O futebol italiano vive uma crise financeira, política
e estrutural que vai desde a federação aos clubes, passando pela falta de
capacidade para controlar atos de violência e racismo por parte da torcida. A
eleição para o novo presidente da Federação Italiana de Futebol (FIGC, sigla em
italiano) não dá sinal de que algo deva mudar neste sentido, já que Carlo
Tavecchio, presidente eleito, além de ser um dirigente ultrapassado e de moral
duvidosa com ficha criminal recheada de crimes de colarinho branco, ainda é conhecido
por declarações racistas e xenófobas que não contribuem em nada com o
desenvolvimento do calcio.
Se fora de campo tudo vai muito mal, nas quatro
linhas a coisa vai um pouco menos pior e a mística do futebol da bota, somada à
tradição de seus clubes e a times que apresentam futebol interessante como Roma
e Juventus, fazem com que a Serie A continue atrativa aqui no Brasil, apesar da
ascensão de outras ligas europeias.
Principal notícia da pré-temporada na Itália foi saída
de Conte da Juventus (Foto: Getty Images)
Em meio à crise, o campeonato italiano de 2014-15
promete uma briga mais interessante na parte de cima da tabela do que as
últimas edições, entre os já citados Juventus e Roma e com possibilidades de
Napoli e Inter aparecerem como intrusos na luta pelo scudetto. Vamos ao guia tático dos principais times italianos para
a temporada.
Internazionale:
a esperança para Milão voltar à Champions
A Inter de Milão continua em sua fase de transição
para um novo dono e ainda não acena com uma volta à disputa do título italiano.
O time de Walter Mazzari, vindo de mais uma campanha irregular na Serie A, apesar
de um pouco melhor que as anteriores, tenta voltar a disputar vaga na Champions
League em 2014-15.
Os jogos de preparação da Internazionale não mostraram
nada que empolgasse muito seus tifosi,
mas contra adversários duros e sem os principais jogadores, os nerazzurri tiveram papel digno,
principalmente no tour pelos Estados Unidos, com empates contra Real Madrid e
Manchester United e vitória sobre a rival Roma. A Inter, é bom lembrar, foi o
único time que não perdeu para o empolgante United de Louis van Gaal na
pré-temporada. De volta à Europa, entretanto, o time de Milão foi derrotado em
amistoso contra o Eintracht Frankfurt, na Alemanha, e empatou sem gols com o
PAOK, na Grécia. É importante esclarecer que a Inter que participou da
preparação é muito diferente da que deve iniciar a temporada do futebol
italiano, sobretudo do meio pra frente. Hernanes, Guarín, Palacio, Ricky Álvarez
e Campagnaro só se incorporaram ao elenco recentemente, já que participaram da
Copa do Mundo até suas fases mais agudas. Além deles, Gary Medel e Dani Osvaldo
foram contratados há pouco tempo e o chileno ainda nem estreou, inclusive.
Além dos reforços já citados, a Inter também
anunciou Khrin, M’Vila e Vidic para 2014-15,
já ativos durante toda a pré-temporada. As contratações interistas não
são bombásticas como outrora, mas são muito pontuais. Todos têm qualidade
comprovada e chegam para ocupar espaços carentes no time de Milão. De início,
apenas Vidic aparece com status de titular absoluto, mas os outros reforços
devem brigar com condições de virarem a primeira opção em suas posições.
Mazzari
não é dos treinadores mais ousados e inovadores, mas já mostrou seu valor na
boa passagem pelo Napoli e luta para tentar emplacar no Giuseppe Meazza o sistema
com três defensores que fez sucesso no San Paolo, já que a pré-temporada não
sinaliza nenhuma mudança do 3-5-1-1 baseado em defesa sólida e ataque móvel adotado
pelo treinador em 2013-14. Apoio constante dos alas e finalização de fora com
Hernanes e Guarín são armas interessantes dos nerazzurri com relação ao ataque, único setor que pode sofrer maior
variação, com a entrada de alguém que jogue mais perto de Palacio no lugar de
Álvarez, fazendo com que a Inter passe a atuar com dois atacantes de ofício.
Variações de Mazzari: 3-5-1-1 com boa chegada dos
meias e maior mobilidade ou 3-5-2 com atacantes prendendo os zagueiros e
possibilitando a finalização dos volantes, além da utilização maior das
laterais.
Durante os jogos de preparação, o trio de zagueiros
formado por Vidic, Juan Jesus e Ranocchia (que será apontado como novo capitão trás
a saída de Cambiasso e a aposentadoria de Zanetti) mostrou solidez na maioria
dos momentos, com a boa proteção de M’Vila e o recuo dos alas para formar a
linha de cinco defensores em fase de marcação. O povoamento da defesa, ao invés
da compactação das linhas, ainda é uma vertente dominante no futebol italiano
que, assim como o brasileiro, tem problemas de atraso tático. Apesar da falta
de modernidade, o esquema de Mazzari é sólido e, com o encaixe dos novos
contratados, pode fazer com que a Inter chegue mais longe nesta temporada.
Eintracht Frankfurt x Internazionale: recomposição
italiana no 5-3-2, com linhas espalhadas mas defesa bem povoada. Zagueiros de
boa qualidade técnica mas lentos podem sofrer com ataques mais leves, caso do
adversário alemão em questão
A Inter não aparece como candidata forte ao título
italiano, mas, diferente do rival Milan, apresenta alternativas interessantes
dentro do possível para que volte a disputar vaga na Champions League. O time
de Mazzari não deve mostrar futebol que atraia quem não é torcedor, mas pode
ser mais competitivo que o das últimas temporadas e acena como único possível
intruso na briga de cima da tabela, que deve ser entre Juventus, Roma e, mais
abaixo, Napoli.
Juventus: mudança de
comando freia um pouco as expectativas de transferir domínio doméstico para a
Europa
O declínio do futebol italiano empobrece o campeonato nacional e tem feito
com que a Juventus domine o calcio
praticamente sem oponentes nas últimas temporadas. Tudo deveria permanecer da
mesma forma para 2014-15 não fosse a notícia que pegou todo mundo de surpresa
há algumas semanas, com Antonio Conte se demitindo da função de técnico no
início da pré-temporada, alegando diferenças com a diretoria sobre a atuação da
Juve no mercado.
Conte foi um dos jogadores mais vitoriosos da história da Juventus e, desde
que voltou a Turim, em 2011, com técnico, acumulou títulos e reconhecimento
individual pelo trabalho. O tricampeonato da Serie A fez com que ele se
tornasse o treinador mais badalado do futebol italiano, credenciando-o a
assumir a Azzurra na última semana.
Sua saída do comando do time pegou todos de surpresa, mas a diretoria logo
anunciou Massimiliano Allegri, campeão italiano pelo Milan de Ibrahimovic e
Thiago Silva em 2010-11, de onde foi demitido na metade da última temporada.
O novo técnico chega com uma certa rejeição da torcida bianconera. Não só pela idolatria ao
antecessor, mas também porque o trabalho de Allegri no Milan, apesar do título
da Serie A, era muito contestado na Itália, sendo que uma das maiores críticas
direcionadas ao treinador é por ter esnobado Andrea Pirlo, grande jogador da
Juve nas últimas três temporadas, preterindo, à época, il professore por jogadores de qualidade questionável na campanha
do último título do Milan e por ter permitido ao craque deixar os rossoreri de graça ao fim de 2010-11.
Pelo menos durante a pré-temporada, a torcida da Vecchia Signora está se acostumando com o novo comandante e não tem
muito do que reclamar, já que Pirlo tem jogado regularmente durante as partidas
de preparação e o time vem apresentando bons resultados, apesar do nível dos
adversários.
Allegri mantém o 3-5-2 com as mesmas características de seu antecessor: defesa
sólida e de boa qualidade técnica, meio-campo que combina organização (Pirlo,
Pogba), com infiltração (Marchisio/Vidal e Pogba – também), frequente
utilização das alas, seja na ida à linha de fundo ou como opção de profundidade
na infiltração, e boa movimentação do ataque, dentro ou fora da área. O novo
comandante do Juve também sinaliza com uma variação para o 4-3-1-2, seu esquema
preferido. Como são dois sistemas de jogo muito diferentes, é possível que logo
Allegri defina qual será utilizado com maior frequência e a contratação de um
trequartista é fundamental para viabilizar uma possível transição de sistema.
Flagrante da função de cada atleta nos ataques da
Juventus: 1 – Zagueiros guardam posição em caso de contra-ataque. 2 – Pirlo
distribui o jogo de trás. 3 – Alas espetados quase na última linha do
adversário. 4 – Pogba é o maior construtor de jogadas mais perto do ataque. 5 –
Tévez volta para dar opção longe da área. 6 – Llorente prende os defensores para
dar liberdade à infiltração de Lichtsteiner e Marchisio, além de dar opção de
profundidade. 7 – Marchisio faz o que sabe melhor: chegada como elemento
surpresa no ataque
3-5-2 de Conte, que agora é de Allegri. 4-3-1-2/4-3-3
também é opção
Em fase defensiva, os alas recuam para a linha da
defesa, formando um 5-3-2. A falta de compactação das linhas de marcação da
Juve é compensada pela agressividade e pegada do time sem a bola, com os
volantes encurtando sempre o espaço do jogador adversário que tem a posse da
bola e com um dos zagueiros podendo sair da última linha em perseguição
individual, o que não compromete a defesa pelo alto povoamento da região com o
recuo dos alas.
A-League All Stars x Juventus: linhas espalhadas e
adiantadas mas marcação agressiva no meio-campo, combinada com o povoamento da última linha e entrosamento,
fazem da Juventus uma das defesas mais sólidas do futebol europeu
No mercado, a Juventus foi discreta e não anunciou
nenhum grande nome, mas também não perdeu ninguém – pelo menos enquanto não se
confirma a forte especulação de Vidal no Manchester United – e se reforçou com
bons nomes que chegam para fortalecer um elenco já satisfatório. As principais
contratações são a do brasileiro Rômulo, de ótima temporada pelo Hellas Verona,
que chega para ser um coringa. Pode entrar na ala-direita ou no meio-campo. Do
Manchester United, vem o francês Evra para acirrar a disputa pela ala-esquerda,
onde Asamoah viveu praticamente sem concorrência nos últimos anos, além do centroavante
espanhol Morata, ex-Real Madrid e que deve ser boa opção para a reserva de
Llorente, sobretudo após as saídas de Vucinic e Quagliarella.
Milan:
pré-temporada ruim preocupa em Milanello
O título de 2010-11 iludiu a torcida milanista e
daí pra frente a situação foi ficando cada vez pior. O ensaio de uma volta ao
domínio doméstico com o scudetto de
quatro temporadas atrás conquistado por Ibrahimovic, Thiago Silva e cia acabou
não vingando e a Juventus agora é quem dita as regras na bota.
Os rossoneri tiveram
dificuldades no fim da última década e início da atual para efetuar um processo
de renovação daquele time supercampeão de Carlo Ancelotti e agora começam a
sofrer as consequências: o Milan ficará sem disputar a Champions League pela
primeira vez desde 1998-99.
Mais uma vez com um elenco fraquíssimo para a
história rossonera, o clube chega sem
muita expectativa para a temporada que está para começar e a missão de dar um
padrão à equipe é de Filippo Inzaghi, substituto de Clarence Seedorf, que
não foi bem na primeira experiência como técnico. Assim como o antecessor,
Pippo também é ídolo em San Siro, mas não começou bem o trabalho e coleciona
fracassos na pré-temporada. Dos seis amistosos que o Milan disputou, venceu
dois e perdeu quatro, incluindo um 3x0 para o Olympiakos e um 5x1 para o
Manchester City. As duas vitórias vieram nos primeiros jogos contra times de
divisões inferiores da Itália e sem parte do elenco principal à disposição.
Inzaghi tem montado o Milan em um 4-1-4-1 e procura
um volante para fazer a distribuição de jogo a partir de trás, justamente a
posição de Pirlo, de quem o time rossonero
abriu mão após o último título da Serie A. Já testou Essien na posição e o
ganês não foi bem, já que nunca teve a organização de jogo como característica.
Cristante é quem mais tem jogado na função e consegue desempenhar corretamente,
embora sem brilho. É possível que quando do retorno de Nigel de Jong e
Montolivo, ambos em recuperação de lesão, Pippo possa optar pelo holandês para
a posição de primeiro volante em fase defensiva, com o italiano se aproximando
da defesa para fazer a saída após a recuperação da posse de bola. Não é onde ele
mais se destaca, mas pode ser uma saída, em face às limitações do plantel
milanista.
Inzaghi elege o 4-1-4-1 e não apresenta variações
durante a pré-temporada
Mesmo com os resultados ruins e apresentações
pobres, Inzaghi continua insistindo no 4-1-4-1, que é bem formado e compacto, embora marque em
bloco muito baixo, deixando o time recuado e dificultando a transição, já que o
meio-campo é lento e pesado e não prima pela qualidade nos passes. Falta também
uma opção de desafogo pelos lados com a saída de Kaká, já que Honda tende a
centralizar com a posse da bola e El Shaarawy ainda não conseguiu uma atuação
satisfatória após voltar de quase uma temporada inteira de inatividade por
lesão. Ménez chega do PSG, onde teve pouquíssimos minutos na última época, para
tentar dar essa opção pelo lado do campo.
Valencia x Milan: sistema de Pippo é compacto e marca
em bloco baixo. Transição por dentro é lenta mas encontra alguma velocidade
pelos lados com a subida dos alas
O Milan fez algumas contratações pontuais no mercado,
com maior destaque pra defesa, especialmente o goleiro Diego López, mas
mexeu-se pouco com relação a nomes para o ataque, sobretudo para compensar as
perdas de Kaká, Robinho e Taarabt, que voltou de empréstimo ao Queens Park
Rangers e continua com situação de possível transferência ao Milan indefinida.
Com a manutenção dos elencos de Juventus, Roma, Napoli e Fiorentina e as boas
contratações que a rival Internazionale realizou, o Milan terá que se desdobrar
para ficar acima de qualquer um destes adversários na tabela. A não
participação em competições europeias pode ajudar na questão do foco na Serie
A, embora o elenco limitado não dê muitas esperanças. A saída da torcida rossonera é torcer para que Pippo
Inzaghi consiga dar um padrão tático à equipe neste final de pré-temporada e
nas primeiras partidas do campeonato italiano, bem como recuperar alguns
jogadores que há algum tempo não rendem o esperado, notadamente Balotelli, Ménez,
El Shaarawy e Honda. Inzaghi entra numa pedreira em sua estreia na carreira de
técnico e terá que tirar leite de pedra se não quiser acabar como o
ex-companheiro Seedorf.
Napoli:
manutenção do elenco e também das expectativas
Após o título da Coppa Italia, o Napoli mantém a
filosofia de trabalho da última temporada. Com Rafa Benítez no comando, o time
foi o terceiro colocado da Serie A e ficou na primeira fase da Champions
League, em um grupo muito forte, que também contava com Olympique Marseille,
Arsenal e Borussia Dortmund e foi disputado até a última rodada, com três
times, incluindo o Napoli, terminando com a mesma pontuação e a decisão das
vagas sendo feita nos critérios de desempate. Na Europa League, foi eliminado
pelo Porto, nas oitavas.
Nesta pré-temporada, o Napoli não modificou a forma
de jogar que teve relativo sucesso na última época. O 4-2-3-1 de Benítez, que
se transformava em 4-4-2 na fase defensiva, deve continuar, já que a base foi
mantida e chegaram algumas contratações pontuais, sem muito alarde, que devem
dar boas opções para todas as posições. As aquisições mais importantes são o centroavante
espanhol Michu, que também pode atuar como ponta-de-lança, e o promissor
zagueiro francês Koulibaly, que chega para disputar posição com Henrique e
Britos para ver quem forma dupla de zaga com Raul Albiol, além do goleiro
argentino Mariano Andújar, com a missão de fazer sombra a Rafael, e do volante
holandês Jonathan De Guzmán, contratado para suprir a falta de Behrami,
negociado com o Hamburgo. Gargano volta de empréstimo e será utilizado, a
princípio.
Barcelona x Napoli: Benítez arma um 4-4-2 compacto com
marcação em bloco médio
Taticamente, o Napoli não deve apresentar muitas
variações. O já citado 4-2-3-1 deve continuar a ser utilizado, com marcação em
bloco médio e baixo e valorização da posse de bola, principalmente no
meio-campo, com os bons volantes Inler e Jorginho, que volta para fazer a distribuição
a partir de trás, entre os zagueiros. As jogadas de ataque devem seguir se
baseando na velocidade pelas pontas, seja com Callejón, Mertens ou Insigne,
contando com o bom apoio dos ofensivos Maggio e Ghoulam que, mesmo com seis
meses irregulares no San Paolo, pode despontar após Copa segura com a Argélia. A possibilidade de variação para jogos mais
cascudos do campeonato italiano e da Champions League pode ser para um 4-1-4-1,
com Gargano ou Dzemaili no lugar de Hamsik – que deixou de ser intocável há
algum tempo – para atuar ao lado de Inler, formando duas linhas de quatro com
Jorginho entre elas.
Duas variações possíveis do Napoli para a temporada:
4-2-3-1 deve ser o esquema mais utilizado com o 4-1-4-1 como alternativa para
jogos mais pesados
O Napoli chega à segunda temporada sob o comando de
Rafa Benítez e De Laurentis não aceitará menos sucesso do que na última. Com a
saída de Conte da Juventus e com Inter e especialmente Milan ainda sem muitas perspectivas
de brigar pelo título, o Napoli tem mais chances de voltar a levantar o Scudetto, tendo que perseguir Juventus e
Roma, um pouco à frente na disputa. O primeiro grande desafio da temporada é na
Europa e acontece ainda este mês, já que o sorteio indigesto colocou o bom
Athletic Bilbao no caminho do time napolitano para os play-offs da fase de
grupos da Champions League e o 1-1 da partida de ida, no San Paolo, é um
resultado muito difícil de reverter fora de casa. Uma possível desclassificação
antes mesmo da fase de grupos seria desastrosa para as pretensões do Napoli na
temporada.
Roma: o time
mais moderno da Itália agora quer o scudetto
A última temporada era pra ser de reconstrução para
a Roma, mas o sucesso foi experimentado logo de cara, com um vice-campeonato na
Serie A trás campanha irretocável com pontuação de campeão. No entanto, os 85
pontos romanistas não foram páreos para os incríveis 102 da tricampeã Juventus.
A mudança de patamar da Roma na última temporada se
deve quase que completamente à chegada de Rudi García. O francês é um dos
melhores técnicos emergentes do futebol europeu e sua ida para a Itália fez um
bem enorme ao futebol do país, um pouco atrasado taticamente em comparação com
outros centros da Europa.
García veio de ótimo trabalho no Lille e comandou
com maestria a volta da Roma à Champions League. Iniciando os trabalhos no
mercado, o então novo técnico romanista mesclou contratações de jogadores já
consolidados por quantias razoáveis, com apostas em atletas experientes mas em
baixa no futebol europeu, como Maicon e Morgan De Sanctis. Ambos chegaram com
contratos curtos e a valores baixos e deram bom retorno, principalmente o
goleiro, ignorado por Rafa Benítez no Napoli para se tornar um dos melhores arqueiros
da temporada italiana em Roma.
Para 2014-15, já com um grupo formado, o trabalho
de García está sendo mais para reforçar o bom elenco visando dar equilíbrio a
um time que disputará várias competições.
Neste sentido, a política de contratações não mudou e o time da capital trouxe
o zagueiro Davide Astori (empréstimo com opção de compra) e o meia-atacante
Juan Iturbe, destaque do Hellas Verona na última Serie A. Salih Uçan, Leandro
Paredes e Antonio Sanabria são jovens que chegam como apostas para o futuro. A
exemplo do que aconteceu com Maicon e De Sanctis, a Roma incorporou sem custos
e com contratos curtos o lateral Ashley Cole, o lateral/meia Urby Emanuelson e
o volante Seydou Keita, que acrescentarão muita experiência europeia a um clube
que volta à Champions League após três temporadas de ausência.
Até o presente momento, a Roma não perdeu ninguém
importante, apesar de muitas especulações vincularem o nome do excelente
zagueiro Mehdi Benatia aos gigantes Bayern de Munique e Manchester United. Caso
o defensor seja negociado, a ótima dupla com Leandro Castán será desfeita e
Astori deve ser o novo companheiro do brasileiro na zaga. Desta forma, Rudi
García já começa a definir o time romanista que iniciará a época.
A Roma não deve fugir muito do que apresentou em
2013-14 em termos táticos. O 4-1-4-1 que se transforma em 4-3-3 em fase
ofensiva deve ser a toada para a temporada que está por se iniciar. O sistema é
mais interessante com Kevin Strootman fazendo a saída no meio-campo pela
esquerda, mas enquanto o holandês não se recupera de grave lesão, Nainggolan é
quem deve fazer companhia a Pjanic no meio-campo, à frente de De Rossi, com
Keita como opção. Il Capitano, Francesco Totti, é o homem mais avançado do sistema,
mas, com a bola em posse romanista, recua muitas vezes para ajudar na criação,
enquanto os pontas fazem a infiltração em diagonal. Como Totti não tem condições
físicas de atuar em todas as partidas, García utiliza uma variação desde a
última temporada para o 4-2-3-1 em jogos em que o capitão não está à
disposição. Nesta formação, Pjanic adianta para atuar como meia central, entre
os jogadores de lado, tendo assim mais responsabilidades de ser o homem do
último passe para suprir a falta de Totti e municiar os atacantes de lado de
campo e o centroavante referência, geralmente Mattia Destro.
Com Totti e sem Totti. Variações de Rudi García são
para adaptar Roma ao capitano, que é fundamental para o 4-1-4-1 com o ‘falso 9’,
mas como não pode atuar em todas as partidas, o time necessita de uma variação
com Destro como referência. O jovem centroavante foi o artilheiro do time na
última temporada
Seja no 4-1-4-1 ou no 4-2-3-1, a Roma posiciona-se
com linhas aproximadas em fase defensiva, com marcação em bloco médio/alto e
combinando momentos de pressão na saída dos zagueiros adversários – ao adiantar
os pontas para mais perto do centroavante – com agressividade no encurtamento
de espaço no meio-campo, impossibilitando a transição adequada dos rivais e
forçando a ligação direta.
Os giallorossi
apresentam o futebol mais moderno da bota, com intensidade na marcação e
velocidade nas transições. Isto, combinado com a perda de protagonismo de Inter
e Milan e com a saída de Antonio Conte da Juve, faz com que o time romanista
chegue como principal rival dos bianconeri
e com boas possibilidades de levar o scudetto
de volta para a capital italiana após quatorze anos.
Por João Marcos Soares (@JoaoMarcos__)
Palpites da equipe da Prancheta Tática para a Serie A:
Andrey Hugo: Roma
Caio Gondo: Juventus
Daniel Barud: Juventus
Diogo Ribeiro Martins: Roma
Felipe de Faria: Juventus
João Elias Cruz: Juventus
João Marcos Soares: Roma
Veja também: