O
treinador Eduardo Húngaro teve desfalques importantes para a partida. O
lateral-direito Edilson, o volante Gabriel e o atacante Ferreyra cumpriram
suspensão automática por acúmulo de cartões amarelos. O argentino Bolatti
ganhou a vaga no meio-campo, enquanto Henrique jogou no ataque. Lucas permaneceu
na lateral. As alterações trouxeram diferenças funcionais em relação ao que o
Botafogo vinha apresentando antes.
Botafogo no 4-2-3-1 e Uníon Española no 4-3-3, com 2 volantes. |
Em
sua proposta, o Botafogo exibia o habitual 4-2-3-1, porém com mais movimentação
e inversão de posições do que de costume. Na dinâmica do jogo, o esquema se tornava
um 4-2-2-2, com Wallyson mais avançado pela esquerda. Bolatti, que substituiu
Gabriel, não se limitou a atuar como segundo-volante, e, foi um meia
box-to-box, participando constantemente das jogadas de ataque. Lodeiro fez a
ala direita, sendo participativo como há tempos não se via, e se movimentando
bastante por dentro. Jorge Wagner desempenhou diversos papéis em campo, caindo
por ambos os lados e em alguns momentos se aproximando da área. Na frente, Henrique
substituiu Ferreyra e proporcionou diversidade ao ataque, ora saindo do meio e
se projetando pela esquerda, ora invertendo posições com Wallyson.
A
equipe chilena se organizou em um 4-3-3 com laterais que pouco se aventuravam a
frente e dois volantes que buscavam guardar suas posições. Os Rojos se
limitavam a contra-ataques pelos lados, especialmente buscando o ponta-direito
Jaime. Pelo meio, Cristian Chávez buscava utilizar-se de sua visão e de seus
passes de qualidade para lançar os pontas, ou tabelar com o centroavante
Canales.
O
Alvinegro dominou o jogo desde o início, sendo amplamente superior nas
estatísticas de posse de bola. Faltou incisividade, porém, para romper o
sistema defensivo do Unión Española, organizadas em duas compactas linhas de
quatro, onde os pontas recuavam para realizar a cobertura dos flancos. Grandes
chances foram criadas somente nos últimos minutos da primeira etapa, com
Wallyson e posteriormente com Lodeiro. O papel de Henrique teve pontos
positivos, porém era visível que a presença de Ferreyra fazia falta, tanto como
referência no centro, quanto nas jogadas aéreas.
A
equipe chilena se aproveitava da lenta recomposição e da pouca compactação do
sistema defensivo alvinegro para encaixar seus contra-ataques, porém foi pouco
efetivo em levar perigo ao gol adversário, praticamente não arrematando em gol
durante todo o primeiro tempo.
O
domínio alvinegro continuou durante o segundo tempo, quando a equipe da casa já
encontrava mais espaços na defesa do Unión Española. Com oportunidades de
Henrique e Jorge Wagner, o gol do Glorioso parecia ser uma questão de tempo. O
treinador Húngaro sacou então Henrique pelo jovem Ronny, que buscou realizar a
mesma função. Com o passar do tempo, a ansiedade tomou conta da equipe
alvinegra, que passou a utilizar em demasia as bolas longas, enquanto a equipe
chilena conseguiu permanecer mais tempo com a bola. O lance-chave aconteceu aos
24 minutos da etapa derradeira, em penalidade duvidosa assinalada pelo árbitro
Daniel Fedorczuk. Canales converteu o tento e a equipe visitante agora tinha a
classificação em mãos. O lance aconteceu pela esquerda, local mais frágil da
defesa alvinegra, e que em todos os jogos da competição foi explorada pelos
adversários.
Permanecendo
na mesma toada, o Botafogo seguiu dominando a partida, porém a substituição de
Marcelo Mattos por Daniel, que passou a fazer a ala direita, fez com que
Bolatti, um dos melhores da partida, passasse a desempenhar o papel de
primeiro-volante, anulando seu papel ofensivo. As alterações na equipe chilena
visaram povoar o meio-campo e fortalecer a linha defensiva. A última
substituição de Húngaro (Júlio César por Renato) visou reconstituir o sistema
com dois volantes, porém mostrou-se equivocada e tardia, pois Jorge Wagner,
articulador da equipe, passou a ocupar a lateral esquerda, e os últimos minutos
foram de desorganização e bolas alçadas à área, sem sucesso. A classificação
bem encaminhada agora se tornou uma dúvida.
Por Felipe De Faria