quinta-feira, 3 de julho de 2014

Especial Brasil x Colômbia - Como a seleção brasileira está sendo armada pelo Felipão

Para o próximo jogo contra a Colômbia, Luiz Felipe Scolari tem, aparentemente, testado variações no esquema tático e nas opções de outros jogadores no time titular. Opções não faltam no elenco verde-amarelo, mas faltam consistência e histórico de utilização dessas variações e opções em jogos oficiais. Felipão sabe disso.


Em treinos recentes, o 4-3-3 foi testado através dessa formação do time “titular”:

A provável formação do 4-3-3 testado em treinos recentes comandados por Luiz Felipe Scolari. Ele está sem as indicações de movimentações, pois não há certeza de quais movimentações estes jogadores realmente fizeram e nem de que se eles foram mesmo colocados nestas posições.

Apesar de não haver certeza de muita coisa testada nestes treinos com estes jogadores, podem-se perceber alguns pontos táticos dos quais Felipão acredita que seus jogadores fazem taticamente.

O primeiro deles é que Daniel Alves não tem conseguido render o que tanto se esperou dele nessa Copa do Mundo. Tanto no quesito defensivo, quanto no ofensivo. Embora o Brasil tenha sofrido dois gols pelo seu lado, eles não foram somente culpa do camisa 2 brasileiro. Ele teve culpa, mas não foi só ele. Já no quesito ofensivo, Daniel Alves não tem dado a amplitude necessária para a saída de jogo curta para a seleção brasileira em campo defensivo.

Com a bola estando em posse com a seleção brasileira em campo defensivo, Daniel Alves, contra a Croácia e assim como todos os outros jogos do Brasil nessa Copa, não se posicionou bem aberto. Deste modo e quando ele recebe a bola, o time adversário facilmente irá consegue marcar ele e o meia aberto brasileiro mais próximo. Pois quando a equipe adversária balança para o lado da bola corretamente, marcar o meia aberto é conseqüência fácil para o lateral e é mais rápido marcar um adversário mais próximo do meio do que do lado –caso de Daniel Alves. Perceba pela imagem, três croatas balançando corretamente para o lado esquerdo do campo e, assim, prestes a fazer 3x2 contra Daniel Alves e Oscar. O camisa 2 foi presa fácil quando não se posicionava aberto pela direita.

Já outro ponto que, aparentemente, está aparecendo na cabeça de Felipão é a movimentação na transição defesa-ataque de Paulinho. Este volante, que desde a época de Corinthians, não é jogador que recuava para realizar a saída curta do seu time. Em 2014, Paulinho continua não fazendo isso. Desde que este volante começou a aparecer muito no cenário brasileiro, ele é um volante que pouco toca em campo defensivo, mas que em campo ofensivo consegue perceber o espaço no sistema defensivo adversário para se infiltrar na área. Por isso que Luiz Felipe colocou Henrique e Fernandinho para compor o meio do campo verde-amarelo com Paulinho nos treinos.

Henrique e Fernandinho são dois volantes que têm boa precisão nos passes curtos e ambos já jogaram na posição com Felipão. Vale enaltecer Henrique. Este jogador, nos tempos de Palmeiras e sendo comandado pelo atual técnico da seleção brasileira, jogou centralizado no meio do campo e alinhado com João Vitor, Marcos Assunção e Luan. Ou seja, na transição defesa-ataque com a bola dominada, Henrique poderá ocupar o posicionamento deixado por Paulinho.

Ainda nessa mesma transição, Neymar poderá ser outro beneficiado com esta nova formação da seleção brasileira. Com o avanço à frente sem bola de Paulinho, o camisa 8 do Brasil poderá passar a ser a “referência” do ataque verde-amarelo e, assim, criar alguma profundidade para o sistema ofensivo. Já que com Neymar no “comando do ataque” e ele recuando para utilizar os espaços entrelinhas do sistema defensivo adversário, o camisa 10 brasileiro passará a não dar mais a profundidade necessária para o seu ataque. Paulinho, com o resguardo de Henrique e Fernandinho, poderá ser. Com isso, o 4-2-3-1 das primeiras rodadas do Brasil passa a ser utilizado como o posicionamento ofensivo do time. 

Como parte do sistema ofensivo, Paulinho –assim como em todos os outros jogos do Brasil nessa Copa- avança sem bola, Henrique passa a ocupar o seu posicionamento no meio do campo e Neymar continua a se posicionar onde tem rendimento muito nesse torneio mundial. Deste modo, o 4-2-3-1 é utilizado como o sistema ofensivo do 4-3-3 testado por Felipão.

Estas movimentações individuais somadas às de equipe apresentadas pela Seleção até aqui –realização de pressão já próximo da intermediária ofensiva, compactação do time em cerca de um terço do campo, marcação por zona do sistema defensivo, balanço defensivo na maioria das vezes de seus meias de lado e manutenção da bola enquanto seu adversário não o pressiona em campo defensivo-, indicam muitos indícios de que o 4-3-3 poderá ser utilizado contra a Colômbia. Já que esta seleção sul-americana apresenta laterais ofensivos, James Rodriguez se movimentando em todo campo ofensivo, duas meias de lado bem habilidosos e, ainda, com o centroavante –Gutiérrez- que sai da referência do ataque para dar seqüência para o seu ataque no espaço entrelinhas do sistema defensivo adversário, um 4-3-3 é um bom esquema para atrapalhar todos estes pontos fortes ofensivos colombianos.

Mas como estamos tratando de Luiz Felipe Scolari e suas insistências, o 4-2-3-1 foi também utilizado e tem maiores chances de ser utilizado como esquema inicial contra a Colômbia. No período no qual este esquema foi utilizado, Paulinho “entrou” na vaga de Luiz Gustavo e Daniel Alves esteve entre os titulares.

A provável escalação inicial do Brasil contra a Colômbia.

Este esquema com estes jogadores apresenta alguns pontos fracos. Um deles é o lado direito defensivo verde-amarelo. Seja com um dos meias (Hulk ou Oscar), Paulinho e Daniel Alves, este lado defensivo brasileiro irá apresentar as mesmas falhas defensivas dos outros jogos. Os meias não têm conseguido ocupar todos os espaços defensivos que Daniel Alves deixa e que Paulinho não tem conseguido cobrir. Já que o camisa 2 tem avançado muito e desnecessariamente, e de que Paulinho não consegue fazer simultaneamente a cobertura destas subidas de Daniel Alves e as suas subidas ao ataque do Brasil. Veja em outro exemplo de imagem desta falha defensiva do lado direito brasileiro:

Na imagem, Daniel Alves cobrou o lateral e, mesmo assim, Paulinho avançou. Com isso, o volante trouxe mais um croata para o campo defensivo, não conseguiu subir ao ataque de surpresa, encurralou Neymar e Oscar com 4 croatas e ainda deixou o espaço vazio à frente de Thiago Silva e ao lado de Luiz Gustavo. Daniel Alves e Paulinho no mesmo lado têm causado problemas para o sistema defensivo do Brasil.

E o último ponto fraco deste 4-2-3-1 com estes jogadores vai ser a, provável, extinção da saída de 3. Pois como Luiz Gustavo está suspenso, Fernandinho não fez isso nos jogos em que realizou pela seleção brasileira e de que Paulinho não participa da saída de bola curta do Brasil, possivelmente este tipo de saída não irá acontecer contra a Colômbia. Porém no 4-3-3 e com Henrique como volante, esta saída volta a ser opção de jogo.

Por outra via, o 4-2-3-1 com somente a entrada de Paulinho no lugar de Luiz Gustavo tem o seu ponto forte a maior compreensão dos jogadores neste esquema. Pois foi o 4-2-3-1 o único esquema utilizado até aqui durante esta Copa do Mundo por Luiz Felipe Scolari.


Por Caio Gondo (@CaioGondo)