O São Paulo mostrou força no Morumbi, e consolidou o seu modelo de jogo que mescla a técnica, o talento, com a modernidade tática que tanto impera as linhas do esporte bretão atualmente.
Se defendendo de forma compacta com duas linhas de quatro, num 4-4-1-1, os comandados de Muricy Ramalho apresentaram, além de vontade de jogar, esforço e inteligência tática para ocupar as funções dadas pelo treinador, Kaká e Ganso voltavam para compactar pelos lados, Pato - que precisa melhorar a finalização -, exercia o primeiro bote junto de Kardec, para dar tempo de os demais voltarem para recompor e compactar as suas linhas, o que impediu muitas vezes que o Sport fizesse penetrações na área defendida por Rogério Ceni, que, quando precisou, saiu jogando com qualidade, e afastou bolas perigosas num eventual mano a mano com o último jogador do Sport por perto.
Flagrante tático do 4-4-1-1 do Tricolor Paulista. (Reprodução: PFC/SporTV) |
E, muitas vezes, na saída de bola, o Tricolor Paulista executava a sua já costumeira saída de três eternizada por Ricardo La Volpe, com um dos volantes recuando para receber a bola e sair jogando com qualidade, e espetando os laterais para dar mais profundidade as ações ofensivas do time mandante, que sabia propor o jogo, com bola no chão, toques rápidos e pressão no jogador adversário portador da bola assim que a perdia, além de ter contra golpeado com eficiência, como no caso do gol contra de Rithely.
Flagrante tático da saída lavolpiana executada muitas vezes pelo Tricolor Paulista durante a partida. (Reprodução: PFC/SporTV) |
O Sport entrou
num 4-1-4-1 com proposta reativa,
marcando em bloco médio, com alternância para bloco baixo. Com a bola,
apresentava dificuldades na transição da defesa para o ataque, com muitos erros
de passe(principalmente quando o São Paulo apertava a marcação) e sem
objetividade em sua posse, tendo Ibson como único jogador lúcido do meio-campo
e só conseguindo chegar nas proximidades do gol adversário com lançamentos na
direção do veloz Erico Junior. Talvez o uso de Rithely mais à frente, saindo
com bola e se projetando na intermediária ofensiva pudesse melhorar um pouco
essa transição(além de melhor poder de recuperação de bola de forma mais
avançada), porém, Eduardo Baptista optou por utilizá-lo entre as duas linhas de
quatro, com Ibson e Ronaldo alinhados mais à frente. Tinha uma postura
defensiva passiva, aceitando a imposição de estilo de jogo do São Paulo, sem
pressionar e sem muita agressividade na marcação. Mostrava dificuldades para se
compactar e conter a intensa movimentação e rotação do ataque paulista.
Inicialmente, buscava negar espaços à saída de bola tricolor, com a linha de
meio posicionando-se entre as intermediárias para dificultar o passe vertical
entre as linhas ao centro, porém, sem pressão, nem indução ao erro adversário,
deixando o Tricolor Paulista trocar passes lateralmente entre seus zagueiros e
também com o goleiro Rogério Ceni. Por vezes, Neto Baiano ainda tentava fazer o
chamado "para-brisa" em cima dos zagueiros adversários. Mesmo assim,
muito pouco. Os donos da casa tiveram mais facilidade para desenvolver suas
ações ofensivas quando abriam o jogo pelos lados, principalmente pelos espaços
que o Sport dava entre suas linhas de defesa e meio e às costas dos volantes,
facilitando a fluidez de jogo são-paulina nas bolas que iam do flanco pra faixa
central.
Transição
defensiva pelo lado esquerdo da defesa e posicionamento dos volantes foram
alguns dos principais problemas apresentados pela equipe leonina no jogo de
ontem. Pode-se observar isso e um pouco mais nos frames abaixo:
Mesmo com a derrota, o Sport é um time ajustado, e o trabalho feito por Eduardo Baptista tem que ser aplaudido por todos, assim como a reciclagem tática de Muricy Ramalho que vem dando bons frutos ao Tricolor Paulista nessa temporada.
Por Diogo R. Martins (@diogorm013)
e João Elias Cruz (@joaoeliascruzzz)