domingo, 1 de junho de 2014

Inter joga melhor, mas desperdiça chances contra o Fluminense em um baita jogo

O jogo aconteceu em Macaé, mas a gíria que o classifica é bem gaúcha: foi um baita jogo. Pra quem não entendeu, a expressão exalta o alto nível técnico da partida entre dois postulantes a título no Brasileirão. Os números da posse de bola (49% para o Flu e 51% do Inter) e o número de finalizações (8 contra 6, sendo 3 certas para cada lado) mostram todo o equilíbrio do primeiro tempo entre Fluminense e Internacional.
A ideia do Inter era explorar os contra-ataques, sem, entretanto, abdicar da boa troca de passes que tem sido a marca do time de Abel Braga no Brasileirão. 

Já o embalado Tricolor das Laranjeiras tinha o mando de campo, por isso era a equipe que tinha o ímpeto dentro da partida. O Flu veio num 4-4-1-1, com Conca e Chiquinho abertos pelas pontas e Rafael Sóbis com liberdade total para se movimentar. Ele tinha total liberdade de movimentação, abrindo pelas duas pontas, além de compor o ataque com Walter quando necessário. A movimentação de Sóbis, entretanto, era monitorada de perto pelos defensores Colorados, que atuaram em uma consistente marcação por zona. 

Com Chiquinho discreto, a principal jogada do Flu era pelo lado esquerdo, principalmente nas subidas simultâneas de Carlinhos e Jean, assessoradas por Dario Conca. Para que não sobrasse um jogador no setor ofensivo, Jorge Henrique – originalmente um ponta-direita – recuava até a lateral-direita para não deixar o jovem Claudio Winck no mano-a-mano com os adversários.

Para suprir a ausência dos titulares Alex e Aranguiz, Abel Braga “sacrificou” D´Alessandro, tirando-o da tradicional zona ofensiva e colocando o Argentino mais recuado, sendo a principal referência na criação das jogadas. Na frente, Jorge Henrique e Alan Patrick atuavam abertos pelos lados, mas voltavam a todo o momento. Era clara a intenção do Inter de jogar fechado e atuar nos contra-ataques. No começo da partida, o time tinha muitas dificuldades em fazer a saída de jogo, já que o Fluminense exercia marcação-pressão para cima do adversário. Winck não encostava em Ernando, e o zagueiro era obrigado a fazer a ligação-direta. 

O problema foi resolvido por volta dos 20 minutos, quando Wellington recuou um pouco e passou a encostar em Willians para auxiliar nessa saída de bola. E – coincidência ou não – foi justamente aos 21 que o Inter abriu o placar.

O gol nasceu em um contra-ataque muito bem articulado por Alan Patrick. Ele deixou a sua posição inicial (p.i) e recuou para o centro do gramado, lançando a bola no vão entre os dois zagueiros do Fluminense, que encontravam-se fora de posição. Jorge Henrique – a aposta de Abel – se projetou no espaço e deu um toque talhado no canto do goleiro Diego Cavalieri, que nada pôde fazer.


Heatmap de D´Ale: meia praticamente não entrou na área.

O empate – justo pelo que o Tricolor fez na partida – nasceu através de uma irregularidade. Aos 31, Chiquinho lançou pelo lado esquerdo, Rafael Sóbis, impedido, escorou para Jean, que se projetou e arrematou no canto de Dida. Detalhe: os jogadores do Inter não acompanharam a movimentação de Jean.

Heatmap de Jean: projeção do volante confundiu marcação Colorada.

1º tempo: Fluminense ataca, Inter se defende.

O segundo tempo foi de domínio do Internacional. Com 8 finalizações contra apenas duas do Fluminense, o Inter comandou as ações desde o início da etapa final. A principal vantagem Colorada era o meio-campo. Com um meio compacto e de rápida transição defesa-ataque, o time de Abel Braga não deu espaço nenhum para o Tricolor Carioca. Wellington passou a vigiar de perto Conca, que não apareceu mais. Sem a inspiração do Argentino, o Flu teve grande dificuldade na criação. O Inter também passou a pressionar a saída de bola do adversário com os seus homens de frente, fazendo com que a defensiva Tricolor passasse a utilizar a ligação direta.

A combatividade do Inter cresceu com a intensa movimentação de Wellington Paulista. Por vezes, o atacante deixava a área e se revezava com os companheiros de meio, deixando Jorge Henrique como o falso-9 e confundindo a defensiva do Fluminense. As trocas de Abel surtiram efeito, já que os jovens Valdívia e Sasha trouxeram intensa movimentação à equipe. Os dois, entretanto, foram os responsáveis por desperdiçar três chances claras de gol. O Colorado criou, mas não conseguiu converter as suas chances para vencer a partida.

Heatmap de Wellington Paulista: atacante caiu pelos lados no 2º tempo.


Se o Inter cresceu na segunda etapa, o Fluminense foi justamente o contrário. Cansado, o time não apresentou o mesmo rendimento da etapa inicial. Cristóvão Borges tentou substituir a sua equipe, mas os jovens das Laranjeiras entraram mal na partida e acentuaram a queda de produção da equipe.

2º tempo: Inter preenche o meio e vai pra cima. Flu desorganiza e recua.


Por Mateus Kerr (@mateuskerr)