segunda-feira, 7 de abril de 2014

Ousadia cruzmaltina e versatilidade rubro-negra: igualdade na primeira etapa da Final do Carioca 2014

Adílson Batista contou com praticamente a força máxima para a partida desse domingo, tendo apenas um desfalque de última hora na lateral esquerda, Diego Renan. Por sua vez, o treinador rubro-negro Jayme de Almeida realizou algumas mudanças na equipe, graças aos desfalques e ao cansativo retorno de uma viagem internacional. João Paulo foi vetado pelo departamento médico, dando lugar a Frauches, zagueiro de origem, porém improvisado na lateral esquerda. Além disso, Éverton não iniciou a partida, sendo Lucas Mugni o titular, alterando taticamente o meio-campo rubro-negro.

O Vasco da Gama no 4-3-3 e o Flamengo no 4-3-1-2.

Os onze cruzmaltinos foram organizados em um 4-3-3, similar ao usado na semifinal contra o Fluminense. Exploraram com frequência os lados do campo, especialmente o direito, onde Everton Costa frequentemente se movia em direção a linha de fundo para realizar cruzamentos ao meio da área, e em alguns momentos fazia a diagonal buscando a triangulação ou o arremate em gol. Guiñazú, ligeiramente à esquerda, fez o papel de primeiro-volante, sendo crucial no sucesso da marcação do Vasco na primeira etapa, dando combate com qualidade, cobrindo os espaços deixados pelo avanço dos laterais, e em alguns momentos se posicionando entre os zagueiros e guardando a posição, como um anchor man. Douglas jogou na faixa central do campo, tendo como função principal a armação, buscando realizar passes aos flancos e ao meio. Frequentemente recuava à intermediária para receber a bola e construir o jogo desde o campo defensivo. Defensivamente o Vasco era organizado, possuindo um forte poder de marcação, não possuindo linhas defensivas bem definidas, e sem pressionar muito a saída de bola adversária, mas procurando conter os avanços, e neutralizar os jogadores mais avançados.

A equipe da Gávea entrou em campo com três volantes, formando um 4-3-1-2. Possuindo uma proposta de contra-ataque, pouco conseguiram criar, pela falta de conexão entre os setores e o isolamento dos jogadores mais avançados, consequência da forte marcação vascaína. Frauches foi uma má escolha de Jayme para a posição, não tendo feito bom papel tanto em termos ofensivos quanto defensivos. Luiz Antônio jogou como segundo-volante, avançando pela direita em alguns momentos. Lucas Mugni jogava com liberdade à frente da trinca de volantes, com objetivo de armar as jogadas, porém pouco fez enquanto esteve em campo. Em alguns momentos procurou avançar pela direita, alterando o padrão tático. Paulinho e Alecsandro, os atacantes, ficaram isolados e tiveram poucas chances inicialmente, muitas vezes tendo que recuar muito para participar do jogo. Em termos defensivos, os rubro-negros possuíam forte presença no meio, porém, eram vulneráveis pelo lado esquerdo. Ainda assim, não permitiram muitas chances claras por parte do arquirrival.

O Vasco da Gama iniciou a partida no controle das ações ofensivas. Os avanços pelo lado direito se constituíam na grande arma do Gigante da Colina, que após onze minutos já traduzia o domínio em gol, com o beque Rodrigo em belo cabeceio após refinado escanteio cobrado por Douglas.

Após o gol, o Flamengo passou a esboçar jogadas e avanços, porém esbarrava na forte marcação cruzmaltina, comandada pelo incansável Guiñazú, que desarmava e cobria espaços primorosamente ao longo da primeira etapa. Até o fim do primeiro tempo, o controle do Vasco era claro, tendo reflexos nos expressivos números de posse de bola, próximo de 60% a favor, e no fato de o adversário não ter finalizado uma única vez em gol.

A segunda etapa iniciou-se com uma modificação: Mugni, após má atuação, foi substituído por Gabriel, que passou a fazer a ala esquerda, auxiliando Frauches na marcação, enquanto Paulinho foi deslocado ao meio. O Flamengo entrou com outra postura na partida, e o domínio do Vasco foi sendo equilibrado aos poucos. O lance-chave da partida aconteceu aos dez minutos da etapa derradeira, onde o principal nome do jogo até então, Everton Costa, levou o segundo cartão amarelo após falta sobre Frauches.

Percebendo o momento, Jayme entrou com Everton no lugar de Frauches, não alterando taticamente a equipe rubro-negra, mas causando uma enorme mudança de atitude. A essa altura, o Flamengo já era soberano na posse da bola e nas ações ofensivas. Com espaço na intermediária adversária, Paulinho acertou um belo chute no canto direito de Martín Silva para igualar o placar.

Adílson buscou então, reforçar seu sistema defensivo trocando Reginaldo por Fellipe Bastos, que passou a fazer a ala direita, em uma tentativa de conter os avanços de Éverton, porém a equipe tinha problemas, não conseguindo manter a bola e sendo nula no ataque. A equipe passou a exibir um 4-4-1, com Edmílson fazendo a ala esquerda, e Douglas solto à frente da linha de quatro.

A próxima cartada de Jayme foi a entrada de Negueba no lugar do lateral Léo. Enquanto Negueba passou a ocupar a ponta esquerda, Gabriel então foi para o meio, Paulinho para a ponta direita, e Luiz Antônio deslocado para a lateral direita. O treinador se aproveitava da polivalência de vários jogadores do plantel flamenguista para inteligentemente tornar a equipe mais ofensiva. Paulinho e Negueba constantemente invertiam posições, confundindo a marcação adversária. O Vasco procurava apenas conter os avanços do rival, e sair em raros contra-ataques.

As bolas paradas pareciam ser a única arma possível para o Vasco, que em algumas tentativas chegou a causar certo perigo à meta de Felipe. As entradas de Thalles e Bernardo na equipe vascaína estabilizaram a marcação e diminuíram o ímpeto do Flamengo pelo segundo gol, e a igualdade permaneceu nos minutos finais. Nas circunstâncias, pode-se considerar um bom resultado do Vasco, e apesar de ainda ser uma decisão aberta, a vantagem do empate é do Flamengo para o jogo de volta. Assim estavam as equipes após todas as substituições:

Após a expulsão e as substituições, o Vasco no 4-4-1 e o Flamengo no 4-2-3-1.


Por Felipe de Faria