O Ceará jogou mais. O experiente técnico Sérgio Soares montou a sua equipe de maneira perfeita para a partida contra o favorito Inter, no Beira-Rio. Abel Braga escalou o que tinha de melhor para esse jogo, mas não foi capaz de fazer a leitura correta do que estava acontecendo. Melhor para o líder da Série B, que com a polêmica vitória - com direito a gol irregular e Dida defendendo pênalti - encaminhou a vaga na Copa do Brasil.
O primeiro tempo já começou com domínio total do Ceará. Trocando passes e envolvendo o Inter, o time de Sérgio Soares criava boas chances. Postado no 4-4-2 em duas linhas de 4, o Ceará tinha Nikão e Eduardo nas pontas, com João Marcos e Ricardinho por dentro. Magno Alves, embora se posicionasse como um atacante, recuava em muitos momentos para compôr o meio-de-campo, chegando a atuar até como um volante em alguns momentos da partida. Não havia mais de 40 metros de distância entre a primeira e a terceira linha do Ceará, numa clara intenção de dificultar a saída de bola e forçar o lançamento longo por parte do Inter. Embora o Colorado tenha bons lançadores, Sérgio Soares sabia que não se trata de uma equipe com grande velocidade.
Linhas compactadas do Ceará: equipe só usava faixa central do gramado
O Inter iniciou a partida no seu habitual 4-3-3, mas tomou um choque diante do posicionamento diferente do Ceará. A equipe Cearense só não ficou à frente do placar porque Dida pegou o pênalti cometido por Willians. Abel trocou a forma de marcar, posicionando o Inter com um quadrado no meio, com a projeção de Winck e o recuo de D´Alessandro. O problema é que o Ceará sempre tinha, pelo menos, um homem a mais no meio, em função do recuo de Magno Alves. Além disso, os laterais passaram a bater de frente uns com os outros. Nesse duelo, Vicente passou a ficar no mano-a-mano com Gilberto, o vencendo no confronto pessoal e criando várias jogadas de perigo para os visitantes.
Embate no meio de campo: Ceará sempre com vantagem numérica
O Inter só conseguiu finalizar duas vezes no primeiro tempo, ambas em descidas de Winck pelo lado direito, como um falso-ala. Do meio pro final do 1º tempo, o Colorado até passou a ter a posse de bola, mas não conseguia passar da linha do meio de campo. A saída de bola nunca dava certo, em função dos muitos erros de passe de Willians e da pouca velocidade de Gilberto e Fabrício. Sérgio Soares conseguiu fazer com que a bola não chegasse no setor de criação do Inter. Por vezes, Dale e Alex recuavam para armar o jogo, mas, vigiados de perto, não conseguiam dar a sequência necessária às jogadas.
A tônica do segundo tempo não mudou. O Inter voltou melhor na maneira anímica, mas sem corrigir os seus erros. Abel Braga errou ao não mexer na equipe. O Ceará, ao contrário, seguiu pressionando, e conseguiu chegar ao seu gol com Nikão, em mais uma falha de Willians. O volante Colorado perdeu a bola no meio e proporcionou o contra-ataque para o adversário. Nikão venceu Juan na corrida e só teve o trabalho de deslocar Dida.
Aí, Abel cometeu outro erro ao colocar Wellington Paulista no lugar de Gilberto. A mudança não trouxe mais velocidade ao Inter, e a bola seguia sem chegar nos seus dois centroavantes. O Ceará trocou o extenuado Magno Alves por Michel, tendo um homem a mais na contenção. O Colorado só chegava na bola parada, obrigando Tiago a praticar duas defesas. A equipe de Sérgio Soares, mais desgastada fisicamente, passou a fazer a chamada "cera", protelando o andamento regular da partida. Faltavam apenas 10 minutos para o final da partida quando Abel Braga finalmente colocou Alan Rushel e Luque - as tais opções de velocidade que faltavam ao Inter.
Ainda deu tempo do Inter empatar, com Alan Rushel, e sofrer um novo golpe com o gol da vitória Cearense. A irregularidade no gol de Ricardinho - o jogador já estava esperando à frente da linha de meio no momento da saída de bola - não tira os méritos do Ceará e as deficiências apresentadas pelo Inter. No duelo tático, 2 a 1 para Sérgio Soares, que leva uma excelente vantagem para o jogo de volta, no Castelão.
Final do jogo: pressão do Inter, segurança do Ceará
Por Mateus Kerr (@mateuskerr)
