quarta-feira, 30 de abril de 2014

Obediente taticamente, o Atlético de Simeone também é histórico

Mourinho trouxe uma escalação diferente daquela que todos esperavam, Azpilicueta pela direita na vaga de Oscar, naquele que é considerado o time base, era a grande surpresa. Assim como Terry, descartado após a contusão no Calderón e escalado para a decisão. Um peça importante dentro e outra fora. Em uma escolha injustificada, já que Azpilicueta, apesar da assistência na jogada fantástica de Willian, não fez um grande jogo como ponta e não foi combativo nas descidas de Filipe Luís, como na jogada do gol de empate. 

O lateral/ponta foi uma das peças do Chelsea envolvida no inteligente jogo de Simeone, o compacto 4-4-2 do "Cholo" teve Adrián ao invés de Rául Garcia, em uma postura que ninguém esperava. Até por que todos imaginavam um Atlético retraído e puxando contra-ataques em velocidade com Adrián, já que não tinha Raúl García para viver de bolas aéreas. Cholo adiantou a marcação e incomodou um Chelsea sem poder de infiltração nos primeiros minutos. 

Mesmo com os 60% de posse de bola nos primeiros trinta minutos, o Chelsea demorou em criar um lance de bola no chão e foi exatamente no gol inaugural, já aos trinta e cinco minutos, que isso aconteceu. Willian entrou pela ponta puxando a marcação de Filipe Luís e Godín e dando espaço para Azpilicueta entrar na diagonal, no cruzamento do ponta, Torres tocou para o fundo do gol de Courtois. Parecia o cenário perfeito e desestabilizante.

Porém os rojiblancos não se abateram e muito pelo contrario. No duelo dos times que “não querem” a bola, o Atlético a quis e chegou a 68% de posse na última parte do primeiro tempo. Filipe Luis desceu, Tiago virou para Juanfran que acreditou e cruzou para Adrián empatar e calar o Stamford Bridge. 

O Chelsea até se movimentou, mas não teve poder de infiltração frente a um forte Atlético.
Novamente Cholo surpreendeu, mesmo tendo o resultado que o classificava para a final adiantou as linhas e foi pra cima do Chelsea. A linha que havia falhado do gol de Adrián viu Arda quase ampliar na jogada de Diego Costa. Eto’o entrou com a missão de levar mais perigo ao gol de Courtois, mas lá atrás, cometeu um pênalti infantil em Diego Costa, cobrado no alto do gol de Schwarzer para praticamente cravar a vaga do Atlético na final.

Apesar das cabeçadas de Terry e David Luiz uma salva por Courtois e a outra pela trave, quem propôs o jogo foi o Atlético, o segundo tempo teve posse de bola parelha e mais finalizações do Atlético a meta de Schwarzer, 8 a 5 no total. Em cruzamentos, 17 a 12 para o Chelsea e em faltas “vitória” dos colchoneros: 18 a 11. (Footstats)

Mourinho veio com Ba e Schurrle nas vagas de Willian e Torres, e o Chelsea seguiu no 4-2-3-1 que agora tinha Ba no centro das ações e Eto’o mais a frente. Já o Simeone preservou Adrián e Diego Costa e apostou em Raúl Garcia e Sosa, logo após Arda Turan ampliar o placar em outra assistência de Juanfran, em uma jogada de persistência, cabeçada do turco na trave e conferencia no rebote em meio a uma defesa estática. Filipe Luís quase ampliou em uma linda jogada e Hazard ainda viu seu companheiro de seleção brilhar em sua jogada individual. 

O pouco cotado Atlético está na final da Champions e fará o maior derbi da história com o Real Madrid em Lisboa. Os Madridista, nove vezes campeões da europa, são favoritos. Mas para quem chegou tão longe e calou tanta gente, não existem barreiras que não possam ser ultrapassadas. A Mourinho, quatro vezes seguidas eliminado nas semifinais da Champions, resta uma reflexão: realmente valeu a pena abdicar do ataque no jogo de ida? Decidir em casa sem o gol qualificado não foi grande negocio.


O Chelsea apenas assistiu um Atlético que jogou a partir das laterais em uma massacrante segundo tempo.

Por Rai Monteiro (@_RaiMonteiro)