sábado, 23 de agosto de 2014

Goiás se desorganiza após virada e permite goleada corintiana

Corinthians e Goiás fizeram uma boa partida na Arena Corinthians. O jogo foi intenso, com chances para ambos os lados, porém, a maior qualidade técnica além do ímpeto ofensivo da equipe corintiana superaram a boa organização defensiva da equipe goiana.

O Corinthians veio a campo no seu tradicional 4-4-2 inglês, que tinha como novidades Renato Augusto na vaga de Petros, suspenso, e Anderson Martins na vaga de Cléber, vendido para o futebol europeu. Em fase ofensiva a equipe tinha a sua tradicional movimentação do quarteto ofensivo, com Renato e Jadson, os winger, centralizando, abrindo assim espaços para as descidas alternadas dos laterais. A dupla de ataque da equipe constantemente caía pelos lados, com normalmente o atacante do lado da jogada saindo para ajudar a criar a superioridade numérica, deixando assim o outro companheiro mais avançado centralizado. Havia ainda as chegadas de Elias, que dessa vez foi bem mais atuante no setor ofensivo corintiano. Defensivamente a equipe mantinha a curta compactação das suas duas linhas de quatro, deixando Romero e Guerrero um pouco mais adiantados para dar o primeiro combate, realizou marcação pressão no setor ofensivo e marcava por zona com curtos combates no setor.

O Goiás veio a campo no 4-2-3-1, que teve o retorno do zagueiro Jackson na linha defensiva, além da entrada de Samuel no lugar de Erik, com o mesmo atuando aberto pela esquerda. Em fase ofensiva a equipe tinha Bruno Mineiro mais fixo à frente, com Samuel entrando na diagonal e Tiago Real alternando entre a direita e o centro junto com Murilo. Havia também as chegadas dos volantes, principalmente de Thiago Mendes uma vez que David ficava mais contido, além das chegadas alternadas dos laterais da equipe. Defensivamente o Goiás se compactava em duas linhas de 4, com os wingers se alinhando aos volantes, deixando assim Bruno Mineiro e Murilo mais adiantados e sem tantas obrigações defensivas. A equipe marcava pressão em bloco médio-baixo, realizando também a marcação por zona com curtos encaixes no setor.

Equipes em suas formações iniciais: Corinthians no 4-4-2 inglês e Goiás no 4-2-3-1

O jogo começou com ambas as equipes buscando dominar o jogo a sua maneira: o Corinthians apostava na velocidade de seu toque de bola, porém, esbarrava no problema dos passes errados e acabava entregando a bola à equipe goiana. Já o Goiás apostava na veloz transição defesa-ataque que era realizada da seguinte forma: um dos zagueiros ou o volante David recuperam a bola e efetuam a ligação direta para Murilo ou Bruno Mineiro. Quando um dos dois recuperava a bola segurava a mesma de modo que os wingers, os laterais e o volante Thiago Mendes pudessem sair em velocidade para fornecer opções tanto para o passe curto como para um passe em profundidade. Essa forma de transição deu relativamente certo nos primeiros minutos com a equipe goiana se aproveitando da adiantada linha defensiva corintiana, que constantemente buscava deixar o adversário em impedimento. Tanto que foi assim que saiu o primeiro gol da equipe esmeraldina ainda no início da partida. 

Bruno Mineiro saiu da linha dos zagueiros para reter a bola, trazendo assim o zagueiro Gil em sua marcação, deixando um espaço na adiantada linha defensiva da equipe em que Thiago Mendes se infiltrou para receber passe de David e finalizar sem chances para Cássio.

Nos flagrantes o primeiro gol do Goiás: Na primeira imagem pode-se perceber que Gil saiu à caça de Bruno Mineiro o que acabou gerando um espaço na linha defensiva que deveria ser coberto pelo outro zagueiro da equipe, no caso Anderson Martins. Já na segunda pode-se perceber o resultado dessa cobertura falha: espaço livre para Thiago Mendes infiltrar-se e receber o passe em profundidade e livre de marcação(Reprodução: PFC/Sportv)

Atrás do placar, a equipe corintiana manteve as suas linhas avançadas, porém, seguia perdendo a posse de bola nas proximidades da grande área, de modo que conseguia levar algum perigo somente através de finalizações de média distância. Até que, após cobrança de escanteio de Jadson, Guerrero subiu mais que seus dois marcadores e cabeceou com força para marcar o gol de empate corintiano. Após o gol a equipe conseguiu se acalmar, tocava melhor a bola e conseguia acelerar a troca de passes nas proximidades da área adversária de modo que a equipe goiana muitas vezes era envolvida e acabava cedendo alguns espaços que não eram aproveitados com eficiência. Já o Goiás seguiu mantendo a sua proposta, porém, já não conseguia efetuar com qualidade a transição pelo meio, de modo que a equipe passou a apostar mais nos cruzamentos, o que acabou não dando muito resultado.

No intervalo houve uma alteração na equipe corintiana: entrou Luciano e saiu Romero, que não atuou bem e não caía com frequência pelo lado direito do ataque, deixando Fágner muitas vezes sem opção de passe. Com isso a equipe passou a atuar em um 4-2-3-1 que tinha Luciano e Renato abertos, e Jadson centralizado.

O segundo tempo começou com a equipe corintiana mantendo a sua proposta de ocupar o campo ofensivo, de forma que acuasse a equipe adversária. Já o Goiás alterou apenas a forma de efetuar a sua transição defesa-ataque, com a equipe passando a buscar mais a transição através de passes curtos.

A equipe corintiana estava melhor na partida, conseguindo envolver a defesa goiana e criando boas chances, até que aos 15 minutos Jackson marcou de cabeça após cobrança de falta pelo lado direito da intermediária defensiva corintiana. O gol também foi resultado da arriscada linha de impedimento que a equipe forma quando a equipe adversária vai cobrar falta na intermediária defensiva da equipe. Jackson soube sair no tempo certo o que acabou deixando-o cabecear sozinho em condição legal. 

Após o gol do Goiás o treinador Ricardo Drubscky realizou sua primeira substituição, colocando Erik no lugar de Bruno Mineiro, trazendo assim Samuel para atuar como referência, com Erik caindo às costas de Fágner. Poucos minutos depois do gol sofrido o Corinthians novamente empatou com Elias, que desviou sozinho a bola após chute desviado de Renato Augusto. Com o gol de empate a equipe corintiana se lançou de vez ao ataque, com inclusive os seus dois laterais passando a subir simultaneamente. Os treinadores efetuaram após o gol novas substituições: no Goiás João Paulo entrou no lugar de Murilo, em uma tentativa de melhorar a rotação de bola pelo setor de meio campo, e no Corinthians entrou Lodeiro no lugar de Renato Augusto, buscando manter a movimentação e reoxigenar a equipe. E Lodeiro, logo em sua estréia, teve participação direta no gol da virada da equipe corintiana.

Falta próximo a entrada da área, Lodeiro cobra em direção ao gol e Luciano desvia de cabeça, tirando qualquer chance de reação do goleiro Renan. Com a equipe atrás no placar o treinador Ricardo Drubscky ainda realizou um última substituição, colocando o atacante Danilo no lugar de Tiago Real, em uma tentativa de ter dois jogadores agudos pelas pontas. Após o gol a equipe goiana subiu a sua marcação pressão para a linha de meio campo, porém, a equipe acabou se desestabilizando mentalmente com a virada, de modo que a mesma passou a deixar espaços entre as suas antes compactas linhas de defesa e meio campo. E foi assim que saiu o 4º gol corintiano, com Luciano partindo em velocidade aproveitando os espaços entre as linhas da equipe goiana, finalizando forte, e o 5º, com o mesmo Luciano infiltrando-se por esse espaço e aproveitando bobeira da zaga para sair cara a cara com Renan e fazer o quinto gol da equipe. Ainda houve mais uma substituição no Corinthians, com Bruno Henrique entrando no lugar de Jadson, passando assim Elias para o centro da linha de 3 meias.

Equipes em suas distribuições finais na partida: ambas no 4-2-3-1 após as alterações efetuadas

A postura corintiana foi sem dúvida um dos fatores preponderantes para a vitória. A equipe, mesmo atrás no placar, jogou sempre ocupando o campo ofensivo e buscando o gol. Porém, contra o Grêmio lá no Rio Grande do Sul a proposta deverá ser diferente, com a equipe voltando a apostar na velocidade de suas transições defesa-ataque. Já a equipe goiana, apesar da goleada, se apresentou bem, criando grandes problemas para a equipe corintiana, porém, após sofrer a virada a equipe não teve força mental para se manter organizada. Algo a ser corrigido.


Mapa de calor
Mapa de Calor do Corinthians na partida: Pode-se perceber a proposta de maior ocupação do seu campo ofensivo da equipe corintiana(Reprodução: footstats)

Por Andrey Hugo(@Andrey_Hugo)