domingo, 22 de junho de 2014

Bélgica 1 x 0 Rússia - Em duro embate, Bélgica triunfa e vai à próxima fase

A Bélgica mais uma vez teve que jogar distante de sua proposta de jogo ideal, e alguns jogadores terminaram rendendo aquém do esperado. Mesmo assim, liderados por Hazard e pelo jovem Origi, os Red Devils  conseguiram superar a defensiva, porém perigosa seleção da Rússia.
As formações iniciais das equipes. Bélgica e Rússia no 4-1-4-1.
A Bélgica veio no 4-1-4-1, semelhante ao exibido na parte final do jogo contra a Argélia, porém com algumas mudanças funcionais em relação à vitória passada. Os laterais e o volante Witsel não se lançavam muito ao campo ofensivo, visando dar mais liberdade aos meio-campistas e pontas. Fellaini tinha diversas funções na equipe além do seu papel na armação de jogadas. Frequentemente se posicionava ao lado de Lukaku na área, buscando oportunidades para se aproveitar de sua altura e de sua vocação para o jogo aéreo. Em alguns momentos, também se projetava pelo lado direito para construir jogadas com Mertens, papel esse semelhante ao de De Bruyne, que na outra ponta trabalhava com Hazard. Na transição ofensiva, buscavam acionar rapidamente os pontas, principalmente Mertens, que agia como inside forward, tentando entrar na área em diagonal, além de fazer o papel tradicional de um ponta, buscando a linha de fundo para tentar cruzamentos.

A equipe da Rússia também usou como formação-base o 4-1-4-1, e como estratégia ofensiva a veloz saída de bola pelos lados, aproveitando os corredores deixados pelos alas belgas que pouco marcavam, e pelos laterais que recuavam ao invés de dar combate. Os early crosses  buscando o centro-avante Kokorin também foram frequentes. Sem a bola e com o adversário atacando, Glushakov procurava incorporar-se à última linha defensiva, como um terceiro-zagueiro. Samedov ficou mais preso, pois provavelmente Fabio Capello solicitou que o jogador marcasse individualmente Hazard. Dessa forma, Shatov muitas vezes foi quem se projetou pelo lado direito. A troca e inversão de posições foi muito frequente no lado russo, com Fayzulin ou Shatov saindo do meio para construir o jogo pelo lado esquerdo, enquanto Kokonnikov avançava pelo meio.
Neste flagrante, percebe-se Glushakov compondo a última linha defensiva, fato frequente na primeira etapa (Reprodução: FIFA/ESPN Brasil).
O primeiro tempo foi de um domínio inócuo por parte da Bélgica, que, atuando fora de seu estilo ideal, o contragolpe, precisava controlar a partida, porém não obteve muito sucesso. Mertens foi o escape pelo lado direito, onde criou oportunidades para si e para seus companheiros, enquanto Hazard esteve sob forte marcação e não apareceu, e Lukaku estava estático e foi pouco acionado. A marcação belga, que poderia ser uma boa alternativa para que a equipe conseguisse o controle efetivo da partida, não pressionava a saída de bola, só se fazendo presente após a metade do campo. A Rússia estava mais confortável em sua estratégia e buscava sair em velocidade nos contra-ataques, porém sem alas de tanta técnica, conseguiu apenas finalizações de fora da área. Um cruzamento de Glushakov que encontrou Kokorin na área belga foi a grande chance de gol nos primeiros 45 minutos.
Não havia pressão da Bélgica à saída de bola adversária, e nem mesmo na intermediária. Somente na metade do campo a marcação se intensificava (Reprodução: FIFA/ESPN Brasil).
No segundo tempo houve uma queda de produção de ambas as equipes, estando a Rússia ligeiramente melhor, passando a exercer o domínio do meio-campo, e fazendo certa pressão sobre o volante Witsel. O técnico Marc Wilmots fez uma boa leitura do jogo, ao retirar Lukaku da partida, substituindo-o por Divock Origi, jovem atacante do Lille, capaz de jogar centralizado e também cair pelos lados. A mudança surtiu efeito, e a equipe belga melhorou sua movimentação ofensiva, criando espaços na defesa russa.

Capello tentou uma alternativa mais ofensiva na lateral direita da Rússia, trazendo Eshchenko no lugar de Kozlov. O mesmo Eshchenko perdeu grande chance após um bom lançamento de Shatov. Nesse ponto, o ala Samedov já avançava com mais frequência e chegou a incomodar com seus cruzamentos. A entrada de Mirallas no lugar de Mertens buscou trazer vitalidade ao lado direito belga, que já crescia no jogo como um todo. Na bola parada, o próprio Mirallas acertou a trave de Akinfeev. Aos 42, a Rússia se lançava de forma tímida ao ataque, quando foi surpreendida por um incrível contragolpe em velocidade protagonizado por Hazard e Origi pela esquerda, culminando no gol do jovem atacante de 19 anos, que deu a classificação antecipada aos Diabos Vermelhos.

A seleção belga, que ainda não empolgou o público e a mídia em geral, não teve ainda a oportunidade de mostrar seu estilo de jogo característico em sua plenitude, pois seus dois adversários até agora preferiram adotar uma estratégia cautelosa e defensiva. A maior virtude desse elenco é o contra-ataque veloz pelos lados, e contra um adversário que busque propor o jogo, talvez a verdadeira Bélgica apareça e surpreenda nesse Mundial.

A equipe russa possui talentosos jogadores pelo meio e um bom atacante, mas ainda há limitações pelos flancos, justamente por onde a equipe mais busca realizar suas ações ofensivas. Fabio Capello busca principalmente a renovação e pensa em 2018 como foco principal, mas a seleção russa ainda parece longe do ideal nesse momento.
Por Felipe de Faria


A melhor cobertura tática da Copa de 2014 é aqui, na Prancheta Tática!