quinta-feira, 3 de abril de 2014

Especial Palmeiras 1999: As principais peças do time

Para jogar o histórico ano de 1999, Luiz Felipe Scolari montou o elenco desde 1997. Ou seja, muitos jogadores foram e saíram do Palmeiras até a consagração com o título da Copa Libertadores da América. Para facilitar a compreensão do leitores nos próximos posts, a Prancheta Tática vai mostrar e descrever taticamente os principais jogadores do elenco alviverde no ano de 1999.

Veloso

Goleiro titular até o segundo jogo na fase de grupos contra o Corinthians, na Copa Libertadores da América. Por estar no clube e titular desde 1994, Veloso era a experiência e a segurança no gol do Palmeiras. O goleiro viveu e jogou na conquista do Campeonato Brasileiro de 1994 e no Bicampeonato Paulista de 1994 e 1996; ou seja, Veloso era a experiência que o sistema defensivo alviverde precisava para disputar um torneio continental. Porém não foi bem assim. Marcos, o goleiro do pentacampeonato da Seleção Brasileira, foi o protagonista por grande parte do ano 1999 no Palmeiras.

Marcos

Com a lesão do titular Veloso na véspera do segundo jogo na fase de grupos contra o Corinthians e com a contusão do reserva Sérgio, Marcos foi assumir a meta do Palmeiras na “fogueira”. Porém como ele respondeu de forma muito boa, o novo goleiro passou a ser o titular desde então. Após esta partida, Marcos jogou diversos jogos muito bem, como as duas mãos da quartas de final contra o arquirrival alvinegro pela Libertadores. Depois dessas incríveis atuações, Marcos passou a ser conhecido como São Marcos, devido aos seus milagres.

Francisco Javier Arce

O lateral direito paraguaio era uma das peças chaves do elenco palmeirense para o tipo de jogo que Felipão utilizou no Palmeiras. Arce era o dono de todas as bolas paradas. Enquanto estivesse em campo, o paraguaio cobrava falta, escanteio e pênalti. E em todos eles, este jogador batia com incrível precisão. Além dessas bolas paradas, este lateral direito realizava incríveis cruzamentos. Ou seja, para um time que utilizava dos cruzamentos como o Palmeiras de 1999, Arce era fundamental. Porém, ao mesmo tempo em que era fundamental nas bolas levantadas, o paraguaio não era tão incrível na composição e marcação. Tanto que, invariavelmente, Arce tinha o seu lugar ocupado por Rogério –um volante que sabia cruzar bem.

Júnior Baiano e Agnaldo


Flagrante do posicionamento de "sobra" de Júnior Baiano contra o Vasco.
Jogo válido pela 2ª mão das oitavas de final da Copa Libertadores
da América (Reprodução: Rede Globo).

Estes dois jogadores apresentavam características semelhantes. O primeiro era titular sempre que possível, já o segundo era o seu reserva de imediato. Júnior Baiano e Agnaldo foram os zagueiros que realizavam a saída de bola curta, mas que quando eram apertados, não tinham vergonha de dar chutão para frente (típico dos zagueiros comandados por Luiz Felipe Scolari). Além de serem o zagueiro responsável por sair jogando, estes zagueiros realizavam a cobertura da linha defensiva. Ou seja, frequentemente, era um desses jogadores que ficavam na sobra. Deste modo, a linha defensiva quase nunca realizava linha de impedimento. 

Flagrante do posicionamento de Agnaldo
contra o River Plate.
Partida Válida pela 2ª mão da
semifinal da Libertadores daquele ano.(Reprodução: Rede Globo)
Roque Júnior e Cléber

Diferentemente dos dois zagueiros anteriormente descritos, Roque Júnior e Cléber foram os zagueiros do combate à frente do outro zagueiro e de não participar das saídas curtas do time. Tanto que eles se omitiam quando a bola estava para ir para eles, e quando ela ia para eles, Roque e Cléber realizavam poucos toques e já passava a bola para outro companheiro. Por ter pouco experiência na época, Roque Júnior havia iniciado a campanha do título da Libertadores como 1° volante e titular, mas perdeu a vaga no meio com o decorrer do ano. Porém recuperou a vaga no time titular como zagueiro -vaga esta que Cléber estava ocupando - tanto que foi o zagueiro titular ao lado de Júnior Baiano na final do Mundial contra o Manchester United.

Saída de bola curta de Sampaio. A bola, foi para Sampaio e depois para Júnior,
neste lance, assim como diversos naquele ano, Roque Junior nem participou da
transição defesa-ataque (Reprodução: Rede Globo).
No flagrante, Cléber parte para dar o combate no atacante
adversário, enquanto que Júnior Baiano se posiciona
para a cobertura da linha defensiva
(Reprodução: Rede Globo).
Júnior

Este lateral esquerdo jogou muito no ano de 1999. Júnior tinha velocidade para atacar e defender, fazia a composição defensiva bem, cruzava bem, entrava na diagonal e pelo lado, driblava, ou seja, ele foi muito bem! Este lateral pode não ser considerado o melhor lateral esquerdo de todos os tempos do Palmeiras, pois Roberto Carlos já passou no clube, mas que pelo ano de 1999, Júnior está entre os melhores da história na posição do Verdão.

César Sampaio

O capitão da equipe e a inteligência em campo. Por ter acabado de participar do vice-campeonato mundial pelo Brasil na Copa do Mundo de 1998 e por fazer parte do histórico elenco alviverde de 93/94, César Sampaio jogou o ano de 1999 de forma incrível. Este jogador iniciou a campanha do título da Libertadores como segundo volante, porém conforme a necessidade, este volante se tornava o primeiro volante do losango alviverde. Por jogar incrivelmente bem nas duas posições, César Sampaio pouco saía da equipe titular.
Como primeiro volante, César Sampaio participava da saída de três do Palmeiras e, também conforme a composição do ataque adversário, ele recuava entre os zagueiros em situações defensivas.

Já como segundo volante, Sampaio fazia o lado direito do losango alviverde. Porém como não realizava a dobra ofensiva com Arce, o volante, normalmente, era posicionado como o 1° volante. Entretanto, nas duas funções, o capitão palmeirense de 1999 realizava com grandeza as suas habilidades técnicas e táticas.

Flagrante de César Sampaio posicionado na direita do losango
alviverde contra o Manchester United. Jogo válido pelo
Campeonato Mundial de 99 (Reprodução: TyCSports).
Galeano

Este volante era reserva, mas sempre esteve apto para jogar. Tanto que ele jogou como 1° volante, de 2° volante e, até, de zagueiro, ao longo de 1999. Galeano não apresentava tanta habilidade com os pés, mas tinha boa noção de posicionamento. Deste modo justificando as suas entradas no time nas diversas posições.




Flagrante do Galeano como 1º volante contra o River Plate.
Partida válida pela 2ª mão da semifinal da Copa Libertadores
de 99 (Reprodução: Rede Globo).




Rogério


Este jogador, que tinha 22 anos em 1999 e que já estava no Palmeiras desde 1996, foi se tornando cada vez mais importante com o decorrer de 1999. Apesar de ser reserva no início do ano, Rogério era o segundo volante pela direita que realizava a dobra ofensiva na lateral com Arce. Por ambos terem boa precisão nos cruzamentos, o lado direito do Palmeiras era muito bom para cruzar quando ambos jogavam juntos. Por este motivo que Rogério foi se tornando titular ao longo de 1999.

Flagrante do posicionamento de Galeano como zagueiro
contra o Corinthians. Jogo válido pelo Campeonato
Brasileiro de 99 (Reprodução: Rede Globo)


Zinho





Tetracampeão mundial pela Seleção Brasileira em 1994 e, até 1999, Tricampeão Brasileiro, Zinho era a experiência e inteligência no meio de campo do Palmeiras. Com este jogador, o Verdão tinha a composição defensiva pela esquerda no losango do meio de campo, movimentação ofensiva inteligente e, por fim, o percepção de quando acelerar ou diminuir o ritmo do jogo no meio de campo. Zinho era tão fundamental que não saía nem quando o time atacava com três atacantes.
Em situação ofensiva, Rogério fazia a dobra ofensiva lateral
com o lateral direito que estava jogando. Desta maneira, este
jogador facilitava as ultrapassagens do lateral, ou ele mesmo
realizava os cruzamentos (Reprodução: Rede Globo).



Flagrante de Rogério em situação defensiva na direita do
losango alviverde (Reprodução: Rede Globo)
Alex


A jovem promessa da equipe titular. Por ser tão jovem em um elenco tão experiente que jogava grandes competições, assim como o próprio Alex já assumiu, ele não conseguiu realizar apresentações em grande nível em partidas seguidas pelo Palmeiras naquele ano. Deste modo assumindo o apelido que a torcida do Verdão o deu na época: jogador vaga-lume. Mas apesar dessa inexperiência, Alex já apresentava a incrível técnica com os pés e inteligência de jogo. Porém devido às funções ordenadas à ele, Alex pouco recuava e dava combate no adversário. Por ser um “vaga-lume” em campo, o camisa 10 alviverde de 1999 invariavelmente era substituído.

Evair


O ídolo da torcida havia voltado para o clube aquele ano. Por estar com 34 anos e sem estar no elenco alviverde desde a chegada de Felipão em 1997, Evair foi reserva do time em 1999. Mas apesar de ser reserva, Evair, frequentemente, entrava com decorrer dos jogos. Por já ter passado no clube nos anos de 93/94 e por ser Tricampeão Brasileiro, este jogador -que já recuava para realizar o seu jogo como atacante- constantemente foi colocado como o meia central do time. Como frequentemente Evair entrou quando o time estava perdendo, ele também fez a composição do trio ofensivo com Paulo Nunes e Oséas.

Flagrante do posicionamento de Zinho como 2º volante
atrás de 3 atacantes (Reprodução: Rede Globo)


Flagrante de umas das entradas na diagonal do lateral
esquerdo, Júnior. Com Júnior entrando na diagonal,
Zinho fazia momentaneamente a lateral esquerda.
Posição que ele já havia feito enquanto esteve no Flamengo
(Reprodução: Rede Globo).
Paulo Nunes


Este jogador estava inspirado naquele ano. Por ser jogador de confiança de Felipão na época (Paulo Nunes e Luiz Felipe estiveram juntos no histórico Grêmio de 1995), Paulo Nunes foi titular desde que chegou no Palmeiras em 1998. Além de ser um jogador de confiança do comandante, o camisa 7 do Verdão jogava aberto pelos dois lados e também como segundo atacante, e nas duas funções, o jogador realizava com intensidade e precisão nas finalizações (tanto nos chutes quanto nas cabeçadas). Paulo Nunes foi importantíssimo para o Palmeiras de 1999.





Flagrante do losango do meio de campo do Palmeiras 
com Alex como o meia central. Por nem sequer 
auxiliar o time em situação defensiva e, também, 
por não conseguir armar tanto o time, Alex
era muitas vezes substituído nos jogos 
(Reprodução: Rede Globo).
Oséas


O jogador alvo da maioria dos cruzamentos do time. Oséas, que havia realizado uma ótima passagem pelo Atlético-PR em 95 e 96, chegou no Palmeiras logo a seguir. Em 1997, este jogador iniciou a dupla com Paulo Nunes que iria alcançar o auge em 1999. Oséas era alto, meio lento, tinha ótima noção de posicionamento na área e ótimo cabeceador, mas não era tão bom assim com a bola no pé. Devido à essa falta de habilidade e lentidão que ele perdeu a sua titularidade para Asprilla, logo após a chegada do colombiano no time paulista. Porém até se tornar reserva, Oséas foi protagonista do ataque alviverde ao lado de Paulo Nunes.

Flagrante de Evair como meia central do losango
alviverde (Reprodução: Rede Globo).


Euller


O filho do vento. Euller era o talismã do elenco alviverde. As entradas dele na equipe ocasionaram diversas mudanças de postura do equipe e, muitas delas, gerando a virada no placar. A entrada mais épica naquele ano foi contra o Flamengo, partida válida pelas quartas-de-final da Copa do Brasil de 1999. Euller frequentemente entrava aberto para realizar a sua costumeira correria em cima de um dos laterais adversários. Ele era tão rápido que poucos adversários conseguiam vencê-lo na velocidade.

Evair entrava para aumentar o número de atacantes
 alviverdes. No flagrante, Evair
passou a compor o lado esquerdo
do trio ofensivo do Verdão (Reprodução: Rede Globo).
Asprilla


O colombiano chegou após a conquista do Palmeiras da Copa Libertadores da América de 1999. Mas apesar de ter chego “tarde”, Asprilla se tornou titular ao longo do segundo semestre. Tanto que foi o atacante titular ao lado de Paulo Nunes na final do Mundial contra o Manchester United. Este jogador era obediente taticamente e cumpria fielmente qualquer funções no ataque (atacante de lado, segundo atacante e como centroavante). Deste modo, com Asprilla e Paulo Nunes, o ataque alviverde se tornou mais imprevisível tanto no quesito tático quanto na velocidade. Como o colombiano fazia a composição defensiva pelo lado, qualquer que fosse o seu companheiro de ataque, este podia não voltar para o campo defensivo.


Flagrante da composição com dois atacantes do Palmeiras de 99. 
No ataque, a dupla Paulo Nunes e Oséas alinhados 
(Reprodução: Rede Globo)

Em seguida, os demais flagrantes táticos da equipe:


Confira o primeiro post do especial, clicando aqui




No flagrante, Paulo Nunes compõe o lado direito 
do ataque composto por 3 atacantes (Reprodução: Rede Globo).


Flagrante do posicionamento aberto de Euller contra o Flamengo. Jogo válido na final da Mercosul de 1999. Asprilla fez o lado direito do trio ofensivo formado por ele, Paulo Nunes e Euller. Nesta partida, o colombiano voltou compondo os 2 lados e, também,  fez a função de centroavante. (Reprodução: Bandeirantes).





















No jogo contra o Internacional no Campeonato Brasileiro de 99, 
Asprilla fez dupla de ataque com Paulo Nunes 
(Reprodução: Rede Globo).

Por fim e para servir como aperitivo para o próximo post, no desenho tático abaixo está o time que mais jogou como titular em 1999 e os reservas. Cada jogador está na posição na qual mais jogou e que realizava com maior eficiência:


O time titular está de verde e no esquema base da equipe, o 4-3-1-2. Já os reservas estão de branco e no 4-3-3.



Por Caio Gondo (@CaioGondo)