terça-feira, 12 de agosto de 2014

Santos consegue ser mais objetivo, mas bola parada dá nova vitória ao Corinthians

Santos e Corinthians se enfrentaram em confronto válido pela 14ªRodada do Campeonato Brasileiro. O clássico marcou o retorno de Robinho a equipe santista, com o mesmo sendo o principal destaque em uma partida muito truncada, em que as paralisações acabaram ocupando boa parte do jogo, algo muito comum no futebol brasileiro nos últimos anos

O Santos veio a campo armado no seu tradicional 4-2-3-1 que, em fase ofensiva, se utilizava muito dos lados do campo. A equipe tinha os seus laterais subindo alternadamente aproveitando os espaços deixados por Thiago Ribeiro e principalmente Robinho, que constantemente fechava em diagonal. Havia também as constantes chegadas de Arouca ao campo de ataque, além da movimentação de Lucas Lima pelo campo de ataque, com o meia constantemente participando da criação dos lances ofensivos da equipe. Defensivamente o Santos compactava-se em duas linhas de 4, com Lucas Lima vindo do meio para a esquerda, deixando assim Robinho mais adiantado junto com Leandro Damião, liberando o mesmo das obrigações defensivas. A equipe marcava pressão em bloco médio-alto, marcando por zona com curtas perseguições no setor.

Já o Corinthians veio a campo no 4-4-1-1, algo que já vem se tornando comum na equipe. Ofensivamente a equipe tentava atacar mais pelo lado esquerdo, porém, sofria com o dia ruim dos seus jogadores de meio campo. A equipe, por conta de atacar mais pela esquerda, tinha somente Fábio Santos subindo mais constantemente, com Guilherme Andrade ficando mais preso na linha defensiva. Havia também as eventuais saídas de Elias da linha dos volantes para ajudar no setor ofensivo, a centralização de Jadson, que saía da direita para o centro, a diagonal de Petros, embora isso pouco tenha ocorrido na partida, e a movimentação de Romero e Guerrero que constantemente saíam do centro do ataque para atuar pelos lados, principalmente Romero que constantemente caía pelo lado esquerdo. Defensivamente a equipe se compactava nas suas duas linhas de 4, deixando Romero e Guerrero mais adiantados. Marcava-se por zona com encaixes curtos que por vezes saíam do setor em que o jogador se encontrava e realizava-se a marcação pressão em bloco médio-baixo.

 
Equipes em suas formações táticas iniciais: Corinthians no 4-4-1-1 e Santos no 4-2-3-1

O primeiro tempo teve um início de amplo domínio a equipe santista. A equipe marcava forte a saída de bola corintiana, saía com muita velocidade pelos lados e era objetiva em suas ações, buscando constantemente as diagonais de Robinho, com o mesmo sendo pouco efetivo nas finalizações, além dos cruzamentos para Damião, as ultrapassagens de Cicinho pela direita e o constante apoio de Arouca. A equipe corintiana deu liberdade para o Santos no início da construção de suas jogadas, com o seu meio de campo pressionando somente nas regiões próximas à linha da grande área. Além disso a equipe também sofria para criar as suas jogadas. Essa dificuldade se devia muito por conta da forte marcação santista, que muitas vezes parou o jogo com falta, além da pouca compactação que houve nesse início de jogo no setor ofensivo da equipe, com Romero muitas vezes se encontrando cercado por jogadores santistas, sem opções de passe.

Após os minutos iniciais de domínio santista, o Corinthians conseguiu equilibrar a partida, subindo mais a sua marcação com o seu meio de campo passando a pressionar os jogadores da equipe santista a partir das proximidades da linha de meio campo. Isso acabou resultando em uma maior presença corintiana no campo ofensivo, porém, a equipe pouco penetrava na área adversária, limitando-se às finalizações de média distância. No fim do primeiro tempo houve um lance que alterou em parte o panorama da partida: Alison, volante santista, foi expulso após falta em Elias.

Mapas de calor de ambas as equipes no primeiro tempo: A equipe santista(mapa de cima) esteve mais presente no campo de ataque, tendo mais volume de jogo, volume criado por ambos os lados do setor ofensivo. Já a equipe corintiana(mapa de baixo) passou a maior parte do primeiro tempo alternando entre o meio de campo e o seu território defensivo, com a equipe chegando mais ao ataque pelo lado esquerdo do seu setor ofensivo.(Reprodução: Footstats)

O segundo tempo iniciou com o Santos se reorganizando no 4-4-1 com Lucas Lima atuando mais recuado, ao lado de Arouca. A equipe também mudou a altura do bloco de marcação, passando a marcar em bloco médio-baixo. O Corinthians voltou com a mesma equipe para o segundo tempo, alterando somente a sua proposta de jogo, com a equipe passando a controlar mais a posse de bola na intermediária ofensiva. Nos primeiros 15 minutos do segundo tempo ocorreram 3 substituições na partida. Do lado santista, Leandro Damião foi substituído por Alan Santos, reforçando assim a marcação. Com essa alteração Lucas Lima passou a atuar mais aberto pela esquerda, deixando Alan Santos e Arouca de volantes e Robinho como homem mais adiantado da equipe. Já pelo lado corintiano saíram Guilherme Andrade e Petros e entraram Ferrugem e Renato Augusto, mantendo a estrutura e buscando a melhora do setor ofensivo da equipe.

Após as substituições os laterais da equipe corintiana passaram a subir ao mesmo tempo para o campo de ataque, porém, a equipe seguiu tendo pouca efetividade na criação das jogadas, apresentando um jogo pouco vertical. Já o Santos seguiu levando mais perigo a meta adversária aproveitando-se dessa vez dos espaços gerados pelas subidas simultâneas dos laterais, com Robinho aparecendo como o principal articulador dessas jogadas, com o mesmo abrindo à esquerda para receber a bola e novamente centralizando para articular. Houve mais 3 substituições na partida, com Jadson saindo para a entrada de Romarinho, mantendo a estrutura da equipe, com Romarinho passando a atuar como segundo atacante, por trás de Guerrero, abrindo assim Romero pela direita. Já no Santos saíram Thiago Ribeiro e Robinho e entraram Rildo e Geuvânio, mantendo a estrutura da equipe, com Rildo passando a atuar como homem mais avançado.

Equipes em suas disposições táticas no final do jogo

Porém as alterações apenas mantiveram o panorama amarrado da partida, até que em cobrança de escanteio Gil subiu mais que a zaga adversária e marcou o gol da vitória da equipe corintiana. Após o gol a equipe passou a manter somente a posse de bola, trocando somente passes na horizontal no meio de campo, sem objetividade alguma.

Mesmo com a derrota, o clássico mostra um futuro promissor para o Santos. A inclusão de Robinho a equipe titular deu nova dinâmica ao seu setor ofensivo de modo que possa empolgar os seus torcedores a ver a equipe brigar por uma vaga na libertadores. Já o Corinthians segue no seu ritmo, se impondo em casa e se encolhendo fora. Isso pode ajudar em um torneio de mata-mata mas em um campeonato de pontos corridos a equipe precisará de mais se quiser vir a se tornar uma real candidata ao título.

Mapa de calor
Mapa de calor da equipe corintiana no final da partida: percebe-se claramente a grande mudança na área de atuação da equipe corintiana do primeiro para o segundo tempo(Reprodução: Footstats)

Por Andrey Hugo(@Andrey_Hugo)