quinta-feira, 10 de abril de 2014

O empate que garantiu o título do Sport na Copa do Nordeste

 
Com o empate por 1 a 1 diante do Ceará num Castelão lotado, o Sport se sagrou campeão da Copa do Nordeste 2014. Um título merecido, numa campanha marcada intensamente pela disciplina e comprometimento no aspecto tático. A mudança de estilo e forma de jogar da transição Geninho-Eduardo Baptista foi fundamental para a conquista.
O Ceará entrou num 4-3-3 com triângulo de base alta no meio-campo, com Souza e Ricardinho circulando por dentro da intermediária para armar as jogadas e Magno Alves partindo do lado esquerdo e procurando a diagonal para o meio visando o chute ou penetração na grande área. Inicialmente, buscava exercer pressão a partir da intermediária defensiva pernambucana, de modo a obrigar a ligação direta para o ataque, com o lançamento de um dos zagueiros na direção de Neto Baiano para que o mesmo disputasse com os zagueiros cearenses pelo alto.
O 4-2-3-1 rubro-negro tinha sua marcação caracterizada pela presença de encaixes individuais por setor, com Felipe Azevedo e Wendel acompanhando individualmente as passagens de Vicente e Samuel Xavier respectivamente, enquanto que no meio, Páscoa, muitas vezes marcava Souza de perto, Rodrigo Mancha pegava Ricardinho e Aílton encaixando no volante do primeiro passe(Amaral). O atacante Assisinho se deslocava bastante de seu posicionamento original, saindo da direita pra tentar a jogada na diagonal ou a flutuação na intermediária. Quando se movimentava em outra faixa do campo, ou Renê deixava o lado esquerdo para persegui-lo individualmente ou o homem de meio se aproximava de Assisinho para o combate. Geralmente marcava em bloco médio/baixo, buscando mais o encurtamento/redução dos espaços do campo, principalmente nas proximidades do setor da bola, porém, sem ter muita voracidade e intensidade na pressão. Quando adiantava suas linhas para iniciar a marcação no campo inimigo, Neto Baiano era a referência para dar o primeiro combate ao centro, volantes podiam avançar o bote na intermediária ofensiva leonina, enquanto que os wingers podiam subir o encaixe nos laterais para tentar impedir a progressão ou cercá-los, em caso de abertura de jogada.
Sempre que articulava seus contra-golpes, o Ceará chegava com perigo. E estes geralmente se originavam de erros primários do Sport, como o passe na intermediária ou até mesmo em cobranças de escanteio, onde o time pernambucano falhava em não deixar um jogador mais próximo da entrada da área para o rebote, reorganização da jogada ou apenas manutenção da posse de bola, portanto, nesses casos, a sobra de bola quase sempre era do Ceará, que acelerava rapidamente sua transição, muitas vezes com três jogadores subindo inicialmente para pegar a defesa do Sport desprevenida, já que em fase de recomposição, tenderia a ter maior vulnerabilidade. Rapidez na transição entre os setores e exploração de espaços nas costas da defesa adversária sempre foram características marcantes do Ceará nessa Copa do Nordeste.
O Ceará era mais agressivo e tinha melhor circulação de bola pelo chão, tentando encontrar espaços para jogar. O Sport apresentava problemas na transição defesa-ataque pelos erros no passe e nas tomadas de decisões. Quando tinha a bola, buscava mais a valorização de sua posse, através de passes laterais e contando com o recuo constante de Aílton para a linha dos volantes para receber a pelota e continuar a rotação da mesma pelo meio. O gol do Ceará se originou de uma falha de Ewerton Páscoa, que no lance acompanhava Magno Alves individualmente quando o mesmo chegava frontalmente para tentar a conclusão de um cruzamento originário do lado oposto ao dele(lado direito), porém, Páscoa “dormiu”, o Magnata se antecipou e mandou para as redes.
Na segunda etapa, o gol do Sport, logo no início, acabou com qualquer chance de título do Ceará. Contou com a incursão de Patric por dentro, um dos pontos fortes do lateral rubro-negro e a chegada de Aílton mais à frente nas costas dos zagueiros, que resultou no pênalti do goleiro Luis Carlos em cima do camisa 10 leonino, convertido por Neto Baiano. Eduardo Baptista já tinha feito uma substituição: Colocou o lateral-esquerdo Igor Fernandes no lugar de Wendel. Igor cumpria a mesma função tática defensivamente, dobrando o combate na esquerda com Renê, acompanhando as proximidades do setor e as passagens de Samuel Xavier. Ao Sport, restou administrar o resultado e garantir o título. Dois times muito interessantes taticamente que travaram um belo duelo na parte estratégica, com vitória pernambucana.

Por João Elias Cruz (@joaoeliascruzzz)