sexta-feira, 7 de março de 2014

Vitória alemã não apaga a maestria tática de Jorge Sampaoli




O amistoso entre Alemanha e Chile foi marcado pelo alto nível estratégico da partidas, num duelo envolvendo dois grandes treinadores do futebol mundial: Jorge Sampaoli e Joachim Low. O primeiro citado mostrou mais uma vez sua maestria tática que vem encantando o mundo, unindo conceitos do passado e do presente. A vitória por 1 a 0 dos alemães não tira a ótima qualidade na execução do plano estratégico, por parte da equipe chilena, mesmo desfalcada de alguns jogadores.
O Chile tinha o costume de exercer marcação-pressão na saída de bola da Alemanha, com Vidal podendo se alinhar com Eduardo Vargas e Alexis Sánchez na primeira linha de pressão. O ponteiro do lado da bola saía para o combate no setor, enquanto que os outros dois componentes da 1ª linha de pressão faziam a cobertura na faixa central e tentavam pressionar em caso de recuos de bola para os zagueiros ou para o goleiro Neuer. A linha de meio também chegava a ocupar a intermediária defensiva alemã, com o “carrillero” do lado da bola também podendo se aproximar na marcação para dobrar o combate por ali. A linha de defesa também adiantava seu posicionamento, passando a ocupar uma área mais avançada no campo de defesa chileno.
A marcação chilena se caracterizava pela intensa pressão em cima do portador da bola, busca pela retomada de bola com o máximo de proximidade possível em relação ao gol, fechamento das linhas de passe, encurtamento de espaços, aglomerações próximas ao setor da bola e proximidade do marcador em relação ao homem da bola.
Na fase de defesa organizada, o Chile recolhia suas linhas, passando a marcar em bloco médio/baixo, porém, mantendo a característica de pressão e intensidade, por vezes até obrigando os volantes/meias alemães a recuarem a pelota para os zagueiros para que a equipe pudesse reorganizar o jogo a partir do campo de defesa. Por várias vezes, a seleção chilena marcava com um tripé no meio à frente da linha de 4 do sistema defensivo, com o “carrillero” do lado da bola podendo dar o 1º combate no seu setor, enquanto que o 1º volante e o “carrillero” do lado oposto fechando por dentro, e com o lateral do lado da jogada também saindo pra marcar nas proximidades da linha lateral e o do lado contrário centralizando e fechando no miolo de zaga. Desta forma, 7 jogadores lutavam mais diretamente pela recuperação da posse de bola nas linhas de defesa e meio, enquanto que os outros três(Vidal, Sánchez e Vargas) já apresentavam, de certo modo, uma preocupação ofensiva, porém, também pressionavam em caso de passe do adversário para uma zona mais recuada do campo, como já foi destacado nesse post.
O Chile tinha a característica de articular sua transição defesa-ataque rapidamente assim que retomava a bola, tentando sair com as jogadas em velocidade, principalmente com Alexis Sánchez e Eduardo Vargas pelos lados do campo. Os laterais Isla e Beausejour(improvisado) apoiavam constantemente, com ultrapassagens na direção das pontas, enquanto que pelo meio, Vidal circulava na intermediária de ataque, tentava aproximação mais à frente e aparecia de trás em caso de cruzamentos para a área buscando o cabeceio numa posição frontal em relação ao gol defendido por Manoel Neuer. Como o Chile atuava sem um centroavante fixo na área, Sánchez e Vargas atuavam abertos, porém, podendo “combinar” a questão de movimentação/posicionamento, nesse caso com um deles abrindo no lado da jogada para buscar o fundo e/ou cruzar, enquanto que o outro se posicionava dentro da grande área. O estilo chileno tem bastante verticalidade e constantes aproximações entre os jogadores para a formação de linhas de passe.
O 4-2-3-1 da Alemanha também tentava pressionar o Chile em seu campo de defesa, em certas ocasiões, com os três meias alinhados e Klose postado mais à frente e wingers atentos à abertura de bola. Quando o adversário “invadia” a intermediária alemã, duas linhas de quatro geralmente eram formadas, com os wingers voltando pelos flancos e alinhando-se com os volantes. Quando a bola era recuperada, a Alemanha buscava o contra-golpe rápido, tentando explorar as costas da defesa chilena, acelerar o jogo pelo centro ou abrir jogada com seus wingers pelos extremos.
Com a pelota em seus pés, a Alemanha valorizava mais o toque de bola, com muitas trocas de passe e tentando manter a pelota no chão diante da intensa e louca pressão dos comandados de Jorge Sampaoli, também com possibilidade de centralização e movimentação de seus wingers nas proximidades da grande área.
Fato é que o resultado não mostra o que realmente aconteceu no campo de jogo.

Por João Elias Cruz (@joaoeliascruzzz)