quarta-feira, 9 de abril de 2014

Especial Palmeiras 1999: Os sistemas táticos

Assim como foi mostrado no post anterior, o esquema tático base do time de 1999 foi o 4-3-1-2. Neste ano, o Palmeiras jogou com maior intensidade de marcação com seus volantes e defensores, marcação por zona e algumas vezes de forma mista, com tendência de jogar pelos lados, com os defensores jogando com sobra na última linha, os laterais se alternavam para subir e o time iniciava a marcação na intermediária ofensiva.  

Palmeiras de 99 no 4-3-1-2.
Flagrante da equipe no 4-3-1-2 (Reprodução: Rede Globo).
Porém diferentemente das grandes equipes atuais, o Palmeiras de Felipão de não apresentava a compactação como um dos marcos táticos. E digo mais, este time não foi nada compactado. Uma vez que os dois atacantes junto com o meia central não faziam a composição defensiva e sequer ajudavam o resto do time, este trio, muitas vezes, se descompactava dos “defensores”. Deste modo, o Verdão de 1999 frequentemente formava dois blocos quando jogava no 4-3-1-2: o bloco dos jogadores “de frente” e o bloco “dos defensores”.

No flagrante, Paulo Nunes e Asprilla eram os atacantes e Evair, o meia central. Pela imagem, percebe-se o tamanho do espaço que o jogador adversário com a bola tinha enquanto este estava em campo defensivo. Este trio, assim como qualquer outro jogador que realizasse estas posições, sequer aproximavam dos adversários, e formando assim o bloco dos jogadores “de frente” (Reprodução: Rede Globo).


Neste flagrante, a imagem do losango do meio-de-campo do Palmeiras de 1999 balançando defensivamente para à direita. E mesmo com a bola próxima de Alex, o meia não auxiliava defensivamente o seu time, mas se posicionava para realizar o contra-ataque. Deste modo, mesmo com a bola já em campo defensivo, Alex não abandona o bloco dos jogadores “de frente” e não ajuda defensivamente (Reprodução: Rede Globo).

No flagrante, observa-se o bloco “dos defensores”. Pela imagem, as linhas vermelhas formam a linha defensiva e as laranjas, a linha dos meio-campistas (Reprodução: Rede Globo).

Além desta separação da equipe em dois blocos, outra característica marcante foi a inteligência dos jogadores de meio. Desta vez, incluindo o jovem na época, Alex. O losango alviverde sempre balançava defensivamente de modo organizado e, assim, sempre tendo alguém para auxiliar em campo defensivo os laterais. Vejam abaixo dois flagrantes do meio de campo balançando defensivamente e sempre mantendo o desenho tático da equipe:

Flagrante do meio de campo balançando defensivamente para à direita (Reprodução: Bandeirantes).
Flagrante do meio de campo balançando defensivamente para o lado esquerdo. Reparem que nos dois flagrantes, a estrutura do losango não foi desmontada e, assim, tendo um combate à frente dos laterais Arce e Júnior (Reprodução: Bandeirantes).

A inteligência dos meio-campistas deste Palmeiras era tão grande, que mesmo contra equipe com desenhos táticos que não se encaixavam na marcação de um 4-3-1-2, estes jogadores se adaptavam, e o sistema defensivo não sofria. Nos exemplos dos flagrantes a seguir, vejam as “adaptações” dos jogadores de meio-campo e, dessa maneira, não fazendo com que o sistema defensivo alviverde não sofresse tanto:

Neste jogo contra o Vasco, Galeano, que estava jogando como 1° volante, recuava para marcar o 2° atacante do time adversário. Porém mesmo com somente dois jogadores no meio, César Sampaio e Zinho balançavam para os dois lados e conseguiram neutralizar o time do Rio de Janeiro (Reprodução: Rede Globo).
Já quando o time adversário não jogava com dois atacantes próximos da área de Marcos, o 1° volante – no caso do flagrante era César Sampaio quem realizava a função- subia para dar combate e se alinhava aos jogadores dos lados do losango do meio-de-campo do Verdão (Reprodução: Rede Globo).

Já os laterais realizavam posicionamento semelhantes em qualquer esquema de jogo, mas variavam a alternância de subida de acordo com o esquema escolhido por Luis Felipe Scolari. No caso do 4-3-1-2, eles se alternavam para subir.

Na saída de bola curta, os dois laterais se posicionavam próximos do meio de campo para que estes estivessem mais próximos dos meio-campistas dos lados do losango do time. Desta maneira, facilitando as subidas ao ataque e formando dobras ofensivas pelos lados (Reprodução: Rede Globo). 

Assim como no flagrante anterior, os laterais Zé Maria e Júnior se posicionam avançados enquanto o time realiza a transição defesa-ataque (Reprodução: Rede Globo).

Já neste flagrante, ao perceber que Rogério – este realizando a função de lateral-direito - subiu, Júnior já se posiciona para não avançar ainda mais e ter os dois laterais alviverdes no ataque ao mesmo tempo (Reprodução: Rede Globo).
Todos estes aspectos de jogo, anteriormente descritos, eram normalmente realizados. Porém quando o time estava perdendo, a postura do time mudava completamente. Quando a desvantagem jogava contra, o time do Palmeiras 1999 realizava pressão desde a saída de bola adversária, todos os jogadores apertavam, a intensidade defensiva era realizada por todos os jogadores, a linha defensiva se adiantava para tentar ocupar melhor o espaço em campo e os laterais subiam ao mesmo tempo. Vejam no flagrantes a seguir, imagens de quando a equipe estava perdendo:

No flagrante, como o placar ainda não favorecia à classificação do Verdão, Alex junto com Zinho e César Sampaio adiantam a marcação e já dão combate na intermediária ofensiva (Reprodução: Rede Globo).
Já neste flagrante da final do Mundial, há três jogadores pressionando somente um jogadores do Manchester United (Reprodução: TyCSports).
Agora na final da Mercosul de 1999 e como o Palmeiras precisava reverter o placar o primeiro jogo, Paulo Nunes e Arce realizam marcação pressão desde a saída de bola do Flamengo (Reprodução: Bandeirantes).
Ainda na mesma partida, os laterais Arce e Júnior subiam o mesmo tempo, pois o placar não favorecia ao Palmeiras. Com os dois laterais subindo, o time realizava ataques com amplitude e, como havia as infiltrações de Paulo Nunes e Asprilla, o ataque também tinha profundidade (Reprodução: Bandeirantes).

Por fim, como o Palmeiras de 1999 jogou muitos torneios eliminatórios, a variação da postura em campo da equipe devia estar regulada e ajustada conforme a necessidade do placar. Já que com torneios como a Libertadores e Copa do Brasil, todos os jogadores tinham que saber o que fazer em campo conforme o que o placar precisasse. Deste modo, este Palmeiras estava pronto para jogar qualquer tipo de partida de caráter eliminatório. Os jogadores sabiam o que fazer.

Não leu as outras duas partes do especial? Clique aqui e aqui para ler, respectivamente, a primeira e segunda parte do especial.



Por Caio Gondo (@CaioGondo)