Desde 1997 não tínhamos um
Gre-Nal tão desparelho quanto o da tarde deste domingo, que marcou o título
Colorado com uma goleada do Inter sobre o Grêmio pelo placar de 4 a 1, algo
raro para os padrões do clássico Gaúcho, que costuma ter jogos pegados e
equilibrados. O grande nome da vitória é o de ABEL BRAGA, técnico Colorado, que
achou a sua formação ideal no segundo tempo da primeira final (virada do Inter,
2 a 1 em plena Arena do Grêmio) e não mexeu mais no time. Enderson Moreira já
sabia o que encontraria pela frente e, mesmo assim, não conseguiu fazer a sua
equipe se sobrepor ao adversário.
PRIMEIRO TEMPO: GRÊMIO COM A
BOLA, INTER MAIS EFICIENTE E EFETIVO
Mesmo precisando ir para cima,
Enderson Moreira não abriu mão da sua formação regular, com três volantes de
origem (embora Ramiro e Riveros também ajudem na armação). O 4-1-4-1 se repetiu
com Alan Ruiz aberto pelo lado direito, substituindo Luan, lesionado. O canhoto
se mostrou PERDIDO na função de winger, pois estava acostumado a atuar como
enganche na Argentina e por vezes esse “cacuete” de puxar as jogadas pro meio
deixavam o lado direito de criação sem uma referência. O Grêmio teve a
iniciativa da partida, trocava passes com tranquilidade (59% de posse de bola),
mas faltou EFETIVIDADE nas finalizações. Dos 8 chutes disparados, apenas dois
tiveram como alvo o gol de Dida, e em ambos o veterano praticou defesas fáceis.
Os três volantes Colorados (Aranguiz pela direita, Willians centralizado e Alex
na esquerda) anularam com eficiência o ímpeto do Grêmio.
1º tempo: Inter sempre com um
sobrando no lado direito de ataque e no Grêmio, Barcos isolado
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Apesar de ter apenas 41% de posse
de bola, o Inter mostrava que podia resolver o jogo a qualquer momento, graças ao
seu contra-ataque mortal bem articulado por Abel Braga (os defensores tomavam a
bola e sempre faziam a ligação direta para Rafael Moura, que esperava a
aproximação de Dale e Alan Patrick ou tentava resolver sozinho). O gol, anotado
aos 28 minutos, foi assim: o Grêmio desperdiçou um ataque, Dida fez a ligação
para Moura, que contou com a ajuda do atrapalhado Werley para servir
D´Alessandro, que abriu o placar: oitavo gol do Argentino em 22 clássicos pelo
Inter.
Mesmo finalizando apenas duas
vezes no primeiro tempo, o Colorado, além do gol, criou também a segunda melhor
chance do tempo inicial, com Rafael Moura. Era incrível a facilidade do
Colorado para chegar pelo lado direito, onde o trio Gilberto-Aranguiz-Dale se
infiltrava com facilidade e não dava descanso para a defensiva gremista. O
lateral Wendell, de fraca atuação, por vezes se via sozinho contra dois
adversários. Culpa de Dudu, que não cumpria o seu papel tático com eficiência,
ou seja, não acompanhava as subidas de Gilberto. Além disso, havia um OCEANO de
distância entre a linha de meio Tricolor e o atacante Barcos, que se movimentou
bastante, mas não foi bem assessorado ao longo de toda a partida.
SEGUNDO TEMPO: GRÊMIO SE ABRE,
INTER APROVEITA E GOLEIA
2º tempo: Grêmio povoa o meio, mas segue deixando espaço lado
esquerdo. Inter aproveita e faz 3 gols em 10 min
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Precisando de pelo menos dois
gols, o técnico Enderson Moreira teve que abrir a sua equipe. Edinho, de fraca
atuação no primeiro tempo, foi sacado para a entrada de Maxi Rodriguez. O Grêmio
largou o 4-1-4-1 e passou a atuar no 4-2-3-1,
com uma composição diferente na linha de meias: Alan Ruiz aberto pela
esquerda, Dudu na direita e Maxi Rodriguez centralizado. Se no primeiro tempo
Aranguiz e Gilberto já passeavam pra cima de Wendell no conturbado lado
esquerdo de defesa do Grêmio, a saída do principal volante tornou as coisas
ainda mais difíceis para o sistema defensivo Tricolor. E em mais um
contra-ataque rápido surgiu o segundo gol Colorado, aos 4 minutos: em mais uma
jogada rápida do lado direito Colorado, Aranguiz deixou para Alan Patrick, que
chutou totalmente livre e contou com o desvio de Alex para vencer Grohê. 2 a 0
e gol de Alex, segundo o árbitro Marcio Chagas da Silva.
A partir daí o Grêmio se perdeu
ainda mais. Em 10 minutos, foram 6 finalizações do Inter e mais dois gols. Aos
8, Dudu derrubou D´Alessandro no lado esquerdo de defesa do Grêmio (detalhe:
Dudu era PONTA-DIREITA naquela altura da partida e estava, inexplicavelmente,
TOTALMENTE DESLOCADO na hora do lance). Alan Patrick cobrou e fez 3x0. O quarto
foi de Alex, servido por Dale em mais uma jogada linda de troca de passes do
Inter pelo lado esquerdo do gramado.
Dos 15 minutos pra frente o jogo
perdeu em emoção. Como o Grêmio viria para cima, Abel Braga colocou mais um volante,
Ygor, para fechar o meio Colorado, montando um 4-2-2-2 com Willians e Ygor como
volantes, Aranguiz e Alex fechando dos lados e Dale e Rafael Moura enfiados. O
Inter passou a cadenciar o jogo, enquanto o Grêmio abriu a “caixa de
ferramentas”, passando a cometer muitas faltas. A única boa-nova pelo lado
Tricolor foi Dudu, que passou a infernizar o lateral Fabrício no lado esquerdo
de defesa Colorado. Como Ygor ajudava Willians a fechar o meio e Alex se
preocupava com as subidas de Pará, em muitas oportunidades Dudu ficava no
mano-a-mano com Fabrício e levava vantagem. O gol de honra do Grêmio foi
anotado em uma dessas escapadas, aos 24 minutos: Dudu passou por Fabrício e
Ygor e cruzou, Ernando desviou contra o patrimônio e colocou a bola pra dentro.
Um relampejo de talento que não atenuou a fraquíssima atuação gremista: 4 a 1
Inter.
2º tempo: Inter coloca mais um volante e vai pro 4-2-2-2.
Grêmio se joga pro ataque
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O Inter mostrou com o clássico
que tem que repetir essa formação, com Alex posicionado como 2º homem e
Aranguiz mais solto pelo lado direito, se juntando a Gilberto. Alan Patrick
ganhou definitivamente a vaga de titular no ataque Colorado. Já o Grêmio provou
que, momentaneamente, não tem como abrir mão da formação com três volantes.
Quando Edinho deixou o gramado na tarde de hoje, o time sofreu muito e ficou
exposto, sofrendo três gols em pouco mais de 10 minutos. Enderson Moreira
também terá trabalho para achar o substituto de Luan, já que Alan Ruiz não
desempenhou bem a função.
Por Mateus Kerr (@mateuskerr)