segunda-feira, 19 de maio de 2014

Com Dale centralizado, Inter tropeça diante de um Criciúma “Mourinhense”

Apenas 44 minutos de bola rolando e 70% de posse de bola do Inter. Números que por si só já mostram o que foi Inter x Criciúma, jogo válido pela 5ª rodada do Brasileirão. Apesar do domínio em praticamente toda a partida, acentuado após a expulsão do lateral do Tigre, Eduardo, no final do primeiro tempo, o líder do campeonato tropeçou e deixou dois pontos para trás no estádio Heriberto Hulse.

PRIMEIRO TEMPO: Abel muda sistema tático e Inter cria poucas chances.


Sem o Chileno Aránguiz, principal jogador do Inter na temporada, o Colorado lançou o estreante Wellington. O ex-São Paulino, entretanto, não conseguiu dar ao time a consistência que o titular costuma dar. Postado num 4-4-2 losango (por sinal, primeira vez em que o Inter joga assim na temporada), o Colorado tinha D´Alessandro centralizado, diferente do habitual, já que o meia vinha sendo utilizado como um ponta-direita por Abel. Apesar de estar projetado pelo lado direito, o que configura o losango no meio, Wellington se prendia apenas à tarefa de marcação, deixando o Inter burocrático e com dificuldades na criação. A tentativa ao centralizar Dale foi ineficaz, já que o técnico Wagner Lopes tratou de colocar dois volantes do Criciúma para jogar no mesmo setor do Argentino, não dando espaço para o único playmaker do adversário. 

O que se via era um Inter apagado, que procurava à todo o momento o seu camisa 10 Argentino, mas que, apesar do domínio e da troca de passes envolvente, não penetrava a área adversária e tampouco construia jogadas eficientes. O Criciúma, que defendeu-se muito bem, dobrava a marcação em Dale e Rafael Moura e deixava sozinho Willians, jogador que tem deficiência no passe e de fato não conseguiu ajudar o setor de criação Colorado. As triangulações que deram ao Inter a liderança do Brasileirão, constantes com Fabrício-Alex-Alan Patrick na esquerda e Gilberto-Aranguiz-Dale na direita, hoje pouco apareceram. O Inter criou apenas uma chance efetiva de gol em toda a primeira etapa – desperdiçada pelo zagueiro Juan, aos 35 do primeiro tempo.

Heatmap de D´Alessandro: meia atuou centralizado e praticamente não entrou na área adversária


Enquanto o Inter veio no 4-4-2, o Criciúma optou pro um 4-2-1-2-1 bastante defensivo. Com Silvinho e Paulo Baier espetados, era clara a intenção do Tigre em explorar os contra-ataques. Defensivamente, o time abusava das faltas para conter o adversário e quando tinha a bola, a jogada era a ligação direta principalmente para Silvinho, que foi a principal válvula de escape do time. Pela direita, para compensar a falta de velocidade do “Vovô” Paulo Baier, Eduardo subia a todo o momento. O lateral era um dos principais nomes do time até ser expulso no final do primeiro tempo, prejudicando demais o Criciúma.

1º tempo: Criciúma recuado, Dale bem marcado. Muitas faltas, pouco futebol

2º TEMPO: Inter vai pra cima, Criciúma faz retranca e segura o empate.

No começo do segundo tempo, o Criciúma sacou o seu camisa 9 e colocou o lateral-direito Ezequiel. Desta forma o jogo foi controlado com tranquilidade até os 15 minutos, quando Abel Braga sacou Willians e Alex para as entradas de Otavinho e Wellington Paulista. Ali nascia a postura peculiar do jogo. O inusitado esquema tático criado por Wagner Lopes foi uma retranca à lá José Mourinho. Com os seus 10 homens atrás da linha da bola, o Criciúma recuou e só esperou o Inter na segunda etapa. Apesar de muitos não gostarem do estilo mais defensivo, o “ferrolho” do Tigre se mostrou eficiente. 

Sem Aránguiz, o jogador com maior capacidade de penetração do Colorado, os jogadores do Inter que tinham a maior liberdade para atuar eram os laterais Diogo e Fabrício. Em noite pouco inspirada, entretanto, ambos não conseguiam acertar os cruzamentos necessários para alimentar os dois homens de frente Colorados.

Disposto no 5-4-0 em duas linhas o Criciúma se defendeu e conquistou dois importantes pontos para tentar fugir da zona de rebaixamento. O Inter, apesar das muitas trocas de bola,  só exigiu defesa de Gallato em uma oportunidade na segunda etapa: a cabeçada de Valdívia no último minuto da partida. Pouco para um time que tem a intenção de ser campeão brasileiro em 2014. No fim das contas, o esquema “Mourinhense” do Criciúma superou a qualidade da equipe Colorada.

2º tempo: com retranca "Mourinhense", Criciúma segura o Inter




Por Mateus Kerr (@mateuskerr)