quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Na final da Supercopa da Espanha o Atlético de Madrid mostrou que será novamente o time mais "chato" da Europa

"Jogamos como quisemos e não como o  Real Madrid quis", sucinto como seu time, Diego Simeone sintetizou o que vimos na partida de ida da final da Supercopa espanhola. O empate em 1 a 1 é um mero detalhe em meio a uma nova e intensa batalha tática entre dois dos maiores treinadores do mundo. Pudemos apreciar a um Atlético de Madrid, que assim como na ultima temporada, deu aula de intensidade e compactação para defender. Mesmo com a saída de jogadores fundamentais - Courtois, Diego Costa, Filipe Luis, Villa e Adrian - o conjunto colchonero demonstrou que certamente será novamente o time mais chato a ser enfrentado pelos grandes times da Europa nessa temporada. Em um repleto Santiago Bernabeu, o Real Madrid assumiu o protagonismo com o 4-3-3 de Carlo Ancelotti muito bem definido. O meio campo tinha Xabi Alonso qualificando o primeiro passe, ao passo que Toni Kross e Modric atuavam adiantados, sempre ao ritmo do passes curtos e precisos - uma marca desse novo Real Madrid -  para municiar o disperso tridente CR7-BALE-BENZEMA.
 
 
No tradicional 4-4-1-1, el Atleti marcava em poucos metros, dobrando o bote com duas ferrenhas linhas de 4. Com o campo congestionado, o Real Madrid trocava passes inócuos, sem conseguir entrar na área colchonera. Vale destacar o ótimo trabalho dos volantes Gabi e Mario Suarez que combatiam com eficácia aos lampejos dos armadores merengues - Kroos e Modric. Como se fosse pouco, os laterais Juanfran e Guilherme Siqueira ficavam presos a linha defensiva custodiando Bale e Cristiano Ronaldo, enquanto outra peça fundamental no esquema de Cholo Simeone, Raul Garcia, combatia Xabi Alonso. Mario Mandzukic, a contratação mais impactante, seguia isolado entre Pepe e Sergio Ramos, trocando provocações e sopapos, no melhor estilo Diego Costa, seu antecessor.

Para caracterizar de vez o ferrolho rojiazul, Koke e o "canterano" Saúl Ñiguez fechavam a segunda linha evitando as subidas de Carvajal e Marcelo. Foi assim, que o primeiro tempo passou com escassas chances de gol. A única merengue veio quando Cristiano Ronaldo confundiu a defesa del Atleti, atuando como centroavante para cabecear um cruzamento vindo da esquerda que passou rente a trave. Pouco para um 0x0 de xadrez.

 
 
Eis que, para paura de todos os madridistas, Cristiano Ronaldo sentiu uma moléstia no joelho direito, não retornando para o segundo tempo e aumentando o alarme em Chamartin. Em seu lugar ingressou James Rodriguez. O Real Madrid adiantou suas linhas, tentando pressionar em campo rival com todos os seus homens. Apesar da blitz, o atleti mostrava muita inteligência tática para evitar o ingresso madridista em sua pequena área. A chance real veio em uma cobrança de falta de Bale, que o arqueiro Moya rebateu no pé de Kroos; o talentoso meia alemao desperdiçaria uma oportunidade ímpar. 
 
Guilherme Siqueira deu lugar a Cristian Ansaldi. Simeone ainda tenta encontrar o substituto ideal de Filipe Luis na lateral esquerda. O jogo ficava rispido, com entradas desleais e alguns arranca rabos para deixar Pepe e Sergio Ramos com saudades de Diego Costa. O treinador argentino ainda trocaria sua dupla de ataque com o ingresso dos recém contratados, Antoine Griezmann e Raul Jimenez.
 
O cotejo mudaria de rumo com o ingresso de Angel Di Maria aos 33 do segundo tempo. O Madrid passava a um 4-2-2-2 com Bale se posicionando ao lado de Benzema, trazendo Di Maria e James pelos flancos. Dois minutos depois, após jogada criada pelo argentino, James Rodriguez definiu como centroavante após bate e rebate na área colchonera. Parecia que viria uma suada vitória do Real, eis que, em uma de suas jogadas prelidetas, a bola parada, o Atlético encontraria o empate agônico com Raul Garcia. Um empate com cara de vitória, a sua maneira, como gosta seu treinador, que demonstra a cada confronto a maturidade de uma equipe preparada para encarar qualquer gigante do futebol europeu.

*Por Felipe Bigliazzi Dominguez(@FelipeBigliazzi)