quinta-feira, 8 de maio de 2014

Propostas semelhantes de Atlético-PR e Cruzeiro, mas realizadas de maneiras diferentes

Os jogos entre Atlético-PR x Cruzeiro e San Lorenzo x Cruzeiro, respectivamente deste sábado (03/05) e quarta-feira (07/05), apresentaram posturas muito parecidas dos times mandantes nos primeiros tempos. Tanto o Furacão quanto a Raposa, do jogo da Copa Libertadores, atuaram compactados entre a sua intermediária defensiva e o meio de campo e, ainda, através de buscas por contra-ataques. Porém o Atlético-PR terminou a primeira etapa ganhando por 2 x 1, já o Cruzeiro terminou os primeiros 45 minutos perdendo por 1 x 0. Deste modo, será que houveram diferenças nas propostas semelhantes de jogo? E, ainda, quais foram os pontos positivos e negativos em cada partida? Este post irá mostrar detalhes táticos de cada time nos primeiros tempos de cada jogo.
Inicialmente, será mostrada as distribuições dos 4 times em suas respectivas partidas e uma tabela com os aspectos táticos do Atlético-PR e dos titulares do Cruzeiro:


Atlético-PR no 4-4-2 em linha contra os reservas do Cruzeiro no 4-2-3-1.

Os titulares do Cruzeiro no 4-2-3-1 e o San Lorenzo no 4-4-2 em linha.

Aspectos táticos
Atlético-PR
Cruzeiro titular
Esquema tático
4-4-2 em linha
4-2-3-1
Comprimento da compactação
Curta
Média
Sistema defensivo
4-4-2 em linha
4-4-1-1 em linha
Início do contra-ataque
Através dos seus dois atacantes
Através do seu meia central
Amplitude no ataque
Houve
Não houve
Profundidade no ataque
Não houve
Houve


Considerando os aspectos táticos anteriormente apresentados, pode-se perceber que, apesar de terem jogado compactados entre a sua intermediária defensiva e o meio de campo, tanto o Furacão quanto os titulares do Cruzeiro apresentaram diferentes aspectos táticos.
No caso do Atlético-PR, a curta compactação entre os seus atacantes e defensores aumentaram as chances para que o sistema defensivo conseguisse evitar os gols do adversário e, ainda, facilitava o início do contra-ataque. Já que as linhas dos três setores estavam próximas em situação defensiva, e Marcelo e Éderson estavam próximos da linha do meio-de-campo. Já o comprimento da compactação do Cruzeiro titular foi média. Pois por mais que Júlio Baptista iniciasse a marcação no meio de campo, assim como Marcelo e Éderson no caso do Furacão, os defensores cruzeirenses se posicionavam pouco à frente da área de Fábio. Com esta média compactação, houve maior dificuldade para que o sistema defensivo mineiro funcionasse e para que o início do contra-ataque fosse realizado.
Além desta diferença de compactação, os sistemas defensivos também foram diferentes em ambas as equipes. O 4-4-2 em linha rubro-negro facilitou o início de contra-ataques durante o seu jogo. Pois os reservas do Cruzeiro atacava com um dos volantes e, assim, ficava somente um volante contra os dois atacantes do Atlético. O desenho tático, a seguir, mostrará uma jogada que foi realizada constantemente no jogo do Furacão:

Marcelo, ao receber a bola no meio de campo e nas costas do volante do Cruzeiro que subiu, tinha a opção curta de Éderson e ainda as longas no mesmo atacante e nos meias abertos do seu time. Percebe-se que a subida de um dos volantes da Raposa foi prejudicial para ela mesma durante o primeiro tempo desta partida.

O início de marcação no meio de campo e com os dois atacantes alinhados. 

As duas linhas de 4 do sistema defensivo do Atlético-PR.

Já os titulares do Cruzeiro teve como sistema defensivo o 4-4-1-1. Além disto, o San Lorenzo pouco atacava com um dos seus volantes, já que os seus laterais tinham características ofensivas e os volantes não. Como, muitas vezes, a Raposa procurou Ricardo Goulart -o meia central do time- para o início dos contragolpes, os dois volantes argentinos facilmente retiravam a bola do meia brasileiro. Deste modo, houve poucos contra-ataques do Cruzeiro durante toda primeira etapa. Observe o desenho tático adiante simulando esta jogada anteriormente descrita:

Ao se defender no 4-4-1-1 e com o San Lorenzo sem atacar com seus volantes, o Cruzeiro conseguiu armar pouquíssimos contra-ataques iniciados pelo seu meia central.

O sistema defensivo do Cruzeiro com as duas linhas de 4 e o seu meia central à frente sem função defensiva.

Além desta dificuldade em começar os contra-ataques mineiros, o Cruzeiro também sofreu com a dificuldade do seu ataque em criar amplitude para o mesmo. Diferentemente do Atlético-PR durante a partida do sábado, a Raposa não criou com amplitude e facilmente era bloqueada através do sistema defensivo do San Lorenzo. Pois haviam muitos jogadores de azul dentro do mesmo setor durante o ataque e, assim, facilitando o trabalho do Sano Lorenzo. Porém o sistema ofensivo do Cruzeiro apresentou profundidade no seu ataque, diferentemente do que este sistema atleticano. Durante o jogo entre o Furacão e a Raposa, do último sábado, o sistema ofensivo do Atlético-PR demorava em criar profundidade e, assim, lerdeava a própria projeção ao gol de Fábio. Veja pelas imagens a seguir, a demonstração de cada sistema ofensivo:

Sistema ofensivo do Cruzeiro criando profundidade, mas com pouca amplitude. Ou seja, o quarteto ofensivo da Raposa estava todo próximo e, assim, facilitava a marcação do San Lorenzo.

Sistema ofensivo do Atlético-PR com amplitude, mas sem profundidade. Ou seja, o quarteto ofensivo do Furacão criava afastamento da linha defensiva cruzeirense, mas não criava tanto perigo ao gol de Fábio.


Por fim, por mais parecida que fossem as propostas de jogo do Atlético-PR e do Cruzeiro com o time titular, elas apresentaram aspectos táticos diferentes entre si. Deste modo, pode-se notar que é possível jogar com propostas semelhantes, mas de maneira diferente.


Por Caio Gondo (@CaioGondo)