domingo, 11 de maio de 2014

O sistema defensivo do Atlético-PR ainda está em desenvolvimento

Já é o segundo jogo no qual o sistema defensivo do Atlético-PR começou bem estruturado, mas que, após perder uma das suas peças titulares, o rendimento passou a ser bem menor do que antes. Pois assim como contra o Cruzeiro (dia 03/05), neste jogo contra o Internacional, o Furacão perdeu um dos titulares e sofreu a virada minutos depois. Para mais uma virada sofrida, Miguel Ángel Portugal começou no 4-4-2 em linha e Abel Braga no 4-1-4-1:


Atlético-PR no 4-4-2 em linha e Internacional no 4-1-4-1.

No primeiro tempo desta partida, o Atlético-PR começou compactado entre a intermediária defensiva e o meio do campo, com os três setores próximos e iniciando a marcação próxima da linha do meio.

Flagrante do início de marcação dos atacantes rubro-negros em torno do meio de campo e com a linha dos meio-campistas próxima à eles (Reprodução: Sportv).

Com o Furacão organizado defensivamente, o Internacional pouco pôde fazer ofensivamente na primeira etapa. Já que os comandados de Miguel Ángel Portugal, frequentemente, estavam próximos em todas as ações do jogo. Porém, em alguns momentos defensivos, Marcelo e Éderson não compactavam com o restante da equipe. Sem essa aproximação, o Atlético-PR não conseguiu armar tantos contra-ataques nos primeiros 45 minutos de jogo. Das poucas vezes que essa aproximação dos atacantes atleticanos aconteceu, o contragolpe foi realizado. Marcelo, a revelação do Campeonato Brasileiro de 2013, foi quem mais realizou este movimento para trás. Assim como mostra o próximo flagrante:

Flagrante de Marcelo posicionado próximo da linha do meio de campo em situação defensiva para o seu time (Reprodução: Sportv).

Este recuo de Marcelo foi providencial, pois Willians, o único volante do Internacional, ficava posicionado entre Juan e Paulão em vários momentos da partida. Pois deste modo, o volante conseguiu dar superioridade numérica contra os dois atacantes do Atlético-PR, pois não havia um meia central pelo lado dos paranaenses e, ainda, liberou Gilberto e Fabrício das ações defensivas. Sem Willians próximo na transição defesa-ataque, Marcelo foi um dos principais jogadores do Furacão enquanto esteve em campo. Veja pelo heatmap, a movimentação deste atacante rubro-negro e os locais onde ele iniciou os contragolpes atleticanos:

Sem Willians próximo na transição defesa-ataque, Marcelo conseguiu iniciar os contra-ataques atleticanos em ambos os lados do campo e, ainda, aproveitou as costas das subidas dos dois laterais colorados. Sem ele, o Atlético-PR perdeu a válvula de escape para o contragolpe. 

Com a saída por contusão de Marcelo, aos 12 do segundo tempo, a partida passou a ficar favorável ao Internacional. Pois com o momentâneo placar de 1 x 1, o sistema ofensivo colorado passou a surtir efeito em cima do sistema defensivo rubro-negro sem ter que precisar pensar muito no contra-ataque atleticano.
No primeiro tempo, o sistema ofensivo do Internacional iniciou posicionado no 4-1-4-1 tendo os 4 do meio sendo 4 meias. Os dois meias abertos, D’Alessandro e Alan Patrick, jogavam com os seus pés dominantes contrários ao lado que estavam posicionados (exemplo: D’Alessandro, que é canhoto, começava o ataque no lado direito). Com isso, estes dois meias, no começo da transição defesa-ataque, entravam na diagonal. Com estas entradas, abria-se espaços pela direita para Aranguiz e Gilberto e pela esquerda para Alex e Fabrício. Porém, como na primeira etapa estas entradas nas diagonais foram curtas, o sistema defensivo do Atlético-PR conseguiu neutralizar o ofensivo do Internacional. Vejam pelas imagens a seguir, as ilustrações do explicado anterior:

Internacional compactado no 4-1-4-1 tendo D’Alessandro aberto pela direita e Alan Patrick pela esquerda (Reprodução: Sportv).

Após a retomada da bola, os jogadores saíam do 4-1-4-1 para a realização das movimentações ofensivas: os dois meias abertos cortavam para a diagonal, enquanto que pelos lados os meias centrais abriam para formar dupla ofensiva com os laterais que se projetavam simultaneamente devido à cobertura defensiva de Willians.

Como a proximidade da linha defensiva e do meio de campo do Atlético-PR estava curta, uma maior movimentação era necessária. Já no segundo tempo, Abel Braga fez com que o sistema ofensivo do Internacional mudasse um pouco. Em vez de D’Alessandro e Alan Patrick entrarem na diagonal e continuarem no mesmo lado do campo, para a segunda etapa, estes meias trocavam de lado quando o Internacional estava com a bola. Deste modo, o sistema defensivo do Furacão, que por mais que estivesse organizado e compactado, foi bagunçado com esta maior movimentação do sistema ofensivo colorado. Veja pelo próximo flagrante, onde estão D’Alessandro e Alan Patrick e como eles não mal marcados pelos defensores rubro-negros:

Com a entrada na diagonal e a troca de lado entre D’Alessandro e Alan Patrick, o sistema ofensivo colorado conseguiu quebrar o sistema defensivo rubro-negro e realizou dois gols em 12 minutos (Reprodução: Sportv).

Com a desvantagem no placar, Miguel Ángel Portugal colocou Bruno Mendes e Felipe nos lugares de Éderson e Otávio, respectivamente. Apesar das substituições, o esquema tático do Furacão se manteve no 4-4-2 em linha. Já Abel Braga, ao perceber que o Atlético-PR estava se alterando ofensivamente, colocou Otávio e Welligton Paulista nos lugares de Alan Patrick e Rafael Moura. Pois com maior fôlego na frente, os contra-ataques rápidos colorados passariam a ser uma jogada útil.

Fim da partida: Atlético-PR no 4-4-2 em linha e Internacional no 4-1-4-1.

Por fim, a partida esteve controlada pelo sistema defensivo do Atlético-PR até a saída forçada de Marcelo, a sua principal válvula de escape para os contra-ataques. Sem ele, o Furacão perdeu em força ofensiva e seu principal jogador para os contragolpes, e, ainda, o seu sistema defensivo passou não mais conseguir ter tempo para se organizar diante de um móvel sistema ofensivo colorado.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)