segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Em noite das estreias dos técnicos, o empate foi justo

Tanto Claudinei Oliveira, pelo lado do Atlético-PR, quanto Dorival Júnior, pelo lado do Palmeiras, estrearam como técnicos nas suas equipes neste Campeonato Brasileiro. Como ambos também tiveram pouco tempo para treinar os seus novos comandados, a diferença em comparação com os trabalhos de Doriva/ Leandro Ávila e de Gareca/ Alberto Valentim foi pouca nos dois times. Para o empate por 1 x 1 na Arena da Baixada, o Furacão e o Verdão iniciaram no 4-2-3-1:

Atlético-PR e Palmeiras no 4-2-3-1

Como o jogo foi na Arena da Baixada, o Atlético-PR foi quem iniciou propondo o jogo. O sistema ofensivo rubro-negro era composto por Marcos Guilherme, Nathan, Marcelo, Dellatore e mais um dos laterais. Este quarteto ofensivo atleticano se movimentava e posicionava somente entre as linhas defensivas e do meio-de-campo alviverde, mesmo com o Palmeiras tendo o seu posicionamento defensivo no 4-4-1-1 ou no 4-4-2 com os setores próximos e atrás do meio do campo. O flagrante adiante mostrará estes aspectos citados:

O quarteto ofensivo rubro-negro formado por Nathan, Marcos Guilherme, Marcelo e Dellatorre se posicionava e se movimentava somente entre as linhas defensivas e do meio-de-campo do Palmeiras. Pelo lado positivo, este posicionamento gerava igualdade numérica contra linha defensiva alviverde. Pelo lado negativo, a saída de bola atleticana era prejudicada pela igualdade numérica no restante do campo (Reprodução: Sportv).

Flagrante do posicionamento defensivo do Palmeiras no 4-4-1-1 com os setores próximos um ao outro (Reprodução: Sportv).

Sem nenhuma ajuda dos três meias da equipe, restou ao Furacão sair do seu campo defensivo através de lançamentos/ chutões e pelo volante João Paulo. Em toda partida, o Atlético-PR realizou 43 lançamentos (somente cinco a mais que o Palmeiras). Já João Paulo recuava até entre os zagueiros e  movimentou pelos lados do campo para auxiliar a saída de bola rubro-negra. Pelo heatmap deste jogador, percebe-se as zonas de atuações com bola deste volante do Furacão:

Pelo heatmap de João Paulo, nota-se que este volante auxiliou com as saídas de bola entre os zagueiros e também pelo lado do campo. Porém a sua atuação resumiu-se somente no terço central do campo. Faltou a este jogador aproveitar os espaços cedidos pelo sistema defensivo do Verdão em campo ofensivo.

       O sistema ofensivo do Palmeiras também era formado pelo seu quarteto ofensivo (Leandro, Diogo, Juninho e Henrique) e mais um dos laterais. Porém, diferentemente do sistema rubro-negro, Leandro e Diogo trocavam de posição freqüentemente. Com estas movimentações, o lado esquerdo defensivo do Atlético-PR perdia a referência e de como marcar estes dois jogadores em cada ocasião.

Com Leandro e Diogo trocando de posição durante o ataque do Palmeiras, estes jogadores criaram diversos espaços para que o Verdão pudesse jogar naquele setor. Além disso e diferentemente do Atlético-PR, o volante mais próximo do lado da bola se tornava opção de retorno, pois este se posicionava longe da linha do meio-de-campo adversária e próximo do jogador portador da bola do time alviverde. Este posicionamento era fundamental para que o Palmeiras se mantivesse com a posse da bola. 

Além desta movimentação ofensiva alviverde, o que também colaborou para que o Palmeiras tivesse espaço em seu campo ofensivo foi o modo de marcação do sistema defensivo e a deficiência de marcação dos wingers do Atlético-PR. O Furacão compactava a sua equipe entre as intermediárias e marcava na individual por setor com perseguições. Tomando como exemplo a movimentação de Diogo e Leandro anteriormente demonstrada, o sistema ofensivo do Verdão costumeiramente fez aparecer espaços em campo ofensivo através das movimentações dos seus outros jogadores. Já a deficiência de marcação dos wingers do Furacão fez com que o time alviverde tivesse espaços para realizar diversos passes na diagonal no lado contrário do início da jogada ofensiva. Pelos flagrantes a seguir, as explicações ficarão mais claras:

Neste flagrante, percebe-se o Atlético-PR posicionado defensivamente no 4-2-3-1 e com as suas marcações individuais por setor organizadas. Como João Paulo não acompanhou a movimentação do seu marcador, Cleberson saiu da linha defensiva para dar combate no jogador do Palmeiras livre. Deste modo, o jogador que este zagueiro estava marcando anteriormente ficou livre nas suas costas e William Rocha começou a movimentar para cobrir o setor vazio (Reprodução: Sportv).

Além de bagunçar o sistema defensivo atleticano que marcava na individual por setor, o winger oposto do Atlético-PR do início da jogada ofensiva do Palmeiras não acompanhava a linha do meio-de-campo rubro-negra para marcar. Deste modo e como Juninho conseguiu acertar muitas vezes o momento para se apresentar ofensivamente, este jogador –assim como mostrar a imagem acima- recebeu livre diversas bolas em campo ofensivo (Reprodução: Sportv).

Entretanto como nem sempre o futebol é justo com que acontece em campo, foi o Atlético-PR que abriu o placar no primeiro tempo. Gol de Dellatorre, aos 29. Já a esta altura, Welligton e Drausio já haviam saído machucados para as entradas de Victorino e de William Rocha, respectivamente.

No intervalo, Dorival Júnior colocou Josimar no lugar de Weldinho. O sistema defensivo do Palmeiras, que já estava conseguindo neutralizar o ofensivo do Atlético-PR, tapou o buraco que Weldinho estava proporcionando ao Furacão. Com a melhora defensiva, o gol de empate, aos 7 da segunda etapa, foi consequência. Gol de pênalti de Henrique.

A situação em campo que estava começando a ficar boa para o Verdão foi brecada com a expulsão do próprio Josimar, aos 18. Dorival tentou improvisar Leandro como lateral-direito, mas como este atacante viajava diversas vezes quando a bola estava no lado oposto do campo e como Renato o cobriu diversas vezes, o camisa 23 alviverde foi o escolhido para o ser o improvisado lateral-direito. Leandro saiu para a entrada de Eguren, aos 38. 

Como Leandro, na lateral direita, deixava de balançar defensivamente para o lado da bola, o camisa 38 alviverde deixou diversas vezes o espaço para qualquer jogador do Atlético-PR aproveitar o espaço sem marcação. Como Renato, ao perceber aquele espaço vazio se movimentava para cobrir o setor, foi ele quem ficou na lateral-direita e saiu Leandro para a entrada de Eguren, aos 38 do segundo tempo.

Depois de ver o Palmeiras com um jogador a menos, Claudinei Oliveira mexeu na sua equipe, aos 38. Entrou Bady no lugar de Nathan. Através desta substituição, o Atlético-PR passou a atacar com os dois laterais simultaneamente, com o quarteto ofensivo gerando amplitude e profundidade e, por fim e mais importante de todas, recuperando todos os rebotes cedidos pelo sistema defensivo alviverde. Já que Henrique era o único que não atuava ativamente da marcação do Palmeiras e sequer atrapalhava o Furacão ofensivamente.

Com Henrique sem tanta disposição para marcar, todas as rebatidas do sistema defensivo do Palmeiras sobravam para os jogadores do Atlético-PR na intermediária ofensiva –representada pela zona azul acima. Deste modo, após um ataque do Furacão, a equipe paranaense retomava a bola e reiniciava outro ataque rapidamente. Era pressão rubro-negra. 

A falta de finalizações no alvo de Fábio (foram 16 finalizações do Atlético-PR e somente seis foram na meta adversária) fez com que o Furacão não fizesse o segundo gol na partida. O placar de 1 x 1 foi justo para o que as equipes apresentaram de positivo e de negativo ao longo dos 90 minutos. Os dois novos técnicos ainda têm o que ajustar em suas novas equipes.

Fim de partida: Atlético-PR no 4-2-3-1 e Palmeiras no 4-4-1.

Por Caio Gondo (@CaioGondo)