quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Com muita vontade e pouco futebol, o Atlético-PR é eliminado da Copa do Brasil

Na abertura da Arena da Baixada reformada para os torcedores, o Atlético-PR não conseguiu o placar que precisava para classificar para as quartas de final da Copa do Brasil. Méritos para o América-RN que marcou e amarrou o Furacão, de tal forma que a equipe paranaense só conseguiu chegar na meta de Andrey através de bolas aéreas. Para o 2 x 0 que classificou o Mecão, o Atlético-PR e o América-RN começaram no 4-2-3-1:

Atlético-PR e América-RN no 4-2-3-1.

Depois de ter perdido o primeiro jogo por 3 x 0, do início até o fim da partida, o Atlético-PR propôs o jogo. Com o time pressionando desde a saída de bola adversária, com os dois laterais subindo constantemente ao ataque e com o meio de campo todo “ligado”, o Furacão dominou todo o território entre os dois volantes e os três meias do América-RN, durante o primeiro tempo.

Como o Mecão não apresentou proximidade entre estes dois setores, a equipe paranaense apresentou dois aspectos para este domínio da primeira etapa: as movimentações ofensivas entre Nathan e Marcos Guilherme, e a defensiva com Deivid e João Paulo. Os dois meias rubro-negros trocavam de posição de freqüentemente e, assim, fazia com que um deles estivesse livre para receber a bola e dar continuidade ao ataque.

Para que o Atlético-PR tivesse melhores opções em campo ofensivo, Marcos Guilherme e Nathan trocavam de posição constantemente. Só através desta troca, Marcelinho e Val (uma vez que o América-RN marcava individualmente por setor e com longas perseguições) não sabiam se acompanhavam os seus marcadores ou guardavam posição. Como havia esta dúvida, um dos dois meias do Furacão sempre ficava livre para receber a bola.

Já defensivamente e como o América-RN, jogou mais uma vez, bem espaçado em campo, Deivid e João Paulo subiam simultaneamente e com tanta intensidade e rapidez, que ambos recuperaram diversas bolas neste espaço cedido pelo Mecão. Destaque para Deivid que roubou sete das 28 realizadas pelo Atlético-PR.

Assim como o América-RN, o Atlético-PR jogou bem espaçado no campo. Porém as retomadas de bola de Deivid e João Paulo, já em campo ofensivo, fizeram o Furacão continuar a pressionar o Mecão. Era pressão rubro-negra.

Imagem do 4-2-3-1 do Atlético-PR espaçado. Repare na distância que há entre os volantes Deivid e João Paulo em relação aos trio de meias. Espaço este que foi compensado pela atitude rápida e eficaz dos volantes, mas que mesmo assim, demonstra um espaçamento maior do que o normal para os times de Série A do Brasileirão.

O América-RN, para se defender do já previsto início de pressão do Atlético-PR, começou postado defensivamente no 4-4-1-1, e que também variava para o 4-4-2 em linha –assim como mostra o próximo flagrante. Porém, como Rodrigo Pimpão marcava muito mal o seu setor defensivo, o meia Morais, com decorrer da primeira etapa, foi recuando até formar um 4-1-4-1. Como no 4-1-4-1 o Mecão melhorou defensivamente, este foi o esquema utilizado por Oliveira Canindé durante todo o segundo tempo. Já que no intervalo, Morais saiu para a entrada de Andrezinho, e o 4-3-3 foi estabelecido, da mesma que mostra o segundo flagrante adiante:  

No 4-4-2 como posicionamento defensivo, o América-RN não conseguiu neutralizar as arrancadas de Marcelo e nem as movimentações ofensivas de Nathan e Marcos Guilherme.

Na imagem, percebe-se o América-RN postado no 4-3-3, mas já postado para se defender. Pois, uma vez que o encaixe de marcação por setor continuou a acontecer, cada um dos jogadores do Mecão passou a encaixar "naturalmente" nos do Furacão. Não era mais necessária tanta movimentação para marcar individualmente no setor (as linhas azuis representam as marcações que o América-RN faziam).

Como o América-RN passou a marcar no 4-1-4-1 e a neutralizar as movimentações ofensivas do Atlético-PR, o que restou ao Furacão foram as jogadas ofensivas pelos lados. Dos quais, muitas delas resultaram em cruzamentos para a área de Andrey. Estas jogadas pelos lados surgiram por dois motivos: os wingers do Mecão continuaram a marcar mal o setor e de que Nathan saiu lesionado, aos 22 do segundo tempo. Sem Nathan e com a entrada de Dellatorre, Marcos Guilherme ficou “estático” na faixa central do campo e não conseguiu produzir para a equipe. Tanto que na partida, o Furacão realizou 42 cruzamentos.

No flagrante acima, nota-se como Artur Henrique está encostado no lateral-esquerdo do Atlético-PR e esqueceu-se do seu setor defensivo. Uma vez que João Paulo desvencilhou da sua marcação individual de Andrezinho, o winger direito do América-RN não estava no setor para realizar a ajuda defensiva para a sua equipe (Reprodução: Sportv).

Apesar do Atlético-PR ter conseguido atacar somente através dos cruzamentos, o Furacão conseguiu propor o jogo. Pois o América-RN, do início ao fim do jogo, iniciou a sua marcação próxima do meio do campo e seus wingers, constantemente, marcavam mal o setor. Como o  Mecão adotou uma postura mais resguardada, o time paranaense ficou com 60,80% da posse de bola, finalizou 24 vezes e realizou 320 passes certos (representando assim 92% de passes certos ). Como consequência, o Atlético-PR apresentou um seguinte heatmap:

Pelo heatmap, percebe-se o Atlético-PR tendo toques na bola, praticamente, só próximo do meio do campo para frente. Foi pressão rubro-negra, porém com somente dois gols feitos.

Apesar da pressão do Atlético-PR, o América-RN conseguiu segurar o time paranaense e se classificou para as quartas-de-final da Copa do Brasil de 2014. Mérito de Oliveira Canindé e todo o seu time que conseguiu neutralizar o Furacão, durante a segunda etapa.

Fim de partida: Atlético-PR no 4-2-3-1 e América-RN no 4-1-4-1.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)