O
técnico do Atlético-PR, que chegou ao clube durante a parada da Copa do Mundo,
sofreu a terceira derrota no Furacão. Desta vez, o Santos foi quem venceu a
equipe paranaense. Em sete partidas até aqui, Doriva venceu três, empatou uma e
perdeu três. Para o início desta terceira derrota, tanto o Atlético-PR quanto o
Peixe começaram no 4-2-3-1:
Atlético-PR
e Santos no 4-2-3-1, tendo em Marcelo e Robinho com duas flechas pequenas de
movimentação defensiva.
Marcelo
e Robinho, por marcarem mal, desestabilizaram os sistemas defensivos de suas
equipes. Primeiramente, o camisa 7 do Atlético. A informação de que Marcelo
marca mal parece já ter ido para além dos muros do CT do Caju, pois na Vila
Belmiro, Arouca foi quem fez a armação da jogada do seu time e utilizou muitas
vezes o passe em profundidade para Mena receber em projeção. Tanto que o camisa
5 do Santos foi quem mais fez passes certos no jogo (com incrível
aproveitamento 100% na precisão dos 40 passes tentados), e fez o Peixe ter o
seguinte heatmap:
De
tanto que Arouca armava a equipe nas meias dos dois lados do campo, o camisa 5
do Santos fez o time ter bastante incidência de toques na bola nestas regiões.
A do lado esquerdo do seu ataque foi a maior devido às ultrapassagens de Mena
nas costas da ruim marcação de Marcelo.
Com
Marcelo só marcando Mena, em vez de balançar defensivamente quando a bola
estava do lado oposto do campo, Arouca quando recebia a bola, ele procurava
fazer o passe em profundidade para a projeção do chileno em projeção no
quadrado azul acima desenhado. Como Arouca se posicionava bem –longe da
marcação dos volantes atleticanos- e Marcelo não cobria o seu setor defensivo,
o Santos acabou tendo o mapa de calor acima.
Já
Robinho, que também marcou mal o seu setor, fez o Atlético-PR ter um mapa de
calor muito parecido. Do mesmo modo que o sistema ofensivo do Santos conseguia
mudar de lado do campo em situação ofensiva através de passes curtos, o do
Furacão também conseguiu. E assim como a equipe paulista, o volante mais
próximo foi o responsável para tal virada. João Paulo com 37 passes certos, o
segundo melhor jogador rubro-negro neste quesito, era quem fazia os passes em
profundidade para Sueliton. O heatmap do Atlético-PR adiante demonstra a mesma
situação que aconteceu contra o Furacão:
Sem
Robinho marcando corretamente o seu setor, João Paulo, assim como Arouca fez
para o Santos, fez vários passes em profundidade para que Sueliton recebesse em
projeção e nas costas da marcação do camisa 7 santista.
Porém,
aos poucos, Oswaldo de Oliveira foi percebendo essa movimentação constante do
Atlético-PR e passou a deixar Robinho somente à frente. Quem voltava para
compor a segunda linha de 4 era Lucas Lima. Com este ajuste, o Santos conseguiu
manter a blitz inicial do jogo: era pressão santista desde a saída de bola
rubro-negra, compactação curta do time, constante ultrapassagens de Cicinho e
Arouca ditando o ritmo ofensivo da equipe.
Aos
30 do primeiro tempo, Robinho saiu machucado. Em seu lugar, entrou Rildo. No
lado técnico, o Peixe perdeu muito, mas pelo lado tático, a equipe se ajustou.
Sem o seu camisa 7, o 4-2-3-1 tomou forma organizada no sistema defensivo –não havia
mais o “remendo” defensivo de Lucas Lima- e o ofensivo, por consequência,
passou a ficar mais fácil. Tanto que o gol acabou saindo justamente nesse
período do jogo: gol de Leandro Damião, aos 44.
Com
Rildo, o sistema defensivo santista ficou melhor e, por consequência, o
ofensivo acabou tendo suas facilidades.
No
primeiro tempo, o Atlético-PR tentava a compactação entre intermediárias, com
maior intensidade de marcação somente em campo defensivo, os laterais avançavam
alternadamente e o time já estava começando a abusar dos cruzamentos. Para o
segundo tempo, Doriva mudou quase tudo. Na segunda etapa, o Furacão passou a
pressionar desde a saída de bola adversária, a buscar a compactação em campo
ofensivo, todos os jogadores passaram a realizar troca rápida de ação de jogo e
os cruzamentos passaram a ser ainda mais utilizados. Há alguns motivos para que
os cruzamentos passarem a ser ainda mais usados.
A
entrada de Douglas Coutinho no lugar de Marcos Guilherme fez o time jogar ainda
mais pelos lados. Uma vez que o meia central da equipe, Bady, não atua
centralizado, as sequências das jogadas passavam a ser sempre pelos lados do
campo. Além disso, Thiago Ribeiro e Rildo também só marcavam os laterais
adversários mais próximos e descompactavam a sua equipe defensivamente. Deste
modo, freqüentemente, o Peixe se defendia no 4-2-1, mas dessa vez, com Lucas
Lima cobrindo o meio.
Pelo
heatmap de Bady, percebe-se o meia central atuando muito pelos lados do campo.
Sem ao menos ele procurando jogar pelo centro do seu ataque, o heatmap do
Atlético-PR com muito calor pelos lados era tendência no fim do jogo.
No
segundo tempo, o Santos passou a compactar a equipe da mesma maneira acima.
Porém como Rildo e Thiago Ribeiro não faziam a segunda linha de 4 da equipe,
Arouca e Alison eram quem faziam o combate defensivo nos espaços azuis deixados
pelos meias de lado do time. Com esta movimentação “estranha” para os volantes,
Lucas Lima era quem recuava pelo centro e cobria o setor vazio deixado.
Com Santos dando espaços pelas laterais do campo e a equipe paulista
tendo feito o segundo gol –ao 21 do segundo tempo-, Doriva resolveu apostar de
vez nas bolas alçadas (no total, foram 27 cruzamentos). O técnico do
Atlético-PR colocou Dellatorre no lugar de Bady, aos 28´. Com isso, Dellatorre
passou a ser um ponta-de-lança, a saída de bola do Furacão era somente pelos
lados com subida simultânea dos dois laterais e Deivid e João Paulo eram os
responsáveis para a armação da jogada.
Mesmo
com os dois laterais do Atlético-PR subindo ao mesmo tempo, os espaço entre
Rildo-Mena e Thiago Ribeiro-Cicinho continuavam a existir, e Arouca, Alison e
Lucas Lima continuavam a fazer as mesmas compensações defensivas para ocupar os
espaços deixados. E como Leandro Damião sequer atrapalhava a saída de bola do
Furacão, João Paulo e Deivid conseguiam iniciar as jogadas rubro-negras com
muita tranqüilidade. Porém elas eram sempre para os lados, pois Dellatorre se
ia enfiava na área precipitadamente.
Percebendo
esta saída pelos volantes e para os lados do campo, Oswaldo de Oliveira retirou
Leandro Damião e colocou Souza, aos 38. Com esta substituição, o Santos passou
a jogar em um 4-3-3, todo o meio-de-campo santista conseguiu avançar e a
encaixar a marcação mais à frente no Atlético-PR.
No
4-3-3, os espaços azuis continuavam a existir, mas Arouca, Lucas Lima e Souza
neutralizavam mais rapidamente a saída de bola através dos volantes do
Atlético-PR e, assim, os espaços azuis não eram mais preocupação.
As
entradas de Otávio pelo Atlético-PR e de Stéfano Yuri pelo Santos pouco
alteraram a partida taticamente.
Fim
de partida: Atlético-PR no 4-2-3-1 e Santos no 4-3-3.
Por Caio Gondo (@CaioGondo)