segunda-feira, 14 de abril de 2014

No sufoco, Náutico avança para a final do Pernambucano.

 
O Náutico garantiu sua vaga para a final do Campeonato Pernambucano ao vencer o Salgueiro por 1 a 0. Foi um duelo difícil, principalmente no aspecto estratégico, devido à forte marcação do Salgueiro no meio-campo, neutralizando as investidas verticais do Timbu. Com gol do meia Vinicius, o time alvi-rubro levou o jogo para os pênaltis, onde venceu por 5 a 3.
O Salgueiro tinha a proposta de jogo baseada no encurtamento de espaços no meio-campo, marcação geralmente em bloco médio, com as linhas dentro de sua própria intermediária, porém, adiantando o combate à saída de bola alvi-rubra em algumas situações, onde Everton dava o primeiro combate ao centro e Kanu fazia o cerco inicial no lado esquerdo à tentativa de saída para o ataque com o lateral-esquerdo Raí.
O time sertanejo marcava com encaixes individuais por setor, de modo que o marcador mais próximo de tal jogador encostava no mesmo e o acompanhava até o fim da jogada, inclusive quando este buscava se deslocar para outro setor para dar opção de passe ou aproximar-se do portador da bola para tentar criar uma linha de passe mais próxima. Os meias também auxiliavam em fase defensiva, combatendo e cercando de perto os volantes alvi-rubros. No lado esquerdo defensivo, Pery muitas vezes batia de frente com João Ananias, inclusive adiantando o combate em cima do mesmo pelos lados da intermediária.
O grande problema do Salgueiro era a transição entre os setores quando tinha a posse de bola, talvez pelas limitações técnicas de seus jogadores, de modo a comprometer a qualidade da circulação de bola, apostando muito na bola longa pro ataque e na fase organizada de seu ataque, não demonstrava a inteligência necessária para prender, segurar ou simplesmente manter a pelota circulando em sua posse, muito menos movimentação visando a penetração. O atacante Everton tentava sair de seu posicionamento para buscar jogo e se movimentar nas pontas, porém, não recebia auxílio, de modo a ter que resolver na individualidade, onde levava desvantagem.
O Náutico se posicionava a partir de um 4-3-3/4-1-4-1, com Dê funcionando como primeiro-volante, Elicarlos saindo mais pro jogo nas proximidades da meia-direita e Yuri na mesma altura dele, só que um pouco mais à esquerda originalmente. Os pontas alvi-rubros tinham liberdade de deslocamento, com Paulo Júnior aparecendo em diagonal na grande área em cruzamentos originários do lado oposto e Zé Mário buscando movimentação/incursão pelo meio da cancha, além de aproximação com os volantes. Por vezes, Zé Mário e Paulo Júnior faziam a inversão de posicionamento para tentar surpreender o sistema defensivo adversário. O lado mais explorado era a direita com constância na passagem do lateral João Ananias.
Sem a posse de bola, o Timbu costumava formar duas linhas de quatro, com o recuo de Zé Mário e Paulo Júnior pelos lados, porém, sem exigir grandes esforços na recomposição. Por vezes, a equipe alvi-rubra tentava exercer pressão na saída de seu oponente, de modo a obrigá-lo a usar da ligação direta(muito mais pela falta de qualidade técnica do Salgueiro do que pela marcação avançada, já que o Náutico não tinha tanta voracidade nem intensidade na pressão).
No segundo tempo, o técnico Lisca fez mudanças na sua equipe, com as entradas de Vinicius e Geovane, nas respectivas vagas de Elicarlos e Paulo Júnior. Zé Mário passou a atuar mais centralizado, se projetando à frente junto com Yuri. Vinicius atuou mais no corredor direito, buscando dar mais movimentação e velocidade no setor, enquanto que Geovane buscou mais o flanco esquerdo do ataque, com jogadas na ponta. O gol do Náutico se originou justamente de uma jogada individual de Vinicius no lado direito da grande área.
O Náutico demonstrou mais uma vez que tem dificuldades na construção de jogadas e “jogar para buscar um resultado”. Por sua característica, por natureza, é um time que funciona melhor “jogando em reação”, ou seja, compactando-se sem a posse de bola, acelerando a transição/contra-golpe nas costas da defesa e explorando o erro de seu adversário. Porém, também impressionou a frieza da equipe, mesmo tão jovem, nas cobranças de pênalti, em um momento tão decisivo. Fruto do ótimo trabalho de Lisca, que vem mostrando ser um treinador com metodologia moderna, interessante, voltada para o trabalho com um elenco mais jovem e visando a formação realmente de um GRUPO humilde e focado nos objetivos.





Por João Elias Cruz (@joaoeliascruzzz)