segunda-feira, 25 de agosto de 2014

A providencial vitória do Palmeiras

Em noite de comparecimento em bom número da torcida do Palmeiras e na véspera do centenário do clube, a vitória do Verdão em cima do Coritiba foi providencial. O Porco e Gareca precisavam dessa vitória. Para a primeira conquista deste técnico argentino no Campeonato Brasileiro, o Palmeiras e o Coritiba começaram no 4-2-3-1:

Palmeiras e Coritiba, apesar de suas peculiaridades de movimentação, atuaram no 4-2-3-1 durante todo o primeiro tempo.

No primeiro tempo, tanto o Palmeiras quanto o Coritiba atuaram, de certa forma, compacta nas ações do jogo. O Porco demonstrava mais organização neste aspecto, pois Henrique, Lúcio e Tobio apresentaram mais entendimento de jogo do que Leandro Almeida, Weliton e Keirrrison –principalmente deste último. Os zagueiros alviverdes procuravam encurtar a compactação junto com a equipe, enquanto que Leandro Almeida e Weliton nem tanto. Já Henrique, muitas vezes, se alinhou a Leandro em ação defensiva, enquanto que Keirrison ficava fora da jogada e, com isso, alargava a compactação do Coxa. A imagem adiante mostrará a compactação dos dois times no terço central do campo e Keirrison fora do jogo:

Na imagem, percebe-se as duas equipes compactadas no terço central, e Keirrison fora do terço central do campo. Com este posicionamento equivocado do centroavante coxa-branca, a compactação do time dele se alargava e ele, por consequência, ficou fora do setor da bola em várias jogadas. A sua substituição ainda no primeiro tempo foi acertada por Celso Roth.

Já devido à movimentação do meio-de-campo de cada equipe, que o primeiro tempo teve maior domínio do Verdão paulista do que do Paranaense. O trio de meias do Coritiba apresentou em Robinho –assim como Allione pelo Palmeiras-, o conhecimento da função tática da posição em campo. O camisa 20 do Coxa movimentava inteligentemente ofensivamente e, defensivamente, marcava o lado direito e todo o seu setor quando a bola estava no lado oposto. Já Zé Love, não marcava corretamente o setor. O camisa 7 coxa-branca não balançava defensivamente para o lado da bola. Na imagem a seguir, terá uma das falhas de Zé Love em ação defensiva:

Enquanto a bola estava no direito do sistema defensivo do Coritiba, Zé Love –assim como vários jogadores brasileiros no Brasil- encosta somente no lateral adversário mais próximo. Pela imagem acima, se caso, o Palmeiras fosse tenta virar o lado do campo, Allione –devido ao seu posicionamento correto para a situação- iria receber a bola com muito espaço no campo. Já que Dener estava marcando um dos atacantes do Palmeiras na jogada e havia “largado” Allione no lado oposto do campo.

A dupla de volante do Coritiba foi quem mais influenciou defensivamente no aspecto tático da equipe. Como Leandro atuou como ponta-de-lança, Baraka, na primeira etapa, jogou como volante brasileiro da década de 90. O camisa 5 coxa-branca acompanhou individualmente o camisa 38. Tamanho era esse acompanhamento que, quando Leandro avançava sem bola para próximo de Henrique, Baraka recuava e se alinhava a Weliton e Leandro Almeida. Sem um volante ocupando corretamente o seu setor no meio do campo, Allione, Wesley e Wendell aproveitavam o espaço cedido para as tramas ofensivas do Palmeiras. Durante todo o primeiro tempo, o lado direito do alviverde imponente aproveitou todo o espaço que Baraka oferecia. A imagem adiante mostrará o que a movimentação precipitada de Baraka gerava para a sua equipe defensivamente:

Baraka ao recuar acompanhando Leandro e, assim, se alinhando a sua linha defensiva, abria todo o espaço vermelho para o Palmeiras jogar. Neste espaço e quando Wesley recebia a bola livremente, Allione saia do canto para meia direita, trazia consigo a marcação e atenção de Dener e, com isso, abria o corredor para Wendell passar. Como Zé Love –assim como foi mostrado na imagem anterior- marcava mal o setor, o camisa 13 do Palmeiras recebeu diversas bola em projeção naquele espaço aberto por Allione e cedido por Zé Love.

Com o domínio do Palmeiras durante todo o primeiro tempo, o gol, aos 14, foi consequência. Devido ao atordoamento do Coritiba em campo, Leandro Almeida foi expulso, aos 45. Com a expulsão, Lucas Claro entrou no lugar do perdido taticamente Keirrison. Para o segundo tempo, Celso Roth colocou Geraldo no lugar de Zé Rafael e organizou a equipe para segunda etapa.

Para os últimos 45 minutos do jogo, Baraka não mais recuou para terceiro zagueiro –assim o seu setor esteve sempre ocupado-, o Coritiba se compactou e se organizou melhor defensivamente no 4-4-1, e, aproveitando o embalo do Palmeiras em campo, passou a jogar somente transicionalmente. Como o Verdão paulista ainda avançava com muito ímpeto e sem mais o setor cedido por Baraka do primeiro tempo, o Coxa ameaçou consideravelmente o Porco, na segunda etapa. 

O 4-4-1 do Coritiba compactado e a linha de 4 do meio formada com Baraka compondo ela. Com o camisa 5 do Coxa no seu setor, por mais que a linha defensiva ficasse na individual com os avanços de Leandro, os passes pouco saíram até o quarteto ofensivo do Palmeiras. 

Agora com o Coritiba realmente entregando a posse de bola para o Palmeiras, o que já estava com o domínio da mesma, passou a aumentar nos números. Os 62,10% de posse de bola do Alviverde Imponente demonstraram o quanto a equipe ficou com a bola. Porém, assim como o Coxa, o Porco justificou o seu alto rankeamento no índice de passes errados no Campeonato Brasileiro. Os dois alviverdes erraram 101 passes e, assim, justificando a 2ª colocação do Coritiba nesse fundamento (com 707 passes errados) e a 3ª do Palmeiras (704), nas 17 rodadas até então. Foram muitos passes errados e contra-ataques cedidos ao adversário freqüentemente.

Como tentativa de diminuição dessa quantidade de passes errados, Ricardo Gareca colocou Mendieta no lugar de Mouche. Com esta substituição, Leandro passou a atuar aberto pela esquerda e o paraguaio centralizado. Esta troca aconteceu, porque Leandro não ocupava corretamente o seu setor defensivamente e, muitas vezes, não foi opção central para equipe –já que ele avançava precipitadamente nas ações ofensivas do time. Pela próxima imagem, veja como Leandro não sabia onde se posicionar em relação à bola:

Com o lateral para o Coritiba no lado esquerdo do sistema defensivo do seu time, Leandro ficou posicionado na faixa central do campo, enquanto que o mais correto seria no retângulo azul. Pois se ele estivesse neste lugar demarcado, Leandro estaria no setor da bola, seria opção fácil e sem marcação para o jogador do Palmeiras que recuperar a bola e, ainda, poderia iniciar um contra-ataque para a sua equipe. Já posicionado na faixa central do campo, Leandro não era opção, não marcava ninguém e seria facilmente marcado quando recebesse a bola.

A entrada de Mendieta foi válida, mas não resultou em muita diferença para o Porco. Já Celso Roth, para tentar o empate na partida, colocou Élber no lugar de Geraldo, aos 38. Com esta substituição, o 4-4-1 coxa-branca se tornou ainda mais veloz, pois Élber passou a ser a referência do ataque com Zé Love, agora, aberto na esquerda. Com o camisa 17 do Coxa, a movimentação e velocidade do contra-ataque do alviverde paranaense ameaçou ainda mais o alviverde paulista. Mas nada que alterasse o placar.

Fim de partida: Palmeiras no 4-2-3-1 e Coritiba no 4-4-1. 

Por Caio Gondo (@CaioGondo)