sexta-feira, 20 de junho de 2014

Austrália 2 x 3 Holanda - Em grande jogo, Holanda mostra alternativas e vence no detalhe a Austrália

Depois do chocolate Holandês diante da Espanha, todos achavam que o outro show da Laranja Mecânica viria diante da Austrália, já que a equipe da Oceania havia sido derrotada na primeira partida da competição e tem - teoricamente - o time mais fraco na chave. Ledo engano. Os australianos fizeram uma partida de muita superação e força física, chegando a estar na frente do placar. A derrota para a Holanda, entretanto, veio por merecimento da equipe de Van Gaal, que soube mudar o seu sistema tático quando necessário para vencer a partida.

Van Gaal treinou durante a semana com um atacante a mais, Lens, por isso se esperava uma equipe mais ofensiva para um duelo onde a Holanda naturalmente teria que se impôr diante do seu adversário. Isso acabou não acontecendo, e a surpreendente escalação foi a mesma que bateu a Espanha na estréia. O problema é que a Austrália tinha jogadores de muito mais força física, o que por vezes foi determinante no primeiro tempo. Postada num 4-2-3-1, a equipe de Postecoglou trocava passes com relativa facilidade e sempre ganhava a segunda bola do adversário. Com o veterano Bresciano em tarde inspirada e funcionando como o principal articulador da equipe, o meio Australiano deu liga e criou dificuldades para os adversários. Os meias-extremos Lecki e Oar iam e voltavam à todo o momento, fazendo com que a Austrália sempre tivesse um homem a mais no setor mais importante do gramado. Embora a estratégia Holandesa fosse dar ao adversário a posse de bola - assim como fez diante da Espanha - a Laranja Mecânica não esperava tamanha eficiência do adversário. No desespero, Van Gaal optou por recuar Sneijder para a linha de marcação do meio-campo em alguns momentos, desgastando o experiente jogador e prejudicando a transição defensiva-ofensiva nos contragolpes.

O time da Holanda teve duas mexidas táticas em relação ao primeiro jogo: Blind jogou mais avançado, com o limitado Martins Indi indo para a zaga, e Robben trocou de lado com Van Persie: passou a atuar pela esquerda, com o atacante do United caindo pela direita. Desde o primeiro minuto o time de Van Gaal claramente só buscava os contra-ataques. O primeiro veio aos 20 minutos e foi mortal: lançamento longo após o desarme, bola no pé de Robben no lado esquerdo, o atacante avançou mais de 40 metros e chutou no canto: 1 a 0. A resposta australiana foi imediata: menos de um minuto depois, o veterano Tim Cahill fez um golaço de voleio para empatar a partida. Os números mostravam o quanto o resultado era justo, já que aos 37 minutos ambas as equipes tinham 50% de posse de bola e o mesmo número de finalizações.

Dizem que os times vencedores também tem que contar com um pouco de sorte. O acaso acabou atingindo a Holanda com a lesão de Martins Indi. Van Gaal resolveu colocar um atacante no seu lugar, o jovem Depay - e não Lens, que havia treinado como titular - no final do primeiro tempo. O garoto mudaria a história do confronto.

1º tempo: 4-2-3-1 da Austrália contra 3-4-3 da Holanda




No segundo tempo, a Holanda postou o tradicional 4-3-3.  Blind e Janmaat voltaram para se tornar laterais, Sneijder voltou para ser o articulador e Depay entrou como um atacante aberto pelo lado esquerdo, com Van Persie centralizado e Robben na direita. No começo, era claro que os jogadores holandeses estavam um pouco perdidos em campo. A Austrália seguiu se impondo com o mesmo ritmo forte do primeiro tempo, enquanto a Holanda errava passes fáceis, sinal claro de que os jogadores não se achavam em campo. Em um desses lances, o goleiro Cilessen errou na saída de bola que culminou em um pênalti favorável aos Australianos: 2 a 1.

O gol do adversário parece ter acordado a Holanda, que percebeu que teria de se impôr se quisesse vencer a partida. Mérito ou sorte, Van Persie fez bonita jogada individual pela esquerda para empatar a partida apenas 4 minutos depois da virada Australiana. Com a saída de Bresciano, a Austrália passou a usar mais os passes longos - uma clara evidência também de que o time estava mais cansado na comparação com o adversário. A tática, entretanto, funcionou aos 19 minutos, quando Janmaat perdeu a bola no lado direito e o lançamento longo australiano encontrou Oar livre, ele cruzou com perfeição e Cahill, que perdeu gol feito.

Dois ditados se fizeram verdade através desse lance: contra time grande não dá para errar nada e quem não faz, leva. O naquele momento injusto e evidente castigo dos Australianos veio apenas um minuto depois do lance desperdiçado por Cahill, em uma finalização de muito longe de Depay, que já vinha infernizando o lado direito de defesa da Austrália. O jovem resolveu cortar por dentro e arriscar do meio da rua, o goleirão Ryan aceitou e a Holanda chegou à sua segunda vitória na Copa. Há de se destacar que a Austrália vem sofrendo com goleiros desde que Shwarzer, do Chelsea, se aposentou da seleção, há apenas 4 meses. Desde então, vários jogadores tem se revezado na meta australiana - nenhum com atuações convincentes.

O gol acabou de vez com as pretensões da Austrália. A Holanda se impôs no final do segundo tempo, teve chances de ampliar, mas as desperdiçou. No final, o 3 a 2 foi um resultado justo para este belíssimo jogo. Um partida que teve uma mudança tática importante de Van Gaal que acabou sendo determinante pro resultado, mas que foi decidida muito mais pelas individualidades da Holanda do que por sua organização. Uma vitória que credencia a Laranja Mecânica ainda mais na sua tentativa de um título mundial que seria inédito.

Holanda no 4-3-3: time teve dificuldades, mas se impôs no 2º tempo



Por Mateus Kerr (@mateuskerr)