quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Santos decretou a terceira derrota de Doriva

O técnico do Atlético-PR, que chegou ao clube durante a parada da Copa do Mundo, sofreu a terceira derrota no Furacão. Desta vez, o Santos foi quem venceu a equipe paranaense. Em sete partidas até aqui, Doriva venceu três, empatou uma e perdeu três. Para o início desta terceira derrota, tanto o Atlético-PR quanto o Peixe começaram no 4-2-3-1:

Atlético-PR e Santos no 4-2-3-1, tendo em Marcelo e Robinho com duas flechas pequenas de movimentação defensiva.

Marcelo e Robinho, por marcarem mal, desestabilizaram os sistemas defensivos de suas equipes. Primeiramente, o camisa 7 do Atlético. A informação de que Marcelo marca mal parece já ter ido para além dos muros do CT do Caju, pois na Vila Belmiro, Arouca foi quem fez a armação da jogada do seu time e utilizou muitas vezes o passe em profundidade para Mena receber em projeção. Tanto que o camisa 5 do Santos foi quem mais fez passes certos no jogo (com incrível aproveitamento 100% na precisão dos 40 passes tentados), e fez o Peixe ter o seguinte heatmap:

De tanto que Arouca armava a equipe nas meias dos dois lados do campo, o camisa 5 do Santos fez o time ter bastante incidência de toques na bola nestas regiões. A do lado esquerdo do seu ataque foi a maior devido às ultrapassagens de Mena nas costas da ruim marcação de Marcelo. 

Com Marcelo só marcando Mena, em vez de balançar defensivamente quando a bola estava do lado oposto do campo, Arouca quando recebia a bola, ele procurava fazer o passe em profundidade para a projeção do chileno em projeção no quadrado azul acima desenhado. Como Arouca se posicionava bem –longe da marcação dos volantes atleticanos- e Marcelo não cobria o seu setor defensivo, o Santos acabou tendo o mapa de calor acima.

Já Robinho, que também marcou mal o seu setor, fez o Atlético-PR ter um mapa de calor muito parecido. Do mesmo modo que o sistema ofensivo do Santos conseguia mudar de lado do campo em situação ofensiva através de passes curtos, o do Furacão também conseguiu. E assim como a equipe paulista, o volante mais próximo foi o responsável para tal virada. João Paulo com 37 passes certos, o segundo melhor jogador rubro-negro neste quesito, era quem fazia os passes em profundidade para Sueliton. O heatmap do Atlético-PR adiante demonstra a mesma situação que aconteceu contra o Furacão:

Sem Robinho marcando corretamente o seu setor, João Paulo, assim como Arouca fez para o Santos, fez vários passes em profundidade para que Sueliton recebesse em projeção e nas costas da marcação do camisa 7 santista.

Porém, aos poucos, Oswaldo de Oliveira foi percebendo essa movimentação constante do Atlético-PR e passou a deixar Robinho somente à frente. Quem voltava para compor a segunda linha de 4 era Lucas Lima. Com este ajuste, o Santos conseguiu manter a blitz inicial do jogo: era pressão santista desde a saída de bola rubro-negra, compactação curta do time, constante ultrapassagens de Cicinho e Arouca ditando o ritmo ofensivo da equipe.

Aos 30 do primeiro tempo, Robinho saiu machucado. Em seu lugar, entrou Rildo. No lado técnico, o Peixe perdeu muito, mas pelo lado tático, a equipe se ajustou. Sem o seu camisa 7, o 4-2-3-1 tomou forma organizada no sistema defensivo –não havia mais o “remendo” defensivo de Lucas Lima- e o ofensivo, por consequência, passou a ficar mais fácil. Tanto que o gol acabou saindo justamente nesse período do jogo: gol de Leandro Damião, aos 44. 

Com Rildo, o sistema defensivo santista ficou melhor e, por consequência, o ofensivo acabou tendo suas facilidades.

No primeiro tempo, o Atlético-PR tentava a compactação entre intermediárias, com maior intensidade de marcação somente em campo defensivo, os laterais avançavam alternadamente e o time já estava começando a abusar dos cruzamentos. Para o segundo tempo, Doriva mudou quase tudo. Na segunda etapa, o Furacão passou a pressionar desde a saída de bola adversária, a buscar a compactação em campo ofensivo, todos os jogadores passaram a realizar troca rápida de ação de jogo e os cruzamentos passaram a ser ainda mais utilizados. Há alguns motivos para que os cruzamentos passarem a ser ainda mais usados.

A entrada de Douglas Coutinho no lugar de Marcos Guilherme fez o time jogar ainda mais pelos lados. Uma vez que o meia central da equipe, Bady, não atua centralizado, as sequências das jogadas passavam a ser sempre pelos lados do campo. Além disso, Thiago Ribeiro e Rildo também só marcavam os laterais adversários mais próximos e descompactavam a sua equipe defensivamente. Deste modo, freqüentemente, o Peixe se defendia no 4-2-1, mas dessa vez, com Lucas Lima cobrindo o meio.

Pelo heatmap de Bady, percebe-se o meia central atuando muito pelos lados do campo. Sem ao menos ele procurando jogar pelo centro do seu ataque, o heatmap do Atlético-PR com muito calor pelos lados era tendência no fim do jogo.

No segundo tempo, o Santos passou a compactar a equipe da mesma maneira acima. Porém como Rildo e Thiago Ribeiro não faziam a segunda linha de 4 da equipe, Arouca e Alison eram quem faziam o combate defensivo nos espaços azuis deixados pelos meias de lado do time. Com esta movimentação “estranha” para os volantes, Lucas Lima era quem recuava pelo centro e cobria o setor vazio deixado.

          Com Santos dando espaços pelas laterais do campo e a equipe paulista tendo feito o segundo gol –ao 21 do segundo tempo-, Doriva resolveu apostar de vez nas bolas alçadas (no total, foram 27 cruzamentos). O técnico do Atlético-PR colocou Dellatorre no lugar de Bady, aos 28´. Com isso, Dellatorre passou a ser um ponta-de-lança, a saída de bola do Furacão era somente pelos lados com subida simultânea dos dois laterais e Deivid e João Paulo eram os responsáveis para a armação da jogada.

Mesmo com os dois laterais do Atlético-PR subindo ao mesmo tempo, os espaço entre Rildo-Mena e Thiago Ribeiro-Cicinho continuavam a existir, e Arouca, Alison e Lucas Lima continuavam a fazer as mesmas compensações defensivas para ocupar os espaços deixados. E como Leandro Damião sequer atrapalhava a saída de bola do Furacão, João Paulo e Deivid conseguiam iniciar as jogadas rubro-negras com muita tranqüilidade. Porém elas eram sempre para os lados, pois Dellatorre se ia enfiava na área precipitadamente. 

Percebendo esta saída pelos volantes e para os lados do campo, Oswaldo de Oliveira retirou Leandro Damião e colocou Souza, aos 38. Com esta substituição, o Santos passou a jogar em um 4-3-3, todo o meio-de-campo santista conseguiu avançar e a encaixar a marcação mais à frente no Atlético-PR.

No 4-3-3, os espaços azuis continuavam a existir, mas Arouca, Lucas Lima e Souza neutralizavam mais rapidamente a saída de bola através dos volantes do Atlético-PR e, assim, os espaços azuis não eram mais preocupação.

As entradas de Otávio pelo Atlético-PR e de Stéfano Yuri pelo Santos pouco alteraram a partida taticamente.

Fim de partida: Atlético-PR no 4-2-3-1 e Santos no 4-3-3.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)