá-lo a utilizar de uma bola mais longa, de modo a tirar a qualidade adversária na circulação da pelota pelo ataque. Os volantes Ewerton Páscoa e Rodrigo Mancha eram fundamentais nesse sistema de marcação, trabalhando incansavelmente nos acompanhamentos individuais, adiantando o combate na intermediária e procurando a interceptação de movimentos. Muitas vezes, quando os jogadores tricolores recebiam a bola no meio, eram obrigados a tocar para algum outro companheiro posicionado numa zona mais recuada do gramado, pois em várias situações, recebiam de costas para o marcador, sem espaços para o giro e sem linhas de passe próximas.
Quando recuperava a posse de bola, o Sport tentava a bola enfiada para a corrida de Felipe Azevedo e Ananias pelos flancos ou buscava segurar a pelota pelo ataque com Neto Baiano se deslocando para os lados e segurando-a até que algum companheiro se aproximasse para tentar uma jogada. Ainda assim, o time leonino tinha algumas dificuldades na transição defesa-ataque pelo chão, usando ainda muito da ligação direta, geralmente com lançamentos de Ferron e/ou Durval para a disputa de Neto Baiano pelo alto com os zagueiros adversários, quando o oponente adiantava suas linhas de meio e/ou ataque para apertar a saída de bola a partir da intermediária defensiva rubro-negra. Pelo meio, buscava cadenciar o jogo com Neto Baiano e/ou Aílton, pelos lados, constante apoio de Patric e Danilo, com o primeiro podendo chegar um pouco mais por dentro e o segundo procurando mais as jogadas de ultrapassagem visando o cruzamento para a grande área. Dos volantes, Ewerton Páscoa chegava mais à frente, aparecendo na linha dos meias para dar opção, principalmente nos contra-ataques.
O Santa Cruz também se posicionou no 4-2-3-1, com Flávio Caça-Rato e Renatinho mais abertos e Carlos Alberto posicionado a partir da faixa central. Renatinho tentava explorar espaços nas costas de Patric pela direita e buscava algumas jogadas individuais na ponta, enquanto que Flávio Caça-Rato procurava uma aproximação na diagonal pro meio e Carlos Alberto se locomovia por diversas áreas, podendo abrir pelos lados ou circular próximo aos volantes para a recepção da pelota. A intensa pressão e encurtamento de espaços por parte do Sport, impediam as progressões verticais corais, que também necessitava de maior movimentação e deslocamentos para tentar abrir espaços diante das ferrenhas e compactas linhas rubro-negras, o que também seria difícil, devido à ótima noção tática e de posicionamento dos jogadores rubro-negros. Pelo meio, Luciano Sorriso chegava pouco à frente, trabalhando mais com um posicionamento parelelo em relação ao primeiro-volante Sandro Manoel, ou seja, praticamente alinhado com o mesmo em boa parte do tempo, sem explorar suas principais características, que são a chegada de trás e a circulação entre as intermediárias. Na esquerda, Nininho buscava investir pelo meio, tentando aproximações/conexões/interações com seus companheiros do centro e jogadas próximas da área, porém, sem muita eficiência na execução. Léo Gamalho saía constantemente de seu posicionamento original, procurando os lados do campo para criar e/ou buscando espaços para trabalhar de costas no pivô.
Inicialmente, a ideia do técnico Vica era exercer pressão no campo de defesa do Sport, sabendo da boa qualidade técnica e de saída de bola dos zagueiros e volantes rubro-negros. E assim foi feito, obrigando o adversário a apostar nos chutões para o campo de ataque, em certas situações. Depois do primeiro gol sofrido até o segundo tempo, o Santa Cruz passou a ter maior volume de jogo e domínio da posse de bola, porém, deixava o sistema defensivo exposto aos contra-golpes do Sport.
No final, o técnico Eduardo Baptista colocou o volante-meia Wendel no lugar de Aílton e o volante Bileu no lugar de Ewerton Páscoa, além da substituição que já havia sido feita no primeiro tempo(entrada do meia-atacante Sandrinho na vaga de Ananias). Já Vica, colocou o meia Raul na vaga do volante Luciano Sorriso, além de Jefferson Maranhão no lugar de Renatinho.
Com a substituição de Vica, Luciano Sorriso passou a ser o volante organizador do primeiro passe, enquanto que Raul se projetava por dentro para alcançar a linha dos meias e tentar auxiliar na circulação de bola e/ou criação de jogadas agudas por ali. No Sport, manteve-se o posicionamento original em fase de defesa organizada, com duas linhas de quatro e Wendel pressionando mais à frente junto com Neto Baiano e cercando o volante do primeiro passe(Luciano Sorriso).
Vitória merecida do Sport e de Eduardo Baptista nessa batalha que colocou o Leão da Ilha muito próximo da final da Copa do Nordeste.