quarta-feira, 9 de abril de 2014

A pressão sufocante do Dortmund quase tirou o Real das semi-finais da Liga dos Campeões

POSICIONAMENTO 1(63)
Na Alemanha, Borussia Dortmund e Real Madrid se enfrentaram pelo jogo da volta das quartas-de-finais da UEFA Champions League. Os donos da casa venceram por 2 a 0, mas a vaga para as semi-finais ficou com a equipe espanhola. A proposta de jogo do Dortmund na partida foi a tônica do futebol moderno, com intensidade na pressão, coordenação e inteligência em seus movimentos em todas as fases do jogo e exploração dos espaços do campo, afinal, como alguns já diriam, futebol nada mais é do que a ocupação inteligente de espaços.
O time aurinegro marcava com duas linhas de quatro bem compactas, setores próximos e pontualidade na subida de pressão. Costumava iniciar a marcação a partir da intermediária defensiva espanhola, com dois homens na primeira linha de pressão, um deles cercando o lado da jogada, o do lado oposto fechando por dentro, os wingers adiantando o combate cima dos laterais em caso de abertura de jogada, volantes combatendo/cerrando as linhas de passe centrais, avançando o bote pelo meio, enquanto que a linha defensiva também subia até a intermediária defensiva. A marcação-pressão alta dos alemães buscava impedir a transição/progressão do adversário entre seus setores, limitá-lo a passes laterais ou à ligação direta para o ataque e a retomada de bola com maior facilidade ou até com uma certa proximidade em relação ao gol. Pressão sob o portador da bola também era uma característica essencial, quase sempre com pelo menos um jogador chegando para o combate e criando uma barreira frontal ao homem da bola. Por vezes, exercia uma blitz altamente voraz, cercando/pressionando o setor/região da bola com dois ou três jogadores em cima.
A fase de defesa organizada dos alemães se caracterizava pelo abaixamento do bloco, marcação por zona, combate dobrado pelos lados do campo, com o winger indo para o primeiro combate em cima do lateral, volantes combatendo na tentativa de incursão na diagonal pro meio ou passe para alguém posicionado mais perto da faixa central do gramado, winger do flanco oposto centralizando, lateral do lado da jogada saindo para marcar as proximidades do setor e o do extremo oposto fechando no miolo de zaga. Independente da altura dos blocos, a compactação alemã era de impressionar, fechando e ocupando bem todos os espaços e desta forma, impedindo a penetração nos corredores entre as linhas.
Com a posse de bola, o modelo de jogo do Borussia Dortmund se caracterizava pela intensa movimentação de seus jogadores, agressividade, verticalidade/objetividade, deslocamentos, aproximações para a criação de linhas de passe, rapidez na transição defesa-ataque e saída de bola qualificada, contando com o recuo de um dos volantes(normalmente Kirch) ao centro para receber a pelota vinda dos zagueiros e organizar o primeiro passe. Marco Reus circulava por todo o ataque, caindo pelo flanco esquerdo, buscando jogadas verticais e chegando entre os zagueiros e volantes madrilhenhos. Mkhitarian, posicionado a partir da direita sem a bola, centralizava bastante com a bola, principalmente quando a jogada ocorria por um dos lados do campo e ele chegava na área como opção para a conclusão. Lewandowski também tinha muita mobilidade, saindo da área com constância, tabelando com os homens de meio e procurando espaços mais atrás para fazer o pivô, dar continuidade às jogadas ou tentar a finalização.
O Real Madrid se posicionava num 4-3-3, com Di María e Bale nas pontas e Benzema mais à frente, porém, formando um 4-1-4-1 quando perdia o domínio da bola, com seus ponteiros voltando pelos lados do campo e alinhando-se com Modric e Illaramendi, com estes mais centralizados. A marcação merengue geralmente tinha posicionamento em bloco médio/baixo, raramente avançando suas linhas para marcar de forma mais avançada, e costumava flutuar para o lado da jogada, de acordo com a movimentação da bola. Sua proposta de jogo era claramente contra-golpista, tentando criar suas oportunidades nos contra-ataques, quando teoricamente a defesa adversária estaria em fase de recomposição e um pouco mais vulnerável.
Com a bola, não conseguia desenvolver seu estilo de jogo vertical e agressivo diante das compactas linhas alemães. Buscava mais a valorização da posse de bola no meio-campo, com Xabi Alonso cuidando do primeiro passe e distribuição da pelota mais recuado na intermediária, Modric e Illarramendi auxiliando na circulação da bola e jogadores tentando deslocamento para formar linhas de passe e manter a pelota em domínio merengue.
O Dortmund de Jürgen Klopp deu uma aula de tática e de futebol contra o Real Madrid de Carlo Ancelotti. Realmente uma pena não ter conseguido a classificação para as semi-finais.

Por João Elias Cruz (@joaoeliascruzzz)