Atlético-PR
no 4-4-2 em linha e Internacional no 4-1-4-1.
No
primeiro tempo desta partida, o Atlético-PR começou compactado entre a
intermediária defensiva e o meio do campo, com os três setores próximos e
iniciando a marcação próxima da linha do meio.
Flagrante
do início de marcação dos atacantes rubro-negros em torno do meio de campo e
com a linha dos meio-campistas próxima à eles (Reprodução: Sportv).
Com
o Furacão organizado defensivamente, o Internacional pouco pôde fazer
ofensivamente na primeira etapa. Já que os comandados de Miguel Ángel Portugal,
frequentemente, estavam próximos em todas as ações do jogo. Porém, em alguns
momentos defensivos, Marcelo e Éderson não compactavam com o restante da
equipe. Sem essa aproximação, o Atlético-PR não conseguiu armar tantos
contra-ataques nos primeiros 45 minutos de jogo. Das poucas vezes que essa
aproximação dos atacantes atleticanos aconteceu, o contragolpe foi realizado. Marcelo,
a revelação do Campeonato Brasileiro de 2013, foi quem mais realizou este
movimento para trás. Assim como mostra o próximo flagrante:
Flagrante
de Marcelo posicionado próximo da linha do meio de campo em situação defensiva
para o seu time (Reprodução: Sportv).
Este
recuo de Marcelo foi providencial, pois Willians, o único volante do
Internacional, ficava posicionado entre Juan e Paulão em vários momentos da
partida. Pois deste modo, o volante conseguiu dar superioridade numérica contra
os dois atacantes do Atlético-PR, pois não havia um meia central pelo lado dos
paranaenses e, ainda, liberou Gilberto e Fabrício das ações defensivas. Sem
Willians próximo na transição defesa-ataque, Marcelo foi um dos principais
jogadores do Furacão enquanto esteve em campo. Veja pelo heatmap, a
movimentação deste atacante rubro-negro e os locais onde ele iniciou os
contragolpes atleticanos:
Sem
Willians próximo na transição defesa-ataque, Marcelo conseguiu iniciar os contra-ataques
atleticanos em ambos os lados do campo e, ainda, aproveitou as costas das
subidas dos dois laterais colorados. Sem ele, o Atlético-PR perdeu a válvula de
escape para o contragolpe.
Com
a saída por contusão de Marcelo, aos 12 do segundo tempo, a partida passou a
ficar favorável ao Internacional. Pois com o momentâneo placar de 1 x 1, o
sistema ofensivo colorado passou a surtir efeito em cima do sistema defensivo
rubro-negro sem ter que precisar pensar muito no contra-ataque atleticano.
No
primeiro tempo, o sistema ofensivo do Internacional iniciou posicionado no
4-1-4-1 tendo os 4 do meio sendo 4 meias. Os dois meias abertos, D’Alessandro e
Alan Patrick, jogavam com os seus pés dominantes contrários ao lado que estavam
posicionados (exemplo: D’Alessandro, que é canhoto, começava o ataque no lado
direito). Com isso, estes dois meias, no começo da transição defesa-ataque,
entravam na diagonal. Com estas entradas, abria-se espaços pela direita para
Aranguiz e Gilberto e pela esquerda para Alex e Fabrício. Porém, como na
primeira etapa estas entradas nas diagonais foram curtas, o sistema defensivo
do Atlético-PR conseguiu neutralizar o ofensivo do Internacional. Vejam pelas
imagens a seguir, as ilustrações do explicado anterior:
Internacional
compactado no 4-1-4-1 tendo D’Alessandro aberto pela direita e Alan Patrick
pela esquerda (Reprodução: Sportv).
Após
a retomada da bola, os jogadores saíam do 4-1-4-1 para a realização das
movimentações ofensivas: os dois meias abertos cortavam para a diagonal,
enquanto que pelos lados os meias centrais abriam para formar dupla ofensiva
com os laterais que se projetavam simultaneamente devido à cobertura defensiva
de Willians.
Como
a proximidade da linha defensiva e do meio de campo do Atlético-PR estava
curta, uma maior movimentação era necessária. Já no segundo tempo, Abel Braga
fez com que o sistema ofensivo do Internacional mudasse um pouco. Em vez de D’Alessandro
e Alan Patrick entrarem na diagonal e continuarem no mesmo lado do campo, para
a segunda etapa, estes meias trocavam de lado quando o Internacional estava com
a bola. Deste modo, o sistema defensivo do Furacão, que por mais que estivesse
organizado e compactado, foi bagunçado com esta maior movimentação do sistema
ofensivo colorado. Veja pelo próximo flagrante, onde estão D’Alessandro e Alan
Patrick e como eles não mal marcados pelos defensores rubro-negros:
Com
a entrada na diagonal e a troca de lado entre D’Alessandro e Alan Patrick, o
sistema ofensivo colorado conseguiu quebrar o sistema defensivo rubro-negro e
realizou dois gols em 12 minutos (Reprodução: Sportv).
Com
a desvantagem no placar, Miguel Ángel Portugal colocou Bruno Mendes e Felipe
nos lugares de Éderson e Otávio, respectivamente. Apesar das substituições, o
esquema tático do Furacão se manteve no 4-4-2 em linha. Já Abel Braga, ao
perceber que o Atlético-PR estava se alterando ofensivamente, colocou Otávio e
Welligton Paulista nos lugares de Alan Patrick e Rafael Moura. Pois com maior
fôlego na frente, os contra-ataques rápidos colorados passariam a ser uma
jogada útil.
Fim
da partida: Atlético-PR no 4-4-2 em linha e Internacional no 4-1-4-1.
Por
fim, a partida esteve controlada pelo sistema defensivo do Atlético-PR até a
saída forçada de Marcelo, a sua principal válvula de escape para os
contra-ataques. Sem ele, o Furacão perdeu em força ofensiva e seu principal
jogador para os contragolpes, e, ainda, o seu sistema defensivo passou não mais
conseguir ter tempo para se organizar diante de um móvel sistema ofensivo
colorado.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)