quinta-feira, 28 de agosto de 2014

América-RN surpreendeu mais um time de Série A

Depois da inesperada vitória para cima do Fluminense em pleno Maracanã, o América-RN venceu mais um time de séria A do Campeonato Brasileiro de 2014. Desta vez, a vítima do Mecão foi o Atlético-PR. O América-RN se defendeu da maneira que pôde, e venceu por 3 x 0 o desequilibrado Furacão do interino Leandro Ávila. Para que este placar fosse construído, o Mecão começou no 4-2-3-1 e o Atlético-PR no 4-2-2-2:

Atlético-PR no 4-2-2-2 e América-RN no 4-2-3-1.

Como nas duas equipes, as duplas de volantes não avançavam para fazer parte do sistema ofensivo do time, tanto o Atlético-PR quanto o América-RN jogaram muito espaçados. A compactação era longa nos momentos ofensivos e defensivos de ambos. Deste modo, as transições, principalmente a defesa-ataque, eram realizadas facilmente. No caso do Furacão, isto era ainda mais grave.

O Mecão transitou facilmente porque o Atlético-PR jogava descompactado e, ainda, pelos lados, a transição era ainda fácil de fazer. Pois uma vez que Otávio e Deivid jogavam alinhados e o América-RN não voltava com o seu trio de meia para compor o sistema defensivo, freqüentemente aconteceu o foi flagrando adiante:

Como o quarteto ofensivo rubro-negro estava atacando, Deivid e Otávio subiram alinhados para combater. Como a linha defensiva do Atlético-PR ficou “plantada” com o trio ofensivo do América-RN (assim caracterizando a longa compactação das duas equipes), o Mecão freqüentemente teve os espaços dos retângulos amarelos para contra-atacar. Dois dos três gols do América-RN foram através de contragolpes (Reprodução: Sportv).

Uma vez que as duas duplas de volantes do Furacão e do Mecão não atacavam, os quatro laterais tiveram “liberdade” para subirem constantemente (mesmo que subida tenha alternadamente). Tanto que pelo lado do Atlético-PR, o lateral-esquerdo Natanael foi quem mais deu passes certos na partida inteira. O jogo foi pelos lados.

Já o Atlético-PR transicionava através das costas do lateral do América-RN que ia ao ataque. Pois os dois atacantes rubro-negros não voltavam para fazer parte do sistema defensivo do time e, enquanto o Furacão se defendia com oito jogadores, Marcelo e Douglas Coutinho esperavam abertos um em cada lado do campo. Conforme a imagem adiante:

Sem a dupla de volante do América-RN passar do meio do campo e, assim, descompactando a sua equipe, Nathan ou Marcos Guilherme tiveram todo o espaço do retângulo azul para iniciar os contra-ataques do Atlético-PR. Além disso, Marcelo e Douglas Coutinho não voltavam e ficavam abertos para explorar as costas do lateral adversário que subiu.

Em situação ofensiva, as duas equipes apresentaram movimentações constantes. Pelo lado do Furacão, os dois meias e os dois atacantes se dividiam em duplas para que cada uma “ficasse” em um lado. Tanto que os dois jogadores de cada dupla trocavam de posições em si freqüentemente, mas a divisão de lado se mantinha, assim como mostra os heatmaps de cada um desse quarteto ofensivo rubro-negro:

Pelos heatmaps de cada um do quarteto ofensivo do Atlético-PR, percebe-se que as duplas foram: Douglas Coutinho e Marcos Guilherme pela esquerda e Marcelo e Nathan pela direita. E assim, se mantiveram até quando Nathan saiu no segundo tempo. Trocas entre as duplas, mas sem trocas de lado.

Agora pelo lado do América-RN, o trio de meias freqüentemente trocava de posição entre si, mas de formar organizada também. Morais (aquele que já jogou no Corinthians) era o meia central que fazia um “X” com o meia do lado que o Mecão atacava. Com isto, muitas vezes, um dos dois meias saia livre após a realização da movimentação. Na imagem a seguir e com a ilustração, a compreensão ficará mais fácil:

No exemplo da imagem, após o “X” feito, Fabinho teria espaço suficiente para receber a bola, pois o volante do setor –Otávio- acompanhou Morais na movimentação, e o do outro lado –Deivid- demoraria um tempo para fechar o setor exposto pelo companheiro de equipe.

Ao contrário das movimentações ofensivas das equipes, Atlético-PR e América-RN não foram tão bem nos seus sistemas defensivos. O Furacão se defendia no 4-2-2-2, apesar de que no começo da partida Marcos Guilherme fazia o time se defender no 4-3-1-2. No esquema com o quadrado imóvel defensivamente no meio, os lados do campo eram expostas frequentemente, assim como a imagem a frente mostra:

Com os dois atacantes não participando do sistema defensivo e o quadrado do meio-de-campo imóvel em ação defensiva, quando os laterais do América-RN passavam para o campo ofensivo –assim como mostra a imagem acima-, eles tinham os dois espaços azuis para jogarem. Pois os meias de lado do Mecão empurravam os laterais rubro-negros para trás e, assim, atrapalhavam para que Sueliton e Natanael fizessem rapidamente o combate nos setores. Até Otávio ou Deivid avançarem para marcar os laterais do América-RN, o ataque já estava formado.

Já o sistema defensivo do América-RN se comportava da mesma maneira que os 4-2-3-1’s de muitos times brasileiros. Se o lateral adversário mais próximo não subisse ao ataque, os meias de lado não voltavam marcando e não faziam parte do sistema defensivo do time. Tanto que imagens desta maneira foram freqüentes na partida inteira:

Sem os laterais do Furacão avançando, nem Rodrigo Pimpão e nem Fabinho voltavam para fazer parte do sistema defensivo da equipe. Deixando assim, o América-RN se defender no 4-2, assim como mostra o flagrante acima (Reprodução: Sportv).

As substituições de Leandro Ávila –técnico interino do Atlético-PR- foram com intenções de fazer o time explorar as deficiências de marcação destes meias abertos do América-RN. Com as entradas de Paulinho Dias, João Paulo e Cléo, o Furacão passou a jogar no 4-3-3 e, assim, gerando dúvida para os volantes do Mecão em quem marcar. Já Oliveira Canindé –técnico do América-RN- com as entradas de Valber, Thiago Cristhian e Tiago Dutra fez a sua equipe se defender no 4-1-4-1, pois desta maneira, os meias de lado do campo não comprometeriam tanto defensivamente a equipe.

Atlético-PR no 4-3-3 fez com que Val e Tiago Dutra não soubessem quem marcar, pois Fabinho e Pimpão só voltavam acompanhando os laterais atleticanos. Em resposta a isso, Oliveira Canindé recuou Morais e o alinhou a Val, deste modo, fazendo com que o América-RN se defendesse no 4-1-4-1 e sem necessitar tanto dos seus meias de lado no sistema defensivo. 

Por Caio Gondo (@CaioGondo)