segunda-feira, 24 de março de 2014

Inteligência tricolor foi fundamental para a vitória no Clássico das Emoções.

 
O Clássico das Emoções, de fato, trouxe fortes emoções ao torcedor. Mas além disso, trouxe um bom duelo no aspecto estratégico, com vitória por 5 a 3 do Santa Cruz na Arena Pernambuco. O triunfo tricolor veio da sabedoria para explorar os espaços do campo e os erros de seu adversário, porém, não apaga as limitações do elenco coral, assim como o elenco do Náutico, que também precisa de contratações e de mais opções em alguns setores.
O Náutico marcava no 4-1-4-1, com Elicarlos postado entre as linhas, Dê adiantando o bote, alinhando-se com Yuri por dentro e chegando para pressionar Sandro Manoel, o volante do primeiro passe, nas proximidades da linha que divide o gramado. Por vezes, o Timbu adiantava suas linhas de meio/ataque pra dificultar a saída de bola tricolor, com Hugo sendo a referência para o primeiro combate ao centro, geralmente em cima dos zagueiros Everton Sena e Renan Fonseca, enquanto que os wingers podiam avançar o combate aos laterais, em caso de tentativa de abertura de jogada. Em fase de defesa organizada, o time alvi-rubro abaixava o bloco e tentava dobrar o combate pelos lados, com o winger do setor acompanhando a subida do lateral adversário e o lateral alvi-rubro marcando nas proximidades da linha lateral, normalmente um pouco mais atrás.
O Timbu mostrou mais uma vez, que a sua verdadeira característica é o jogo em reação, através da velocidade na transição defesa-ataque e que tem dificuldades na articulação de jogas no meio, necessitando de maior movimentação para dificultar a marcação(jogadores muito estáticos em seus originais posicionamentos em boa parte do tempo), formar linhas de passe, progredir e penetrar. Apostava mais na bola alçada na área e nas investidas de Marcos Vinicius para cima do lateral-direito Oziel, como foi no lance do primeiro gol. Outros problemas eram a velocidade/tempo em sua transição defensiva/recomposição, de modo que sua defesa ficava exposta aos contra-golpes e lançamentos em suas costas, e muitas vezes, em situação de desvantagem; além da cobertura por dentro do lateral-esquerdo Izaldo quando a jogada era originária do lado direito da defesa alvi-rubra, pois uma dessas situações originou o gol contra de Izaldo e a outra terminou com gol de Léo Gamalho em cruzamento de Flávio Caça-Rato, onde Izaldo falhou na questão de posicionamento e não tentou a interceptação da jogada.
O Santa Cruz se fechava com duas linhas de quatro na defesa, com possibilidade de flutuação para o lado da bola através da centralização do winger oposto. Era comum vermos Raul voltando pelo lado esquerdo, Carlos Alberto pelo direito e Flávio Caça-Rato mais próximo de Léo Gamalho, livre de muitos esforços e acompanhamentos. Quando a bola estava em posse do Náutico em um dos flancos, o winger do setor dava o primeiro combate, um dos volantes podia auxiliar por ali, fechando espaços de uma possível diagonal para o meio e o lateral do lado da bola saía pra marcar, enquanto que o do lado oposto centralizava no miolo de zaga. Marcação coral geralmente funcionava com as linhas postadas dentro de seu próprio campo(bloco médio/baixo) e oito jogadores lutando mais diretamente pela recuperação da bola, enquanto que os outros dois já apresentavam, de certo modo, preocupações ofensivas, nesses casos.
Com a bola, Flávio Caça-Rato caía pelas beiradas do campo, alternando constantemente entre a direita e a esquerda, tentando se aproximar dos laterais e algumas jogadas individuais, enquanto que Carlos Alberto se movimentava pelo ataque e Léo Gamalho tentava encontrar espaços para a aparição na área e/ou finalização. A proposta de jogo tricolor era o contra-ataque, explorando os espaços nas costas do sistema defensivo adversário. E desta forma, jogando em cima dos erros do Náutico e das brechas deixadas por sua defesa, o Santa Cruz construiu inteligentemente o resultado.