terça-feira, 16 de setembro de 2014

Flamengo se fecha bem e consegue fazer frente ao previsível sistema ofensivo corintiano.

Flamengo e Corinthians se enfrentaram em confronto válido pela 21ªRodada do Campeonato Brasileiro. As equipes fizeram um primeiro tempo morno, com fraca criação de ambos os lados e muita marcação. No segundo tempo, principalmente após o gol da equipe carioca, o jogo melhorou, com a mesma passando a ter mais espaços para o contra ataque após a equipe corintiana se lançar toda ao ataque.

O Flamengo veio a campo em um 4-4-1-1/4-4-2 em linhas, que mantinha sua estrutura quando a equipe ficava sem a posse de bola e atacava preferencialmente pela esquerda, buscando a velocidade de Éverton, que tinha o auxílio das ultrapassagens de João Paulo além do pivô de Eduardo da Silva. Sem a bola os dois homens mais adiantados da equipe, Alecsandro e Eduardo da Silva, participavam ativamente, pressionando os adversários mais próximos.

Já o Corinthians veio a campo no seu tradicional 4-2-3-1, que se tornava um 4-4-1-1 sem a bola com o recuo dos wingers. O volante Elias novamente teve pouca participação nas ações da equipe realizadas no último terço de campo, que, somada a pouco intensa movimentação do trio de meias, resultava em poucas chances de gol criadas pela equipe. Defensivamente a equipe marcava por zona, com Renato Augusto e Guerrero pouco participando da ação defensiva, somente cercando a saída de bola adversária.

Equipes em suas formações iniciais: Corinthians no 4-2-3-1 que tinha dificuldades na criação e Flamengo no 4-4-2/4-4-1-1 que explorava a velocidade de Éverton pela esquerda

O jogo se iniciou com um Flamengo melhor. A equipe carioca marcava forte e aproveitava-se da linhas de 4 recuadas da equipe corintiana, que marcava pressão somente a partir da intermediária defensiva, para fazer a sua lenta transição defesa-ataque através de seus volantes, principalmente de Cáceres, volante que atuou mais pela esquerda e constantemente buscava o meia Éverton, jogador que dava profundidade e objetividade pela esquerda.

Objetividade essa que começou a ser bloqueada através de duas mudanças na equipe corintiana, mudanças de altura no bloco de marcação pressão da equipe e o posicionamento da dupla de volantes. A equipe adiantou um pouco suas linhas, com suas duas linhas de 4 passando a realizar a pressão ainda na linha do meio de campo, o que atrapalhou a saída de bola tranquila dos volantes da equipe flamenguista. A mudança de posicionamento refere-se a ida de Ralf, que começou o jogo atuando mais pela esquerda na dupla de volantes, para o lado direito, diminuindo assim os espaços para a saída em velocidade do lado esquerdo flamenguista com sua forte capacidade de marcação e cobertura.

Porém, a equipe corintiana tinha problemas para criar, graças a movimentação previsível de seu quarteto de ataque, bloqueado constantemente pelas linhas defensivas da equipe flamenguista, que fazia a marcação individual por setor, e só conseguia levar perigo através dos chutes de média distância de Elias.

No flagrante a marcação(ou encaixes) individual por setor da equipe flamenguista(Reprodução: PFC/Sportv)

O segundo tempo iniciou com algumas diferenças em relação ao primeiro. A equipe corintiana adiantou mais as suas linhas de marcação, passando a realizar a pressão em campo ofensivo, com Renato e Guerrero participando ativamente da ação defensiva, sendo os responsáveis por iniciar a pressão. Já o Flamengo, com dificuldades para sair através de passes curtos, passou a buscar os passes por elevação de Cáceres para Éverton, novamente principal opção ofensiva da equipe. Mesmo assim o jogo manteve-se truncado com poucas chances de ambos os lados.

Cenário que mudou após o gol(irregular) marcado por Wallace após cruzamento. Com o resultado a equipe corintiana se lançou de vez ao ataque. Seus laterais, que subiam alternadamente, passaram a subir simultaneamente ao campo de ataque, deixando Ralf e, mais atrás, Gil e Anderson Martins mais recuados. Com isso o Flamengo manteve suas linhas de 4 marcando pressão em bloco baixo e aproveitando os espaços cedidos para o contra ataque.

Espaços que aumentaram ainda mais após as substituições da equipe corintiana, realizadas com a contínua inoperância do setor ofensivo, que conseguiu criar apenas uma chance de grande perigo, em bola enfiada por Guerrero, em espaço criado pelo mesmo após sair da área e arrastar um zagueiro consigo, desperdiçada por Luciano. Romero, Malcom e Jadson entraram nos lugares de Luciano, alterando a formação tática da equipe para um 4-3-3 desorganizado, sem nenhuma ligação defesa-ataque pelo chão, que utilizava a ligação direta como único recurso de criação ofensiva e deixava a sua dupla de zaga exposta em virtude da distância do resto do time para os mesmos.

Exposição essa que era aproveitada por um Flamengo que se reoxigenou com as entradas de Élton, Luiz Antonio e Amaral nos lugares de Alecsandro, Márcio Araújo e Canteros, e manteve a velocidade da equipe, conseguindo por vezes ter superioridade numérica nos contra ataques, sem porém concluí-los com sucesso.

Equipes em suas formações finais: Corinthians no 4-3-3 que foi pro tudo ou nada, e Flamengo no 4-4-2 que explorava os espaços deixados pela equipe corintiana para o contra ataque

O Corinthians segue mostrando que, quando tem que criar espaços, tem muitas dificuldades, mostrando hoje uma faceta preocupante que foi a desorganização da equipe, o que cedeu vários contra ataques a um Flamengo que necessitou apenas de maior capricho na finalização para ter conseguido ampliar o placar.

Por Andrey Hugo(@Andrey_Hugo)