Depois
de ter vencido o Atlético-PR por 3 x 2 na terceira rodada do Campeonato
Brasileiro de 2014, o Cruzeiro venceu, dessa vez, o Coritiba pelo mesmo placar.
Porém, diferentemente do que foi contra o Furacão, contra o Coxa, a Raposa
colocou os seus jogadores titulares. Desta forma, Marcelo Oliveira –técnico do
Cruzeiro- iniciou no mesmo 4-2-3-1, mas com Éverton Ribeito e companhia. Já
Celso Roth –técnico do Coritiba- começou no mesmo 4-2-3-1 do último jogo contra
o Sport:
Cruzeiro
e Coritba no 4-2-3-1.
Apesar
de terem jogado no mesmo esquema tático, as duas equipes apresentaram
diferentes formas de atuarem e de filosofia de jogo. O Cruzeiro, por ter jogado
da mesma maneira do que 2013, vai ser a primeira equipe a ser apresentada
taticamente.
A
Raposa continua apresentando as mesmas maneiras de jogar do que no ano passado.
O 4-2-3-1 contra o Coritiba apresentou constante movimentação dos seus três
meias, aproximação de somente um dos seus volantes, frequente pedida para
ultrapassagens dos seus laterais, busca pela compactação e manutenção da bola
em campo adversário, troca rápida de ação de jogo, velozes transições de jogo
e, por fim, a famosa falta de recomposição dos seus três meias. Esta falta de
recomposição defensiva dos seus três meias permitiu com que os laterais do
Coritiba conseguissem realizar desmarcados a transição defesa-ataque
coxa-branca. Veja pelo flagrante a seguir, a liberdade com que Victor Ferraz e
Carlinhos tiveram quando se projetavam ao campo ofensivo adversário:
Sem
a recomposição defensiva dos três meias cruzeirenses, Victor Ferraz e Carlinhos
realizaram a transição defesa-ataque frequentemente desmarcados (Reprodução:
PFC).
Apesar
dos laterais adversários conseguirem realizar esta transição sem marcação, o
sistema defensiva azul-celeste contava com estes três meias. Porém,
diferentemente da maneira “tradicional” que o 4-2-3-1 se defende, no esquema do
Cruzeiro, o time continua a se defender no 4-2-3-1. Observe pelo flagrante
adiante:
No
momento de um lateral defensivo, o sistema defensivo cruzeirense se posicionou
no 4-2-3-1 em vez do 4-4-1-1 “tradicional” do 4-2-3-1. Como a Raposa se
defendia no 4-2-3-1, o espaço entre um meia de lado e o lateral mais próximo
continuou sendo um dos espaços mais procurados pelo sistema ofensivo
coxa-branca (Reprodução: Sportv).
Enquanto
que o sistema defensiva do Cruzeiro apresenta as mesmas falhas do que em 2013,
o ofensivo melhorou de um ano para o outro. Em 2014, a amplitude e profundidade
são aspectos frequentemente procurados enquanto a Raposa está em campo
ofensivo. Como os dois meias abertos entram na diagonal, as constantes subidas
dos laterais criam a amplitude necessária para um ataque decente. Já a
profundidade é achada através do atacante da referência. Observe pelo flagrante
à frente, a amplitude e a profundidade sendo criadas enquanto o sistema
ofensivo mineiro foi realizado no jogo contra o Coritiba:
No
flagrante, os meias de lado –Éverton Ribeiro e Dagoberto- entraram na diagonal
e, assim, abriram espaço para as subidas de Egídio e Ceará, respectivamente.
Deste modo, criando amplitude para o ataque. Já a profundidade foi criada
através de Borges, pois este atacante “empurrou” um dos zagueiros do Coritiba
enquanto o ataque era desenvolvido (Reprodução: Sportv).
Através
desta profundidade criada por Borges, que o primeiro gol do Cruzeiro foi
realizado. Ricardo Goulart se projetou no espaço vazio no qual o atacante
central deixou ao “empurrar” um dos zagueiros do Coritiba e, assim, conseguiu
cabecear livre da marcação do sistema defensivo coxa-branca.
Já o 4-2-3-1 do
Coritiba se defendia da maneira “tradicional” do esquema, já que o 4-4-1-1 foi
normalmente realizado. Porém, o sistema defensivo coxa apresentou dois aspectos
característicos da sua equipe neste momento do jogo. Chico, um dos volantes do
Coritiba, recuava próximo da linha dos zagueiros, pois, deste modo, era ele
quem realizava a superioridade numérica em relação aos jogadores do Cruzeiro
que estavam realizando a função de atacante no momento. Já o outro aspecto
peculiar defensivo do Coritiba foi através da sua maior estrela: o meia Alex.
Em alguns momentos defensivos do seu time, Alex se alinhou a Jajá e os dois
formaram um linha à frente da linha dos meio-campistas. Deste modo, em vez do
sistema defensivo coxa-branca se defender no 4-4-1-1, o Coritiba passava a se
defender no 4-4-2 em linha. No flagrante adiante será notado estes dois
aspectos peculiares do sistema defensivo coxa-branca:
No
flagrante, nota-se Chico recuando próximo aos zagueiros e, ao mesmo tempo, Alex
e Jajá alinhados. Deste modo, caracterizando o 4-4-2 em linha coxa-branca em
situação defensiva (Reprodução: Sportv).
Já
neste flagrante, percebe-se o Coritiba se defendendo no 4-4-1-1 (Reprodução:
PFC).
Além
desta variação do posicionamento do sistema defensivo, o Coritiba, por quase
todo jogo, iniciou a sua marcação próximo ao meio do campo. Assim como mostra o
próximo flagrante:
No
flagrante, nota-se Jajá iniciando a marcação coxa-branca próximo ao meio do
campo e a linha dos meio-campistas já próxima a Alex (Reprodução: Sportv).
Enquanto
que o sistema defensivo coxa-branca está organizado taticamente, o mesmo não se
pode dizer das outras fases do jogo. O seu sistema-ofensivo apresentou
amplitude com Zé Love e Norberto, mas sem a profundidade através de Jajá ou de
Alex. As transições ataque-defesa e defesa-ataque do Coritiba ainda estão muito
lentas. Esta dificuldade nas transições é muito creditada à troca rápida de
ação de jogo do Cruzeiro, mas, também, à falta de técnica de Chico e Baraka a
fim de realizarem trocas rápidas e precisas e, ainda, na falta de percepção de
quando se adiantar ou não em campo ofensivo para dar combate no adversário.
Como
a organização tática do Cruzeiro foi melhor organizada em mais momentos do jogo
no primeiro tempo, a Raposa terminou a primeira etapa vencendo por 2 x 1.
No
intervalo, nenhum dos técnico realizou alguma substituição e nem alterou o modo
de jogar das suas equipes. Porém, de forma mais acentuada do que no primeiro
tempo, Alex começou a mostrar toda sua inteligência tática. Nos momentos dos
quais um dos jogadores do quarteto ofensivo coxa-branca saiu da sua posição, Alex
era quem passava a ocupar a posição deixada pelo seu companheiro. Estas trocas
de posição foi enaltecida até por Marcelo Oliveira em uma das suas entrevistas
durante o intervalo da partida. Como o Coritiba acabou voltando um pouco
melhor, o time paranaense realizou o seu gol de empate, aos 9 da segunda etapa.
Percebendo
que o Coritiba estava melhor, Marcelo Oliveira colocou Willian e Maike, aos 19,
nos lugares de Henrique e Ceará, respectivamente. Através destas substituições,
o Cruzeiro passou a jogar no 4-3-3. Já que desta maneira, a Raposa conseguia
sair na faixa do campo onde Alex estava posicionado, pois o experiente meia não
apresenta mais tanta intensidade defensiva assim como a dos seus companheiros
de time.
Com
as substituições, o Cruzeiro passou a jogar no 4-3-3 e subir ao ataque de
acordo com a faixa onde Alex estava posicionado. No campinho tático, como Alex
está posicionado na faixa central, assim, a Raposa sairia pelo meio através de
Nilton.
Com
mais gente chegando ao ataque e procurando a faixa do campo mais apropriada
para ir ao ataque, o Cruzeiro acabou marcando seu terceiro gol, aos 23. Como o
placar estava em desvantagem, Celso Roth começou a mexer na equipe. Em 10
minutos, o técnico do Coritiba realizou as suas três substituições. Entraram
Geraldo, Dudu e Keirisson nos lugares de Jajá, Norberto e Zé Love,
respectivamente. Através destas substituições, o Coritiba conseguiu mais fôlego
e vontade, mas o sistema ofensivo perdeu em profundidade e mobilidade. Já
Marcelo Oliveira, ao notar que o Coxa estava indo mais para frente, colocou
Souza no lugar de Dagoberto e o 4-2-3-1 voltou a ser utilizado.
Com
as substituições feitas, o 4-2-3-1 foi utilizado pelas as duas equipes.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)