domingo, 24 de agosto de 2014

Análise tática, impressões e flagrantes da filosofia de Luis Enrique em Barcelona 3x0 Elche

Em sua estreia na Liga, o Barcelona não teve dificuldades para bater o Elche, com grande atuação coletiva, e o brilho individual principalmente de Lionel Messi e Rakitic. Sob a batuta do treinador Luis Enrique, a equipe tinha um plano de jogo bem definido, enquanto que a estratégia ultra-defensiva do Elche de Fran Escribá não surtiu o efeito esperado. Rakitic fez seu primeiro jogo oficial pelo Barcelona em alto nível, não tendo dificuldades de entrosamento com seus companheiros. Nessa postagem, procura-se destacar mais do que uma análise simples do jogo, mas também impressões e aspectos da filosofia da equipe azulgrana  como um todo, por meio de flagrantes e desenhos táticos.

Desenho tático das formações iniciais. Barcelona no 4-3-3, Elche no 5-4-1. O esquema do Elche se tornava um 4-4-1-1 quando José Angel se incorporava ao meio-campo, Pasalic fazia a ala direita e Corominas centralizava, ficando mais próximo à Jonathas.
Inicialmente, o Barcelona organizou-se em um 4-3-3. Defensivamente, jogava em bloco alto e marcava em zona pressionante, desde a saída de bola adversária. Na organização ofensiva, valorizava a circulação com passes curtos e a posse de bola (cerca de 80% no primeiro tempo), e possuía laterais subindo constantemente ao ataque, enquanto os atacantes extremos jogavam mais próximos do centro. A dinâmica posicional de Messi foi um dos pontos centrais da partida. O argentino não ficava fixo no centro do ataque, e ocasionalmente recuava ao meio-campo para buscar a bola, atraindo a marcação e gerando espaço que era usado pelos seus companheiros de ataque. Com a bola na intermediária, Messi procurava servir os companheiros com lançamentos à frente, enquanto que mais à frente buscava também criar oportunidades de gol a partir de jogadas individuais em velocidade, onde obteve maior sucesso, com dois gols.

O 4-3-3 da equipe catalã (Reprodução: ESPN).

O Elche, organizou-se em algo que transitava entre o 4-4-1-1 e o 5-4-1/4-1-4-1. Normalmente sem a bola, a equipe organizava-se em bloco baixo, com duas linhas defensivas, de cinco e quatro jogadores, respectivamente. A marcação era zonal, com geralmente um dos volantes realizando perseguições setoriais. O único escape da equipe em termos ofensivos era a utilização da bola longa, buscando os lados, para Corominas ou Rodrigues, ou o centro, para o brasileiro Jonathas.

A organização defensiva do Elche, uma linha de cinco e outra de quatro. Até mesmo o atacante Jonathas por vezes se incorporava a segunda linha de marcação (Reprodução: ESPN).
Sem Neymar, fora por lesão, e com Pedro longe das melhores condições de jogo, os jovens Rafinha e Munir, comandaram o ataque ao lado de Messi. O domínio do time da casa foi notório desde o apito inicial, e as finalizações na trave de Munir e Iniesta anunciavam o que viria. Aos 41, Messi recebeu passe de Busquets, avançou por entre os zagueiros e finalizou para abrir o placar. Logo após o gol, o goleiro Tyton lançou a bola à frente, e após desvio errado do mesmo Busquets, essa encontrou Rodrigues livre pelo meio. Mascherano, que o tocou por trás, foi para o vestiário mais cedo com cartão vermelho.

No segundo tempo, Bartra entrou para recompor a zaga no lugar de Rafinha, e o Barcelona se mostrou no 4-4-1, com Rakitic e Munir pelos lados e Messi solitário no ataque, e ocasionalmente no 4-3-2, conservando a maior parte do desenho tático inicial. Enquanto isso, o Elche procurou ser mais ofensivo, mesmo assim de forma muito tímida. Munir, estreando em jogos oficiais pela Liga, fez o segundo tento após belíssimo passe de Rakitic. Messi, em nova jogada individual, ampliou o placar aos 18, atingindo a marca histórica de 400 gols. Mesmo com dez homens, houve pouca diferença nos números de posse de bola, e o Barcelona manteve o domínio até o fim da partida, sem permitir que o Elche finalizasse uma única vez. Uma estreia animadora, de um trabalho que está apenas no começo.
O Barcelona no 4-4-1, após a expulsão de Javier Mascherano (Reprodução: ESPN).
A seguir, algumas impressões e flagrantes sobre a filosofia de jogo barcelonista:

O recuo de Busquets para a 'saída de três', com Mascherano e Mathieu (Reprodução: ESPN).
Messi na função de falso nove, recuando até próximo a intermediária, levando consigo a marcação e gerando espaço para seus companheiros no ataque (Reprodução: ESPN).
Parte importante da filosofia de Luis Enrique no Barça, a amplitude dos laterais pode ser vista na partida de hoje. Aliado a isso, a aproximação dos atacantes extremos do centro. Esses dois fatores sobrecarregam a marcação, geram mais opções ao portador da bola, além de facilitar linhas de passe e triangulações (Reprodução: ESPN).
Por Felipe de Faria