segunda-feira, 21 de julho de 2014

Com chocolate à lá Fernandão, Inter goleia o Flamengo

O dia era de homenagens para o eterno ídolo Colorado, Fernandão. Esteja onde estiver, o ex-camisa 9 do Inter certamente ficou orgulhoso da produção do seu time na tarde deste domingo. Parecia um jogo do time do ex-capitão, que goleava os adversários impiedosamente na melhor geração da história Colorada. Com D´Alessandro em tarde inspiradíssima, o dono da casa despachou o Flamengo com um humilhante 4 a 0 - placar que poderia ter sido muito maior pelo que foi visto em campo. O rubro-negro carioca segue na lanterna do campeonato, com uma produção nada convincente.

O Inter começou a partida no 4-3-3 que o consagrou no primeiro semestre (e foi inexplicavelmente abandonado no duelo com o Corinthians), tendo a volta de dois dos seus principais jogadores: Wellington e Aránguiz. O chileno, que brilhou na Copa do Mundo, é fundamental para o esquema de movimentação intensa proposto por Abel Braga. Willians ficava posicionado em uma primeira linha, com Aránguiz e Wellington ligeiramente à frente, ambos com a tarefa de armar e desarmar. Na frente, Dale e Alan Patrick atuavam abertos pelas pontas, mas fechavam quando havia a necessidade de marcar. O argentino por vezes vinha por dentro para buscar o jogo, tornando-se quase um enganche e revezando no seu posicionamento com Aránguiz. O Inter atuava de maneira compactada e trocando passes curtos, mas sempre com efetividade. O Flamengo tentava, mas não conseguia tomar a iniciativa nas jogadas. O jogo era todo do time gaúcho.

Ney Franco mudou o esquema para a partida, colocando o Flamengo num 4-4-2 com duas linhas de 4 bem definidas. Marcio Araújo atuou improvisado como lateral-direito, dando liberdade para Léo Moura ser uma espécie de winger pelo mesmo lado. Do outro lado, a dupla André Santos-Mugni fazia a mesma função, com Nixon e Alecsandro à frente. Em praticamente nenhum momento do jogo o rubro-negro conseguiu marcar o time do Inter, mas o setor que mais apresentava falhas era o defensivo, no lado esquerdo. Mugni não acompanhava ninguém, deixando André Santos sempre no mano-a-mano contra pelo menos dois Colorados. Pelo menos cinco chances efetivas de gol foram criadas por ali só no primeiro tempo. Quando tinha a bola, o Flamengo procurava Mugni, único jogador que articulava no time. Entretanto, a transição defesa-ataque sempre se dava de maneira muito lenta, e o argentino já recebia a bola vigiado de perto pelos adversários.

Duas características dessa equipe do Inter no Brasileirão se fizeram presentes no jogo e ajudaram a construir a goleada. A primeira foi a subida mútua dos laterais. Fabrício e Wellington Silva subiam ao mesmo tempo para o ataque, fazendo a defensiva do Flamengo bater cabeça. O Colorado sempre tinha um jogador livre quando atacava, e esse atleta era facilmente acionado pela precisão de passes e inversões de bola proporcionada por D´Alessandro e Aránguiz (foram 20 inversões bem sucedidas em todo o jogo). Outro mérito é a constante troca de posicionamento de três jogadores: D´Ale, Aránguiz e Alan Patrick. Os três se movimentavam à todo o momento e davam muita opção aos companheiros, fazendo com que Recife e Amaral nunca os achassem.

Apesar do domínio, o primeiro gol do Inter acabou saindo em uma bola parada, numa cobrança ensaiada. Depois disso, Aránguiz saiu lesionado. Era a hora de Carlos Luque estrear. O jovem argentino decepcionou, entrando na partida num ritmo totalmente diferente dos demais companheiros. Sem a movimentação de Aránguiz, o Inter caiu de produção, e o Flamengo teve a posse de bola por alguns minutos. A falta de qualidade, entretanto, acabou sendo determinante para que o rubro-negro não conseguisse criar nenhuma chance efetiva de gol. Abel mexeu taticamente na equipe para tentar barrar esse movimento, invertendo Luque e Alan Patrick. O argentino passou a atuar aberto pelo lado esquerdo de ataque, mas voltava para marcar por dentro quando o Inter perdia a bola. Rafael Moura era o centroavante, mas se deslocava para o lado esquerdo e fechava a subida de Marcio Araújo quando o time estava sem a bola.

O Inter - organizado - suportou os minutos em que não teve o ímpeto do jogo. O Flamengo - desorganizado - acabou sucumbindo no último minuto da etapa inicial. Em mais uma das incontáveis escapadas de Wellington Silva, o lateral foi atingido por um carrinho mortal de Chicão. Pênalti, expulsão e 2 a 0 no placar. O lance iria acabar tirando de vez as chances do Flamengo de virar a partida.

1o tempo: Inter domina ações sempre com um jogador a mais no meio



O Inter jogou demais no segundo tempo. Criou pelo menos 10 chances de gol, convertendo duas. Mesmo em tarde pouco inspirada do centroavante Rafael Moura e do estreante Luque, o Colorado sobrou na segunda etapa. Além de ter um homem a menos em campo, o Flamengo sucumbiu também em função da falta de convicção de Ney Franco. No intervalo ele tirou Nixon, um homem de frente, e colocou o zagueiro Fernando. Apenas cinco minutos depois, recolocou um atacante - desta vez Negueba - abrindo mão de Amaral. Com Recife sempre sozinho contra pelo menos 3 homens de meio do Inter, o "baile" aumentou. Foi necessário sofrer mais um gol - o 3o, de Fabrício - para que Franco resolvesse reorganizar a sua defensiva. Tarde demais, entretanto, para evitar mais um vexame do lanterna do Brasileirão.

Abel Braga ainda colocaria Alex no lugar de Luque. O meia entrou bem demais na partida, reorganizando o setor de criação e aproveitando para fazer o quarto gol da partida. No final das contas, foram 20 finalizações em gol do Inter contra NENHUMA do Flamengo, que chutou apenas uma vez contra o gol de Dida e errou o alvo.


2o tempo: No 11 x 10, Inter "encaixota" o Flamengo


Por Mateus Kerr (@mateuskerr)