quinta-feira, 3 de abril de 2014

Domínio que não se traduziu em gols marca derrota do Botafogo na Libertadores

O treinador Eduardo Húngaro teve desfalques importantes para a partida. O lateral-direito Edilson, o volante Gabriel e o atacante Ferreyra cumpriram suspensão automática por acúmulo de cartões amarelos. O argentino Bolatti ganhou a vaga no meio-campo, enquanto Henrique jogou no ataque. Lucas permaneceu na lateral. As alterações trouxeram diferenças funcionais em relação ao que o Botafogo vinha apresentando antes.

Botafogo no 4-2-3-1 e Uníon Española no 4-3-3, com 2 volantes.

Em sua proposta, o Botafogo exibia o habitual 4-2-3-1, porém com mais movimentação e inversão de posições do que de costume. Na dinâmica do jogo, o esquema se tornava um 4-2-2-2, com Wallyson mais avançado pela esquerda. Bolatti, que substituiu Gabriel, não se limitou a atuar como segundo-volante, e, foi um meia box-to-box, participando constantemente das jogadas de ataque. Lodeiro fez a ala direita, sendo participativo como há tempos não se via, e se movimentando bastante por dentro. Jorge Wagner desempenhou diversos papéis em campo, caindo por ambos os lados e em alguns momentos se aproximando da área. Na frente, Henrique substituiu Ferreyra e proporcionou diversidade ao ataque, ora saindo do meio e se projetando pela esquerda, ora invertendo posições com Wallyson.

A equipe chilena se organizou em um 4-3-3 com laterais que pouco se aventuravam a frente e dois volantes que buscavam guardar suas posições. Os Rojos se limitavam a contra-ataques pelos lados, especialmente buscando o ponta-direito Jaime. Pelo meio, Cristian Chávez buscava utilizar-se de sua visão e de seus passes de qualidade para lançar os pontas, ou tabelar com o centroavante Canales.

O Alvinegro dominou o jogo desde o início, sendo amplamente superior nas estatísticas de posse de bola. Faltou incisividade, porém, para romper o sistema defensivo do Unión Española, organizadas em duas compactas linhas de quatro, onde os pontas recuavam para realizar a cobertura dos flancos. Grandes chances foram criadas somente nos últimos minutos da primeira etapa, com Wallyson e posteriormente com Lodeiro. O papel de Henrique teve pontos positivos, porém era visível que a presença de Ferreyra fazia falta, tanto como referência no centro, quanto nas jogadas aéreas.

A equipe chilena se aproveitava da lenta recomposição e da pouca compactação do sistema defensivo alvinegro para encaixar seus contra-ataques, porém foi pouco efetivo em levar perigo ao gol adversário, praticamente não arrematando em gol durante todo o primeiro tempo.

O domínio alvinegro continuou durante o segundo tempo, quando a equipe da casa já encontrava mais espaços na defesa do Unión Española. Com oportunidades de Henrique e Jorge Wagner, o gol do Glorioso parecia ser uma questão de tempo. O treinador Húngaro sacou então Henrique pelo jovem Ronny, que buscou realizar a mesma função. Com o passar do tempo, a ansiedade tomou conta da equipe alvinegra, que passou a utilizar em demasia as bolas longas, enquanto a equipe chilena conseguiu permanecer mais tempo com a bola. O lance-chave aconteceu aos 24 minutos da etapa derradeira, em penalidade duvidosa assinalada pelo árbitro Daniel Fedorczuk. Canales converteu o tento e a equipe visitante agora tinha a classificação em mãos. O lance aconteceu pela esquerda, local mais frágil da defesa alvinegra, e que em todos os jogos da competição foi explorada pelos adversários.

Permanecendo na mesma toada, o Botafogo seguiu dominando a partida, porém a substituição de Marcelo Mattos por Daniel, que passou a fazer a ala direita, fez com que Bolatti, um dos melhores da partida, passasse a desempenhar o papel de primeiro-volante, anulando seu papel ofensivo. As alterações na equipe chilena visaram povoar o meio-campo e fortalecer a linha defensiva. A última substituição de Húngaro (Júlio César por Renato) visou reconstituir o sistema com dois volantes, porém mostrou-se equivocada e tardia, pois Jorge Wagner, articulador da equipe, passou a ocupar a lateral esquerda, e os últimos minutos foram de desorganização e bolas alçadas à área, sem sucesso. A classificação bem encaminhada agora se tornou uma dúvida.

Por Felipe De Faria