domingo, 27 de abril de 2014

Em clima de despedida, falhas defensivas decidem o Clássico do Povo

O Clássico Dos Milhões, por si só, já tem o seu charme. Flamengo e Corinthians são as duas equipes de maior torcida do futebol brasileiro, duas grandes massas que levam torcedores onde quer que forem jogar, porém hoje havia uma ocasião que com certeza para o torcedor corintiano valia mais do que o clássico válido pela segunda rodada do Campeonato Brasileiro. O Pacaembu é um estádio de propriedade municipal, porém assim como o Maracanã se tornou a casa dos flamenguistas, o Pacaembu é a casa corintiana, em que alguns dos seus maiores títulos, fora vários jogos inesquecíveis, ocorreram nesse mítico estádio que agora dará lugar ao Itaquerão, estádio próprio do Sport Club Corinthians Paulista, realizando assim um sonho de grande parte da torcida e do clube.

A equipe paulista, jogando em casa e necessitando conquistar a sua primeira vitória na competição, veio postada em um 4-4-1-1 com uma proposta de jogo inicial de controle da posse da bola para assim tentar pressionar a equipe flamenguista e conseguir seu gol logo no início do jogo. Defensivamente apenas o centroavante Guerrero não voltava para marcar, pois os wingers recuavam até a linha dos volantes para realizar as duas linhas de quatro, realizando a sua já tradicional marcação por zona mais o atacante Romarinho que voltava por vezes para "apertar" os volantes e assim conseguir retomar a bola. Já ofensivamente a equipe corintiana forçava muito pelo lado esquerdo com a dupla Petros e Fábio Santos, com eventual auxilio do meia-atacante Romarinho e do meia que hoje atuou de winger direito Jadson, que fechava para o meio para abrir o corredor para o lateral Fágner, esse pouco acionado por conta da opção corintiana de forçar o jogo pela esquerda.

Já a equipe rubro-negra veio postada no seu já tradicional 4-2-3-1 com uma proposta de jogo que visava mais a roubada de bola no meio de campo para realizar a transição ofensiva e pegar a defesa corintiana desarrumada, transição essa que não era realizada com eficiência por conta da qualidade discutível dos volantes. Defensivamente o 4-2-3-1 se tornava, com o retorno dos wingers até a linha dos volantes, um 4-4-2 com duas linhas de 4 em que se realizava a marcação por zona, porém todos os jogadores inclusive os dois que ficavam mais adiantados ficavam atrás da linha da bola tentando prejudicar a criação das jogadas corintianas. Já ofensivamente a veloz transição flamenguista dependia muito de Léo Moura para que a mesma ocorresse com qualidade, pois, como já mencionado anteriormente os volantes flamenguistas não tinham a qualidade técnica necessária para realizá-la com eficiência.

Equipe corintiana no seu 4-4-1-1 compacto sem a bola com movimentação na frente e apoio dos laterais; Equipe flamenguista em um 4-2-3-1 que dependia muito de Léo Moura na transição ofensiva

O primeiro tempo começou com a equipe paulista pressionando a equipe carioca, que, compacta em seu campo negava espaços à equipe corintiana. Porém essa compactação não foi suficiente para evitar que em um escanteio, talvez uma das únicas maneiras em que poderia sair um gol por conta da eficiente marcação realizada por ambas as equipes, a bola sobrasse para Guilherme que sozinho na pequena área bateu forte sem chances para Felipe. Após o gol a equipe flamenguista, vendo que estava atrás no placar, passou a marcar pressão no campo defensivo da equipe corintiana, controlando mais a posse da bola e partindo para o ataque, especialmente pelo lado direito através da dupla Luiz Antônio e Léo Moura, dando assim espaços para os contra-ataques da equipe paulista. Porém a marcação das duas equipes estavam muito bem encaixadas a ponto de, aos 25 minutos do primeiro tempo terem ocorrido apenas duas finalizações, uma de cada lado. O jogo foi seguindo dessa maneira até que, aos 42 minutos, o lateral direito flamenguista Léo Moura deu uma entrada forte no meio campista corintiano Petros e acabou sendo expulso. Sendo assim até o fim do primeiro tempo a equipe flamenguista atuou em um 4-4-1 com Luiz Antonio de lateral direito, Paulinho aberto como um winger pela direita e o lateral esquerdo que hoje foi meia André Santos deslocado para atuar como um winger pela esquerda.

O segundo tempo se iniciou com uma substituição no Flamengo. Saiu o centroavante Alecsandro que pouco se movimentou e entrou o garoto Nixon para dar um pouco mais de movimentação e velocidade ao ataque, já a equipe corintiana realizou apenas uma alteração de posicionamento, com o meia Jadson vir jogar aberto pela esquerda tentando efetuar lançamentos por aquele setor, e o meia Petros vir atuar aberto pela direita para assim dar maior velocidade ao setor. Como era de se esperar o Corinthians iniciou o segundo tempo em cima da equipe flamenguista, marcando pressão no meio de campo sem deixar que os volantes flamenguistas pudessem levar a bola para o campo de ataque. Porém após um certo tempo a equipe flamenguista começou a conseguir trabalhar melhor a bola e chegar mais o ataque, impedindo que a equipe corintiana pudesse aproveitar a superioridade numérica. 

Aos 14 minutos o técnico Jayme de Almeida realiza sua segunda substituição tirando o meia André Santos, que jogou mal sendo praticamente uma peça nula no meio campo flamenguista, e colocou o garoto Lucas Mugni para tentar dar um pouco de criatividade ao meio campo. Logo após a mexida realizada pelo técnico flamenguista o treinador Mano Menezes também fez alterações, tirando o meia Petros e o centroavante Guerrero e colocando o meia Danilo e o atacante Luciano, tentando fazer com que a equipe corintiana retomasse a posse da bola. 

E foi isso que ocorreu com o Flamengo tentando atacar de novo através da transição e o Corinthians controlando a posse da bola, porém, mesmo com a entrada de Malcom no lugar de Romarinho, o jogo continuou morno sem grandes emoções. Até que aos 34 minutos o lateral esquerdo Fábio Santos, em boa combinação com Luciano, chega à linha de fundo e cruza rasteiro para o zagueiro Gil, que, ganha no corpo de Samir e empurra a bola para as redes. 

Após o gol uma nova mudança no posicionamento corintiano com o meia Danilo, que passou a jogar pelo centro após a entrada de Malcom, foi atuar aberto pela esquerda com o meia Jadson passando a jogar centralizado. Após o segundo gol a equipe corintiana recuou e passou a apostar nos contra-ataques enquanto que a equipe flamenguista pressionava tentando conseguir pelo menos um gol o que não ocorreu.

Panorama tático do final do jogo: Corinthians recuado e apostando nos contra-ataques e Flamengo pressionando porém sem incomodar muito a equipe paulista

O jogo de hoje foi de qualidade técnica regular e foram as falhas de marcação que proporcionaram a vitória a equipe corintiana, porém, pode-se destacar que o futebol apresentado pela equipe corintiana tem muito o que melhorar se a equipe quiser brigar por título. E quanto à equipe flamenguista, que sofreu com os seus seis desfalques, resta torcer para que os jogadores que estão no DM voltem logo pois está mais do que claro que o elenco flamenguista é fraco. E quanto à despedida do Pacaembu, as torcidas corintiana e flamenguista encheram o estádio e fizeram um espetáculo bonito de se ver nas arquibancadas.


Por Andrey Hugo