Diferentemente
de São Paulo, Fluminense e Internacional, o Santos em seu confronto contra um
clube de menor expressão acabou passando de fase. O time da Vila Belmiro venceu
por 2 x 0 o atual campeão paranaense, o Londrina. Para este vitória alvinegra,
o Santos começou no 4-2-3-1 e a equipe paranaense no 4-3-1-2:
Santos
no 4-2-3-1 e Londrina no 4-3-1-2
Devido
a vantagem de 2 x 1, o Londrina do início do primeiro tempo até o primeiro gol
sofrido, aos 7 do segundo tempo, atuou de forma reativa. Tanto que a equipe
paranaense iniciava a marcação no meio do campo, compactava todo o time em seu
campo defensivo, os dois atacantes –quase que freqüentemente- retornavam para
posicionar a equipe defensivamente em um 4-1-4-1, abdicou da posse da bola
(terminou com 40,20%) e só tentava o ataque através de contra-ataque velozes
através das retomadas de bola de seus jogadores. O Tubarão roubou 22 bolas, e
dos cinco jogadores que mais desarmaram na partida, quatro foram do Londrina
(Paulinho 4, Bidia 4, Diogo Roque 3 e Lucas Ramon 3).
Assim
como foi dito anteriormente, os atacantes londrinenses às vezes voltavam para
compor o sistema defensivo da equipe, e às vezes, não. Quando eles voltavam, o
posicionamento defensivo era o 4-1-4-1. Já quando eles não retornavam, o
sistema defensivo funcionava com os três volantes balançando defensivamente
para o lado da bola tendo Celsinho à frente dos três para iniciar o
contra-ataque, assim como mostra o flagrante adiante:
No
flagrante e sem Paulinho retornando defensivamente, Bidia, Diogo Roque e Léo
Maringá balançaram defensivamente para o lado da bola e, assim, não dando tanto
espaço para o sistema ofensivo santista. E independentemente do retorno defensivo
dos atacantes, Celsinho sempre movimentava para o setor da bola para que ele
pudesse ser opção de contra-ataque rapidamente (Reprodução: ESPN).
Já o Santos, que precisava de no mínimo um gol, propôs o jogo até o seu
primeiro gol. Para ter mais jogadores técnicos em campo ofensivo, Alison se
posicionava entre os zagueiros para que Cicinho e Mena atacassem
simultaneamente. Com Arouca e Lucas Lima armando as jogadas ofensivas em cada
lado do campo e com Leandro Damião sempre dando profundidade ao ataque, o
sistema ofensivo santista sempre tinha amplitude –com Cicinho e Mena- e
profundidade - com Leandro Damião.
Com
os dois laterais em campo ofensivo, Cicinho e Mena criaram a amplitude no
ataque e com o centroavante empurrando a linha defensiva para trás, Leandro
Damião criava a profundidade ao ataque alvinegro. Amplitude e profundidade são
aspectos essenciais para um sistema ofensivo.
Com
o time precisando fazer um gol, o Santos procurou abrir o sistema defensivo. A
maior posse de bola (59,80%), a maior número de passes certos (350 x 180), a
maior porcentagem de acerto de passes (88% x 80%) e o maior número de viradas
de jogo corretas (10 x 1) –esta realizada devido a amplitude criada pelos
laterais e a dobra ofensiva de Robinho e Thiago Ribeiro- demonstram como os
comandados de Oswaldo de Oliveira procurou abrir o sistema defensivo
londrinense.
Após o gol de
Robinho, aos 7 da segunda etapa, muitos aspectos de jogo mudaram. Depois do gol
sofrido, o Londrina passou a tentar propor o jogo. Mas devido ao nível técnico
de seus jogadores e, também, pelo Santos ter passado a iniciar a marcação
próximo do meio do campo –antes o Peixe pressionava desde a saída de bola
adversária-, o Tubarão não conseguia sair jogando. Já os comandados de Oswaldo de Oliveira
passaram a procurar os contra-ataques como principal forma de ataque. Porém
neste momento da partida, somente o quarteto ofensivo passou a fazer parte do
sistema ofensivo alvinegro. Ou seja, faltavam opções ofensivas para o time, mas
a amplitude e a profundidade continuavam a fazer parte do sistema ofensivo
santista.
Mesmo
com poucas opções ofensivas e em contra-ataque, o sistema ofensivo santista
manteve a amplitude –na imagem através de Robinho e Thiago Ribeiro- e a
profundidade –no flagrante com Leandro Damião. Assim como foi citado
anteriormente, com a amplitude ofensiva formada, há sempre a opção de virada de
jogo, assim como Robinho está fazendo no flagrante anterior (Reprodução: ESPN).
Com
a desvantagem no placar, Claudio Tencatti –técnico do Londrina- colocou os
meias Madson e Roni Dias nos lugares dos volantes Léo Maringá e Bidia. Através
destas substituições, o Tubarão manteve a estrutura do 4-3-1-2, mas neste
momento, os seus “volantes” de lado passaram a fazer parte do sistema ofensivo
londrinense.
Já
no Santos, Oswaldo de Oliveira passou a corrigir o que já corriqueiro em terras
brasileiras. Em seu 4-2-3-1 inicial e propondo o jogo, Robinho poucas vezes
precisava retornar marcando. Agora com o seu time sendo atacado, o camisa 7
santista só marcava o lateral-direito adversário. E só. Uma vez que se este
jogador do Londrina não atacasse, Robinho não passava a fazer parte do sistema
defensivo santista e, assim, abria um rombo no seu setor defensivo. O flagrante
abaixo mostra como Robinho marcava:
Sem
o lateral-direito do Londrina atacando, Robinho não fazia parte do sistema
defensivo do seu time. Sem o camisa 7, o Santos se defendia em um 4-3-1, assim
como mostra o flagrante acima, e sem ninguém cobrindo o setor esquerdo defensivo
(Reprodução: ESPN).
Com
a entrada de Rildo no lugar de Leandro Damião, o Santos passou a atacar no
4-2-3-1 e a defender no 4-4-1-1, assim como seria naturalmente.
Com
a entrada de Rildo na meia esquerda, Robinho passou a ser a referência do
ataque e como ele já não voltava marcando, o sistema defensivo santista passou
a não ser tão prejudicado.
Como
o gol da classificação não acontecia, Claudio Tencatti continuou a fazer mais
substituição ofensiva. Aos 38 do segundo tempo, este técnico colocou o
centroavante Davi Ceará no lugar de Celsinho. Com esta troca, o Londrina passou
a jogar no 4-3-3, já que Davi Ceará passou a jogar na referência do ataque e
dando a profundidade procurada pelo sistema ofensivo londrinense. Mas aos 43,
Rildo fez o segundo gol do Santos e decretou a classificação alvinegra para as
oitavas-de-final da Copa do Brasil.
Fim
de partida: Santos no 4-2-3-1 e Londrina no 4-3-3. Este 4-3-3 da equipe
paranaense era tão ofensivo que nenhum dos três atacantes retornava para fazer
parte do sistema defensivo.
Por
Caio Gondo (@CaioGondo)