Atlético-PR e Cruzeiro fizeram um jogo bem interessante em Brasília. Interessantes em diversos aspectos, principalmente no tático. Para o início da partida, Miguel Ángel Portugal –técnico do Atlético-PR- começou no 4-4-2 em linha. Já o Cruzeiro, no seu tradicional 4-2-3-1.
Atlético-PR
no 4-4-2 em linha e o Cruzeiro no 4-2-3-1.
Porém como diferença dos outros 4-4-2 em linha que o técnico do Furacão
havia iniciado até então, a versão deste esquema contra o Cruzeiro contou com
diferentes funções táticas para os seus atacantes. Marcelo e Éderson fizeram a
compactação curta do time, iniciaram a marcação no meio de campo e deram “o
primeiro combate” em Souza e Nilton. Com este encurtamento entre a linha do
meio de campo e do ataque e quando um dos volantes do Cruzeiro subia ao ataque,
ou Marcelo ou Éderson era a primeira opção de passe para iniciar os
contra-ataques rubro-negros. Pois um destes atacantes tinha o espaço vazio deixado
pela subida ou de Souza ou de Nilton.
Com
a linha do meio de campo e a do ataque bem próximas, Nilton e Souza tiveram
dificuldades em realizar a saída de jogo do Cruzeiro (Reprodução: Sportv).
As
duas linhas de 4 do Atlético no primeiro tempo (Reprodução: Sportv).
Já o
Cruzeiro, no seu tradicional 4-2-3-1 e mesmo com os atacantes do Furacão
atrapalhando a saída de bola pelos seus volantes, continuou a insistir a saída
por eles. Já que Souza e Nilton foram os jogadores da Raposa que mais realizaram
passes (86 e 70 respectivamente). Veja pelo Heatmap da equipe de Minas, a
frequência da qual o time teve a posse de bola na faixa central do campo:
Mesmo
com marcação “especial” em cima de Souza e Nilton, os volantes do Cruzeiro
tiveram muitas oportunidades de tocar na bola.
Os
dois volantes do Cruzeiro ainda apresentaram outras características táticas
diferentes. Souza e Nilton frequentemente mudavam de lado, e com esta mudança,
modificava a tendência por onde a jogada azul-celeste se prosseguia. Nos
momentos quando Souza e Nilton estivam com os seus pés dominantes no mesmo lado
em que posicionavam (exemplo: Souza que é destro pela direita), a tendência da
jogada era prosseguir pelo mesmo lado. Já quando os seus pés dominantes estavam
“ao contrário” aos seus posicionamentos, as viradas de jogo foram constantes.
Tanto que o Cruzeiro acabou virando 18 vezes o lado da jogada.
A
marcação pressão desde a saída de bola adversária, a grande posse de bola (o
time terminaria com 67,30%) e maior quantidade de finalizações do que o
Atlético-PR (6 x 19), não fizeram o Cruzeiro terminar o primeiro tempo com
vantagem no placar. Pelo contrário. Dos 4 arremates que o Furacão fez na
primeira etapa, dois deles se converteram em gol. Já os 7 da Raposa, somente um
terminou em gol.
No
intervalo, Miguel Portugal tentou manter a organização e o padrão de jogo da
equipe do primeiro tempo, mas ele não contava com a expulsão do seu zagueiro
Dráusio, aos 2 do segundo tempo. O técnico do Furacão colocou o zagueiro Léo
Pereira no lugar de Marcos Guilherme. Já para recompor a linha do meio de
campo, Douglas Coutinho entrou no lugar de Éderson. Deste modo, a organização e
o padrão de jogo se mantiveram, mas a efetividade dos contra-ataques
diminuíram.
As
duas linhas de 4 do Atlético-PR no segundo tempo (Reprodução: Sportv).
Com
a saída de um dos atacantes, uma das válvulas de início de contra-ataque foi
desativada. Deste modo, bastava para o Cruzeiro segurar somente um volante para
que matasse o princípio de contragolpes começados por Marcelo. O volante
escolhido foi Nilton. Percebendo a situação do Furacão, Marcelo Oliveira,
técnico do Cruzeiro, colocou Dagoberto, Allison e Marcelo Moreno nos lugares de
Egídio, Tinga e Luan, respectivamente. Com estas substituições, o Cruzeiro
passou a jogar no 4-2-4, a empurrar o Atlético para o seu campo defensivo e a terminar
com a única jogada de início de contra-ataque através de Nilton em cima de
Marcelo.
Atlético-PR
no 4-4-1 em linha e Cruzeiro no 4-2-4.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)