domingo, 18 de maio de 2014

Cruzeiro venceu mais um paranaense com o mesmo placar

Depois de ter vencido o Atlético-PR por 3 x 2 na terceira rodada do Campeonato Brasileiro de 2014, o Cruzeiro venceu, dessa vez, o Coritiba pelo mesmo placar. Porém, diferentemente do que foi contra o Furacão, contra o Coxa, a Raposa colocou os seus jogadores titulares. Desta forma, Marcelo Oliveira –técnico do Cruzeiro- iniciou no mesmo 4-2-3-1, mas com Éverton Ribeito e companhia. Já Celso Roth –técnico do Coritiba- começou no mesmo 4-2-3-1 do último jogo contra o Sport:

Cruzeiro e Coritba no 4-2-3-1.

Apesar de terem jogado no mesmo esquema tático, as duas equipes apresentaram diferentes formas de atuarem e de filosofia de jogo. O Cruzeiro, por ter jogado da mesma maneira do que 2013, vai ser a primeira equipe a ser apresentada taticamente.
A Raposa continua apresentando as mesmas maneiras de jogar do que no ano passado. O 4-2-3-1 contra o Coritiba apresentou constante movimentação dos seus três meias, aproximação de somente um dos seus volantes, frequente pedida para ultrapassagens dos seus laterais, busca pela compactação e manutenção da bola em campo adversário, troca rápida de ação de jogo, velozes transições de jogo e, por fim, a famosa falta de recomposição dos seus três meias. Esta falta de recomposição defensiva dos seus três meias permitiu com que os laterais do Coritiba conseguissem realizar desmarcados a transição defesa-ataque coxa-branca. Veja pelo flagrante a seguir, a liberdade com que Victor Ferraz e Carlinhos tiveram quando se projetavam ao campo ofensivo adversário:

Sem a recomposição defensiva dos três meias cruzeirenses, Victor Ferraz e Carlinhos realizaram a transição defesa-ataque frequentemente desmarcados (Reprodução: PFC).

Apesar dos laterais adversários conseguirem realizar esta transição sem marcação, o sistema defensiva azul-celeste contava com estes três meias. Porém, diferentemente da maneira “tradicional” que o 4-2-3-1 se defende, no esquema do Cruzeiro, o time continua a se defender no 4-2-3-1. Observe pelo flagrante adiante:

No momento de um lateral defensivo, o sistema defensivo cruzeirense se posicionou no 4-2-3-1 em vez do 4-4-1-1 “tradicional” do 4-2-3-1. Como a Raposa se defendia no 4-2-3-1, o espaço entre um meia de lado e o lateral mais próximo continuou sendo um dos espaços mais procurados pelo sistema ofensivo coxa-branca (Reprodução: Sportv).

Enquanto que o sistema defensiva do Cruzeiro apresenta as mesmas falhas do que em 2013, o ofensivo melhorou de um ano para o outro. Em 2014, a amplitude e profundidade são aspectos frequentemente procurados enquanto a Raposa está em campo ofensivo. Como os dois meias abertos entram na diagonal, as constantes subidas dos laterais criam a amplitude necessária para um ataque decente. Já a profundidade é achada através do atacante da referência. Observe pelo flagrante à frente, a amplitude e a profundidade sendo criadas enquanto o sistema ofensivo mineiro foi realizado no jogo contra o Coritiba:

No flagrante, os meias de lado –Éverton Ribeiro e Dagoberto- entraram na diagonal e, assim, abriram espaço para as subidas de Egídio e Ceará, respectivamente. Deste modo, criando amplitude para o ataque. Já a profundidade foi criada através de Borges, pois este atacante “empurrou” um dos zagueiros do Coritiba enquanto o ataque era desenvolvido (Reprodução: Sportv).

Através desta profundidade criada por Borges, que o primeiro gol do Cruzeiro foi realizado. Ricardo Goulart se projetou no espaço vazio no qual o atacante central deixou ao “empurrar” um dos zagueiros do Coritiba e, assim, conseguiu cabecear livre da marcação do sistema defensivo coxa-branca.
Já o 4-2-3-1 do Coritiba se defendia da maneira “tradicional” do esquema, já que o 4-4-1-1 foi normalmente realizado. Porém, o sistema defensivo coxa apresentou dois aspectos característicos da sua equipe neste momento do jogo. Chico, um dos volantes do Coritiba, recuava próximo da linha dos zagueiros, pois, deste modo, era ele quem realizava a superioridade numérica em relação aos jogadores do Cruzeiro que estavam realizando a função de atacante no momento. Já o outro aspecto peculiar defensivo do Coritiba foi através da sua maior estrela: o meia Alex. Em alguns momentos defensivos do seu time, Alex se alinhou a Jajá e os dois formaram um linha à frente da linha dos meio-campistas. Deste modo, em vez do sistema defensivo coxa-branca se defender no 4-4-1-1, o Coritiba passava a se defender no 4-4-2 em linha. No flagrante adiante será notado estes dois aspectos peculiares do sistema defensivo coxa-branca:

No flagrante, nota-se Chico recuando próximo aos zagueiros e, ao mesmo tempo, Alex e Jajá alinhados. Deste modo, caracterizando o 4-4-2 em linha coxa-branca em situação defensiva (Reprodução: Sportv).

Já neste flagrante, percebe-se o Coritiba se defendendo no 4-4-1-1 (Reprodução: PFC).


Além desta variação do posicionamento do sistema defensivo, o Coritiba, por quase todo jogo, iniciou a sua marcação próximo ao meio do campo. Assim como mostra o próximo flagrante:

No flagrante, nota-se Jajá iniciando a marcação coxa-branca próximo ao meio do campo e a linha dos meio-campistas já próxima a Alex (Reprodução: Sportv).

Enquanto que o sistema defensivo coxa-branca está organizado taticamente, o mesmo não se pode dizer das outras fases do jogo. O seu sistema-ofensivo apresentou amplitude com Zé Love e Norberto, mas sem a profundidade através de Jajá ou de Alex. As transições ataque-defesa e defesa-ataque do Coritiba ainda estão muito lentas. Esta dificuldade nas transições é muito creditada à troca rápida de ação de jogo do Cruzeiro, mas, também, à falta de técnica de Chico e Baraka a fim de realizarem trocas rápidas e precisas e, ainda, na falta de percepção de quando se adiantar ou não em campo ofensivo para dar combate no adversário.
Como a organização tática do Cruzeiro foi melhor organizada em mais momentos do jogo no primeiro tempo, a Raposa terminou a primeira etapa vencendo por 2 x 1.
No intervalo, nenhum dos técnico realizou alguma substituição e nem alterou o modo de jogar das suas equipes. Porém, de forma mais acentuada do que no primeiro tempo, Alex começou a mostrar toda sua inteligência tática. Nos momentos dos quais um dos jogadores do quarteto ofensivo coxa-branca saiu da sua posição, Alex era quem passava a ocupar a posição deixada pelo seu companheiro. Estas trocas de posição foi enaltecida até por Marcelo Oliveira em uma das suas entrevistas durante o intervalo da partida. Como o Coritiba acabou voltando um pouco melhor, o time paranaense realizou o seu gol de empate, aos 9 da segunda etapa.
Percebendo que o Coritiba estava melhor, Marcelo Oliveira colocou Willian e Maike, aos 19, nos lugares de Henrique e Ceará, respectivamente. Através destas substituições, o Cruzeiro passou a jogar no 4-3-3. Já que desta maneira, a Raposa conseguia sair na faixa do campo onde Alex estava posicionado, pois o experiente meia não apresenta mais tanta intensidade defensiva assim como a dos seus companheiros de time.

Com as substituições, o Cruzeiro passou a jogar no 4-3-3 e subir ao ataque de acordo com a faixa onde Alex estava posicionado. No campinho tático, como Alex está posicionado na faixa central, assim, a Raposa sairia pelo meio através de Nilton.

Com mais gente chegando ao ataque e procurando a faixa do campo mais apropriada para ir ao ataque, o Cruzeiro acabou marcando seu terceiro gol, aos 23. Como o placar estava em desvantagem, Celso Roth começou a mexer na equipe. Em 10 minutos, o técnico do Coritiba realizou as suas três substituições. Entraram Geraldo, Dudu e Keirisson nos lugares de Jajá, Norberto e Zé Love, respectivamente. Através destas substituições, o Coritiba conseguiu mais fôlego e vontade, mas o sistema ofensivo perdeu em profundidade e mobilidade. Já Marcelo Oliveira, ao notar que o Coxa estava indo mais para frente, colocou Souza no lugar de Dagoberto e o 4-2-3-1 voltou a ser utilizado.

Com as substituições feitas, o 4-2-3-1 foi utilizado pelas as duas equipes.


Por Caio Gondo (@CaioGondo)