Na
abertura da Arena da Baixada reformada para os torcedores, o Atlético-PR não
conseguiu o placar que precisava para classificar para as quartas de final da
Copa do Brasil. Méritos para o América-RN que marcou e amarrou o Furacão, de
tal forma que a equipe paranaense só conseguiu chegar na meta de Andrey através
de bolas aéreas. Para o 2 x 0 que classificou o Mecão, o Atlético-PR e o
América-RN começaram no 4-2-3-1:
Atlético-PR
e América-RN no 4-2-3-1.
Depois
de ter perdido o primeiro jogo por 3 x 0, do início até o fim da partida, o
Atlético-PR propôs o jogo. Com o time pressionando desde a saída de bola
adversária, com os dois laterais subindo constantemente ao ataque e com o meio
de campo todo “ligado”, o Furacão dominou todo o território entre os dois
volantes e os três meias do América-RN, durante o primeiro tempo.
Como
o Mecão não apresentou proximidade entre estes dois setores, a equipe
paranaense apresentou dois aspectos para este domínio da primeira etapa: as
movimentações ofensivas entre Nathan e Marcos Guilherme, e a defensiva com
Deivid e João Paulo. Os dois meias rubro-negros trocavam de posição de freqüentemente
e, assim, fazia com que um deles estivesse livre para receber a bola e dar
continuidade ao ataque.
Para
que o Atlético-PR tivesse melhores opções em campo ofensivo, Marcos Guilherme e
Nathan trocavam de posição constantemente. Só através desta troca, Marcelinho e
Val (uma vez que o América-RN marcava individualmente por setor e com longas
perseguições) não sabiam se acompanhavam os seus marcadores ou guardavam
posição. Como havia esta dúvida, um dos dois meias do Furacão sempre ficava
livre para receber a bola.
Já
defensivamente e como o América-RN, jogou mais uma vez, bem espaçado em campo,
Deivid e João Paulo subiam simultaneamente e com tanta intensidade e rapidez,
que ambos recuperaram diversas bolas neste espaço cedido pelo Mecão. Destaque
para Deivid que roubou sete das 28 realizadas pelo Atlético-PR.
Assim
como o América-RN, o Atlético-PR jogou bem espaçado no campo. Porém as
retomadas de bola de Deivid e João Paulo, já em campo ofensivo, fizeram o
Furacão continuar a pressionar o Mecão. Era pressão rubro-negra.
Imagem
do 4-2-3-1 do Atlético-PR espaçado. Repare na distância que há entre os
volantes Deivid e João Paulo em relação aos trio de meias. Espaço este que foi
compensado pela atitude rápida e eficaz dos volantes, mas que mesmo assim,
demonstra um espaçamento maior do que o normal para os times de Série A do
Brasileirão.
O América-RN,
para se defender do já previsto início de pressão do Atlético-PR, começou
postado defensivamente no 4-4-1-1, e que também variava para o 4-4-2 em linha –assim
como mostra o próximo flagrante. Porém, como Rodrigo Pimpão marcava muito mal o
seu setor defensivo, o meia Morais, com decorrer da primeira etapa, foi
recuando até formar um 4-1-4-1. Como no 4-1-4-1 o Mecão melhorou
defensivamente, este foi o esquema utilizado por Oliveira Canindé durante todo
o segundo tempo. Já que no intervalo, Morais saiu para a entrada de Andrezinho,
e o 4-3-3 foi estabelecido, da mesma que mostra o segundo flagrante adiante:
No
4-4-2 como posicionamento defensivo, o América-RN não conseguiu neutralizar as
arrancadas de Marcelo e nem as movimentações ofensivas de Nathan e Marcos
Guilherme.
Na
imagem, percebe-se o América-RN postado no 4-3-3, mas já postado para se
defender. Pois, uma vez que o encaixe de marcação por setor continuou a
acontecer, cada um dos jogadores do Mecão passou a encaixar "naturalmente" nos
do Furacão. Não era mais necessária tanta movimentação para marcar
individualmente no setor (as linhas azuis representam as marcações que o
América-RN faziam).
Como
o América-RN passou a marcar no 4-1-4-1 e a neutralizar as movimentações
ofensivas do Atlético-PR, o que restou ao Furacão foram as jogadas ofensivas
pelos lados. Dos quais, muitas delas resultaram em cruzamentos para a área de
Andrey. Estas jogadas pelos lados surgiram por dois motivos: os wingers do
Mecão continuaram a marcar mal o setor e de que Nathan saiu lesionado, aos 22
do segundo tempo. Sem Nathan e com a entrada de Dellatorre, Marcos Guilherme
ficou “estático” na faixa central do campo e não conseguiu produzir para a
equipe. Tanto que na partida, o Furacão realizou 42 cruzamentos.
No
flagrante acima, nota-se como Artur Henrique está encostado no lateral-esquerdo
do Atlético-PR e esqueceu-se do seu setor defensivo. Uma vez que João Paulo desvencilhou
da sua marcação individual de Andrezinho, o winger direito do América-RN não
estava no setor para realizar a ajuda defensiva para a sua equipe (Reprodução:
Sportv).
Apesar
do Atlético-PR ter conseguido atacar somente através dos cruzamentos, o Furacão
conseguiu propor o jogo. Pois o América-RN, do início ao fim do jogo, iniciou a
sua marcação próxima do meio do campo e seus wingers, constantemente, marcavam
mal o setor. Como o Mecão adotou uma
postura mais resguardada, o time paranaense ficou com 60,80% da posse de bola,
finalizou 24 vezes e realizou 320 passes certos (representando assim 92% de
passes certos ). Como consequência, o Atlético-PR apresentou um seguinte
heatmap:
Pelo
heatmap, percebe-se o Atlético-PR tendo toques na bola, praticamente, só
próximo do meio do campo para frente. Foi pressão rubro-negra, porém com
somente dois gols feitos.
Apesar
da pressão do Atlético-PR, o América-RN conseguiu segurar o time paranaense e
se classificou para as quartas-de-final da Copa do Brasil de 2014. Mérito de
Oliveira Canindé e todo o seu time que conseguiu neutralizar o Furacão, durante
a segunda etapa.
Fim
de partida: Atlético-PR no 4-2-3-1 e América-RN no 4-1-4-1.
Por
Caio Gondo (@CaioGondo)