quarta-feira, 18 de junho de 2014

Bélgica 2 x 1 Argélia - Com acertos nas trocas, Bélgica bate Argélia e lidera grupo H

Foi mais difícil do que todos esperavam. A "fantástica seleção Belga", como vem sendo chamada pela imprensa Europeia há tempos, não mostrou um futebol vistoso e extraordinário. Muito pelo contrário: sofreu para vencer a organizada seleção da Argélia pelo placar de 2 a 1. Sobrou nervosismo e desorganização para os Belgas, mas também qualidade. Foi sobretudo na individualidade que a Bélgica conquistou a sua primeira vitória no Mundial, mas Marc Wilmots teve a sua parcela de contribuição ao mexer de maneira correta na equipe e mudar o panorama da partida.

Os 70% de posse de bola não traduzem o comportamento da equipe Belga no primeiro tempo da maneira ideal. Apesar de trocar passes com qualidade, os favoritos não tinham profundidade e nem organização, encontrando dificuldades para penetrar na área do adversário. Willmots começou o jogo com uma escalação surpreendente: o 4-2-3-1 tinha De Brunye, que costuma jogar centralizado, aberto do lado direito, com Chadli centralizado e Hazard na esquerda. Os jovens De Brunye e Hazard trocavam de posicionamento à todo o momento com o intuito de confundir a defesa adversária, mas os Argelinos estavam sólidos em uma eficiente marcação por zona. Lukaku, que também poderia ser uma alternativa, foi pouquíssimo acionado.

A posse de bola da Bélgica se dava através de passes laterais, trocados sobretudo no campo defensivo. A única válvula de escape eficiente era Dembelé, de boa atuação, e as duas únicas chances de gol dos Belgas foram com chutes de longa distância disparados por Witsel, que por vezes trocava com Dembelé e progredia para o ataque. No mais, era uma equipe previsível e sem novidades. Já os Argelinos apostaram num sólido 4-1-4-1 quando atacavam, com grande compactação entre os setores. Taider e Bentaleb construiam as jogadas pelos lados, pressionando as costas de Aldeerweild e Verthoghen, enquanto Feghouli fazia o vai-e-vem no meio com intensa movimentação, tal qual costuma fazer na equipe do Valencia. A grande sacada da Argélia foi mudar totalmente de esquema enquanto defendia: o 4-1-4-1 virava um 5-1-4-0, com Bentaleb (que é volante no Tottenham) vindo para a lateral-esquerda e Gouhlam jogando por dentro. As compactadas linhas defensivas não davam espaço para que a Bélgica se aproximasse da área adversária, num movimento semelhante ao que a Holanda fez com a Espanha no 3o jogo da Copa. Com isso, a Argélia conseguia recuperar a bola e partir em rápidos contra-ataques. Foi assim no lance do gol, quando Feghouli puxou um rápido contragolpe que acabaria tendo por consequência o seu próprio gol, de pênalti, aos 25 da primeira etapa.

Bélgica 1o tempo: muita posse, pouca efetividade


Argélia: equipe compactada no 4-1-4-1 com variação de esquemas



Alguns dizem que, quando um treinador mexe bem na sua equipe, é porque estava vendo o jogo da maneira correta. Outros defendem a tese de que quem mexe bem está corrigindo uma escalação errada. No caso deste jogo, dá pra dizer que as duas opções estão corretas. O treinador soube analisar quem estava jogando mal, mas também surpreendeu com novas opções. Com as entradas de Origi e Mertens nos lugares dos apagados Lukaku e Chadli, a Bélgica passou a ter mais velocidade para fazer as penetrações e mais dinâmica também, já que De Brunye veio jogar por dentro (onde sabe), Mertens foi para o lado e Dembelé passou a atuar como meia. Apesar da boa atuação do jogador do Tottenham, o esquema se tornou ainda mais perigoso com Fellaini entrando no seu lugar. O atleta do Manchester United não atuou como volante: foi o segundo atacante que o time não tinha.

Com Fellaini vindo por dentro e pegando a defesa adversária desprevenida no 4-4-1-1, a Bélgica passou a ter uma opção ofensiva mais forte. O crescimento de produção de Hazard e De Brunye botou a equipe nos prumos. A Bélgica virou, fez 2 a 1, e poderia ter feito mais. No segundo tempo, a "incrível geração" mostrou que tem potencial, mas precisa de ajuste. Os próximos jogos dirão se é possível confirmar tal favoritismo...

Por Mateus Kerr (@mateuskerr)