sábado, 30 de agosto de 2014

Sistema defensivo do Bragantino bloqueia criação corintiana

Bragantino e Corinthians se enfrentaram na partida de ida em confronto válido pelas oitavas de final da Copa do Brasil. A equipe do interior mostrou solidez defensiva e contou com uma feliz finalização de Sandro, além de uma partida ruim do sistema ofensivo corintiano, para garantir a vitória.

O Bragantino veio a campo em um 4-3-3 com um triângulo de base alta que variava para o 4-1-4-1. Ofensivamente o Braga contava com a sua dupla de volantes/meias da região central vindo auxiliar as beiradas do campo, principal região de aceleração das jogadas da equipe, alternadamente. Ou seja, quando a jogada ocorria pela direita, Sandro centralizava e Jackson encostava no lateral, fornecendo assim opção de passe. Havia também a movimentação dos pontas, que auxiliavam na criação da superioridade nas laterais mas também fechavam para o meio ou em diagonal, sempre em busca da finalização, além da movimentação de Nunes, que também constantemente saía para os lados, participando de maneira moderadamente ativa na construção das jogadas da equipe. Defensivamente a equipe compactava-se em um 4-1-4-1, que variava para o 4-4-1-1 conforme a movimentação do meia corintiano Lodeiro, afinal, quando o mesmo saía de sua posição para centralizar, Jackson Caucaia recuava para marcá-lo de maneira mais individual. A equipe marcava de forma zonal, realizando curtos encaixes por setor, e realizava sua marcação pressão em bloco médio-baixo, mantendo normalmente 9 dos seus 10 homens de linha atrás da linha da bola, deixando Nunes mais adiantado.

Já o Corinthians veio a campo armado em um 4-2-3-1. Ofensivamente a equipe teve seus volantes, ao menos no primeiro tempo, pouco atuantes nas regiões mais próximas ao gol, já que Elias atuou como o responsável por armar o jogo de trás, atuando como um legítimo regista. A equipe também tinha seus laterais subindo de maneira simultânea ao campo de ataque, além da movimentação do seu quarteto de frente, com Lodeiro e Renato Augusto alternando entre o meio e a esquerda e Luciano entrando na diagonal, ora se juntando a Guerrero, ora aproveitando os espaços cedidos pelo mesmo quando ele caía mais pelas beiradas do campo. Defensivamente o Corinthians se compactava nas suas habituais duas linhas de 4, deixando Renato Augusto e Guerrero mais adiantados, com o primeiro sendo responsável por fazer uma pressão mais efetiva no volante adversário, sendo assim o segundo o responsável por pressionar mais diretamente os zagueiros quando os mesmos detinham a posse da pelota. A equipe marcava por zona, realizando curtas encaixes no setor, e realizava marcação pressão em bloco alto, pressionando assim a equipe adversária ainda no campo ofensivo.

Equipes em suas formações táticas iniciais: Corinthians no 4-2-3-1 que variava para o 4-4-1-1 defensivamente e Bragantino no 4-3-3 com variações para o 4-1-4-1/4-4-1-1

As propostas de ambas as equipes para o jogo todo foram mostradas desde o início do primeiro tempo. O Bragantino, que ainda no primeiro tempo precisou efetuar uma substituição, com Marcos Paulo entrando no lugar de Jackson Caucaia, compactava suas linhas em sua intermediária defensiva, marcava forte e saía em velocidade pelas beiradas do campo, principalmente pelo lado esquerdo com Bruno Recife, às costas dos laterais da equipe corintiana uma vez que os mesmos subiam de forma simultânea ao seu campo ofensivo, efetuando muitos cruzamentos sem sucesso, além de finalizações de média distância que também acabavam não levando grande perigo. 

Já o Corinthians, em virtude do espaço cedido pela equipe do Braga no meio campo, detinha muito mais posse de bola que o adversário, porém, a equipe era pouco incisiva, com a sua linha de meias fornecendo poucas opções de aprofundamento de jogo além dos laterais que acabavam mais presos a linha dos volantes. Um dos momentos que mais evidenciaram essa falta de profundidade da equipe foi quando Elias, que como já citado anteriormente atuou mais recuado, ouviu de Mano Menezes que deveria efetuar um lançamento, mas quando o mesmo efetuou o lançamento o que ocorreu foi que ninguém se apresentou para recebê-lo, fazendo assim com que a bola saísse pela linha de fundo. 

Mapa de calor
Mapa de Calor de Elias: Embora o volante tenha buscado sair mais um pouco no segundo tempo, a região do meio de campo foi a área de atuação do volante corintiano durante boa parte do jogo(Reprodução: Footstats)

O segundo tempo iniciou-se da mesma maneira que o primeiro, com a diferença apenas no posicionamento dos pontas corintianos, com Luciano passando a cair pela esquerda e Lodeiro pela direita, sem porém provocar melhora na criação corintiana. Aos 10 minutos Sandro aproveitou sobra de escanteio para marcar mandar um foguete, marcando assim o gol da equipe do Bragantino. Com o resultado adverso no placar o técnico corintiano efetuou substituições buscando dar movimentação e incisividade ao seu setor ofensivo. Entraram no decorrer do segundo tempo Romarinho, Jadson e Romero nos lugares de Lodeiro, Renato Augusto e Luciano respectivamente, mantendo a estrutura da equipe mas havendo uma alteração no posicionamento, com Guerrero se fixando um pouco mais no lado esquerdo. Já no Bragantino entraram Magno e Lincom nos lugares de Luisinho e Nunes, mantendo a estrutura mas alterando o posicionamento da equipe, com Sandro passando a cair aberto pela direita, deixando assim Magno formar o triângulo de meio com Marcos Paulo e Geandro.

Equipes após as substituições mantiveram a sua estrutura tática, alterando somente suas peças

Após as substituições o que pôde-se perceber foi uma diminuição na frequência da recomposição dos homens que atuavam pelos lados das equipes, proporcionando mais espaços para as transições defesa-ataque, espaços que acabaram sendo parcialmente aproveitados pelas equipes, com as mesmas conseguindo chegar às proximidades da área adversária, mas falhando na hora de concluir. Houve ainda a expulsão de Ferrugem pelo lado da equipe corintiana no final da partida. Com isso Ralf ficou fixo a frente de Gil e Anderson Martins, dando liberdade de Fábio Santos que passou a fechar um pouco mais para o meio. Nada que alterasse o panorama da partida e o resultado.

O Bragantino conseguiu um importante resultado afinal, com a vitória, a equipe necessita somente de um empate para se garantir na próxima fase, algo com grandes chances de ocorrer principalmente se a equipe mantiver a organização defensiva mostrada especialmente no primeiro tempo. Já o Corinthians necessita encontrar uma maneira de uma vencer as linhas compactas do Braga que devem vir ainda mais seguras para a Arena. Movimentação e principalmente incisividade, coragem, são as chaves para que a equipe mantenha vivas as suas esperanças de conquistar a Copa do Brasil.

Por Andrey Hugo(@Andrey_Hugo)