Tanto
Claudinei Oliveira, pelo lado do Atlético-PR, quanto Dorival Júnior, pelo lado
do Palmeiras, estrearam como técnicos nas suas equipes neste Campeonato
Brasileiro. Como ambos também tiveram pouco tempo para treinar os seus novos
comandados, a diferença em comparação com os trabalhos de Doriva/ Leandro Ávila
e de Gareca/ Alberto Valentim foi pouca nos dois times. Para o empate por 1 x 1
na Arena da Baixada, o Furacão e o Verdão iniciaram no 4-2-3-1:
Atlético-PR e
Palmeiras no 4-2-3-1
Como
o jogo foi na Arena da Baixada, o Atlético-PR foi quem iniciou propondo o jogo.
O sistema ofensivo rubro-negro era composto por Marcos Guilherme, Nathan,
Marcelo, Dellatore e mais um dos laterais. Este quarteto ofensivo atleticano se
movimentava e posicionava somente entre as linhas defensivas e do meio-de-campo
alviverde, mesmo com o Palmeiras tendo o seu posicionamento defensivo no
4-4-1-1 ou no 4-4-2 com os setores próximos e atrás do meio do campo. O
flagrante adiante mostrará estes aspectos citados:
O
quarteto ofensivo rubro-negro formado por Nathan, Marcos Guilherme, Marcelo e
Dellatorre se posicionava e se movimentava somente entre as linhas defensivas e
do meio-de-campo do Palmeiras. Pelo lado positivo, este posicionamento gerava
igualdade numérica contra linha defensiva alviverde. Pelo lado negativo, a
saída de bola atleticana era prejudicada pela igualdade numérica no restante do
campo (Reprodução: Sportv).
Flagrante
do posicionamento defensivo do Palmeiras no 4-4-1-1 com os setores próximos um
ao outro (Reprodução: Sportv).
Sem
nenhuma ajuda dos três meias da equipe, restou ao Furacão sair do seu campo
defensivo através de lançamentos/ chutões e pelo volante João Paulo. Em toda
partida, o Atlético-PR realizou 43 lançamentos (somente cinco a mais que o
Palmeiras). Já João Paulo recuava até entre os zagueiros e movimentou pelos lados do campo para auxiliar
a saída de bola rubro-negra. Pelo heatmap deste jogador, percebe-se as zonas de
atuações com bola deste volante do Furacão:
Pelo
heatmap de João Paulo, nota-se que este volante auxiliou com as saídas de bola
entre os zagueiros e também pelo lado do campo. Porém a sua atuação resumiu-se
somente no terço central do campo. Faltou a este jogador aproveitar os espaços
cedidos pelo sistema defensivo do Verdão em campo ofensivo.
O sistema ofensivo do Palmeiras também era formado pelo seu quarteto
ofensivo (Leandro, Diogo, Juninho e Henrique) e mais um dos laterais. Porém,
diferentemente do sistema rubro-negro, Leandro e Diogo trocavam de posição
freqüentemente. Com estas movimentações, o lado esquerdo defensivo do
Atlético-PR perdia a referência e de como marcar estes dois jogadores em cada
ocasião.
Com
Leandro e Diogo trocando de posição durante o ataque do Palmeiras, estes
jogadores criaram diversos espaços para que o Verdão pudesse jogar naquele
setor. Além disso e diferentemente do Atlético-PR, o volante mais próximo do
lado da bola se tornava opção de retorno, pois este se posicionava longe da
linha do meio-de-campo adversária e próximo do jogador portador da bola do time
alviverde. Este posicionamento era fundamental para que o Palmeiras se
mantivesse com a posse da bola.
Além
desta movimentação ofensiva alviverde, o que também colaborou para que o
Palmeiras tivesse espaço em seu campo ofensivo foi o modo de marcação do
sistema defensivo e a deficiência de marcação dos wingers do Atlético-PR. O
Furacão compactava a sua equipe entre as intermediárias e marcava na individual
por setor com perseguições. Tomando como exemplo a movimentação de Diogo e
Leandro anteriormente demonstrada, o sistema ofensivo do Verdão costumeiramente
fez aparecer espaços em campo ofensivo através das movimentações dos seus
outros jogadores. Já a deficiência de marcação dos wingers do Furacão fez com
que o time alviverde tivesse espaços para realizar diversos passes na diagonal no
lado contrário do início da jogada ofensiva. Pelos flagrantes a seguir, as
explicações ficarão mais claras:
Neste
flagrante, percebe-se o Atlético-PR posicionado defensivamente no 4-2-3-1 e com
as suas marcações individuais por setor organizadas. Como João Paulo não
acompanhou a movimentação do seu marcador, Cleberson saiu da linha defensiva
para dar combate no jogador do Palmeiras livre. Deste modo, o jogador que este
zagueiro estava marcando anteriormente ficou livre nas suas costas e William
Rocha começou a movimentar para cobrir o setor vazio (Reprodução: Sportv).
Além
de bagunçar o sistema defensivo atleticano que marcava na individual por setor,
o winger oposto do Atlético-PR do início da jogada ofensiva do Palmeiras não
acompanhava a linha do meio-de-campo rubro-negra para marcar. Deste modo e como
Juninho conseguiu acertar muitas vezes o momento para se apresentar
ofensivamente, este jogador –assim como mostrar a imagem acima- recebeu livre
diversas bolas em campo ofensivo (Reprodução: Sportv).
Entretanto
como nem sempre o futebol é justo com que acontece em campo, foi o Atlético-PR
que abriu o placar no primeiro tempo. Gol de Dellatorre, aos 29. Já a esta
altura, Welligton e Drausio já haviam saído machucados para as entradas de
Victorino e de William Rocha, respectivamente.
No
intervalo, Dorival Júnior colocou Josimar no lugar de Weldinho. O sistema
defensivo do Palmeiras, que já estava conseguindo neutralizar o ofensivo do
Atlético-PR, tapou o buraco que Weldinho estava proporcionando ao Furacão. Com
a melhora defensiva, o gol de empate, aos 7 da segunda etapa, foi consequência.
Gol de pênalti de Henrique.
A
situação em campo que estava começando a ficar boa para o Verdão foi brecada
com a expulsão do próprio Josimar, aos 18. Dorival tentou improvisar Leandro
como lateral-direito, mas como este atacante viajava diversas vezes quando a
bola estava no lado oposto do campo e como Renato o cobriu diversas vezes, o
camisa 23 alviverde foi o escolhido para o ser o improvisado lateral-direito.
Leandro saiu para a entrada de Eguren, aos 38.
Como
Leandro, na lateral direita, deixava de balançar defensivamente para o lado da
bola, o camisa 38 alviverde deixou diversas vezes o espaço para qualquer
jogador do Atlético-PR aproveitar o espaço sem marcação. Como Renato, ao
perceber aquele espaço vazio se movimentava para cobrir o setor, foi ele quem
ficou na lateral-direita e saiu Leandro para a entrada de Eguren, aos 38 do
segundo tempo.
Depois
de ver o Palmeiras com um jogador a menos, Claudinei Oliveira mexeu na sua
equipe, aos 38. Entrou Bady no lugar de Nathan. Através desta substituição, o
Atlético-PR passou a atacar com os dois laterais simultaneamente, com o
quarteto ofensivo gerando amplitude e profundidade e, por fim e mais importante
de todas, recuperando todos os rebotes cedidos pelo sistema defensivo
alviverde. Já que Henrique era o único que não atuava ativamente da marcação do
Palmeiras e sequer atrapalhava o Furacão ofensivamente.
Com
Henrique sem tanta disposição para marcar, todas as rebatidas do sistema
defensivo do Palmeiras sobravam para os jogadores do Atlético-PR na
intermediária ofensiva –representada pela zona azul acima. Deste modo, após um
ataque do Furacão, a equipe paranaense retomava a bola e reiniciava outro
ataque rapidamente. Era pressão rubro-negra.
A falta de finalizações no alvo de Fábio (foram 16 finalizações do Atlético-PR
e somente seis foram na meta adversária) fez com que o Furacão não fizesse o
segundo gol na partida. O placar de 1 x 1 foi justo para o que as equipes
apresentaram de positivo e de negativo ao longo dos 90 minutos. Os dois novos
técnicos ainda têm o que ajustar em suas novas equipes.
Fim
de partida: Atlético-PR no 4-2-3-1 e Palmeiras no 4-4-1.
Por
Caio Gondo (@CaioGondo)