O período pós copa, que logicamente dura até hoje, foi um período importante para todas as equipes que estão em atividade no futebol brasileiro. Após um período de 44 dias sem jogos oficiais as equipes puderam finalmente estrear seus reforços e mostrar se o trabalho que realizaram no recesso foi bem feito. Com isso, um dos colaboradores do site, além de contribuinte desse especial sobre o Corinthians, analisou o período Pós Copa da equipe corintiana.
A equipe corintiana voltou do recesso por conta da Copa do
Mundo com caras novas. Chegaram à equipe o volante Elias, que já treinava com a
equipe mas só esteve liberado para atuar após a copa, o zagueiro Anderson
Martins, o meia uruguaio Lodeiro e o atacante paraguaio Romero. De perdas a
equipe teve somente uma: o volante Guilherme, que foi vendido a Udinese.
A volta da equipe ao brasileiro mostrou a manutenção das
características que desde o início do campeonato mostram até o momento o porquê
da mesma possuir a melhor defesa da competição: Compactação entre os setores,
principalmente entre as duas linhas de 4, deixando normalmente seus dois homens
que atuam na região central do setor ofensivo da equipe, homem do centro na
linha dos 3 meias e o seu centroavante, responsáveis por pressionar um dos
volantes e os zagueiros da equipe adversária, marcação por zona, com curtas
perseguições no setor sendo realizada de maneira eficiente, com a cobertura
sendo bem feita quando necessária, marcação pressão normalmente alternando-se
entre os blocos médio-alto, o que acaba dificultando a saída de bola e a
construção de jogo das equipes adversárias, além da basculação do homem do lado
oposto ao setor que está sendo atacado, com o mesmo vindo fechar mais pelo meio
de modo que feche, em boa parte das vezes, a linha de passe para o volante mais recuado do adversário.
Compactas linhas de 4 da equipe corintiana, com o jogador Jadson, o homem aberto da segunda linha de 4 que está do lado oposto em que ocorre o lance, fazendo a basculação que ajuda a fechar a linha de passe adversária
Ofensivamente a equipe do Corinthians, assim como a maioria
das equipes brasileiras, sentiu dificuldades para criar chances de gol contra
equipes que atuavam mais fechadas, compactando suas linhas e marcando pressão a
partir de sua intermediária defensiva. Somente quando enfrenta equipes que saem
mais para o jogo é que a equipe sente-se mais confortável.
Isso deve-se muito a participação do volante Elias e do
homem responsável
pela armação das jogadas. Elias muitas vezes ficou preso ao lado do volante
Ralf na região central do campo, o que acabava “matando” a transição
defesa-ataque da equipe, afinal, o jogador chegou exatamente para ser o
principal responsável por dar essa qualidade na transição por conta de sua
qualidade tanto na condução da bola como no passe, além da infiltração na área
adversária, e, quando privado de sua qualidade, acabava tornando essa transição
mais lenta, impedindo assim que a equipe conseguisse impor velocidade para
quebrar as rígidas linhas adversárias, além de tirar da equipe a profundidade
que o volante gera com suas chegadas como elemento-surpresa na área adversária.
O flagrante acima é do jogo de ida contra o Bragantino, jogo em que o Corinthians teve muitas dificuldades no seu setor de criação. Elias atuou mais recuado, como um regista. É uma alternativa válida contra equipes mais fechadas, porém, acaba por vezes esvaziando o meio já que, pra completar, nenhum jogador da trinca de meias voltava para dar opção de passe curto, gerando esse buraco(circulo amarelo) entre a dupla de volantes e o trio de meias.
No jogo entre Corinthians x Palmeiras Elias mostrou suas qualidades. Em boa parte do jogo o volante ficou mais recuado. Porém, quando se lançou ao ataque o volante começou e terminou a jogada que gerou o primeiro gol da equipe. Efetuou a transição defesa-ataque com a bola dominada, tocou para um dos jogadores do trio de meias e se lançou a frente, conseguindo, no prosseguimento da jogada, concluir em gol com sucesso.
Ainda há outra questão a ser tratada desse período pós copa na
equipe corintiana que é a função de armador da equipe. Não exatamente o tão
falado meia armador que atuava centralizado e tinha pouca participação nas ações
tanto defensivas quanto ofensivas da equipe, já que o mesmo muitas vezes era
acionado somente para dar o último passe, pois esse jogador aos poucos está
perdendo espaço no cenário do futebol brasileiro e mundial. A função de armador
que foi referida é a função do jogador que tem por principal característica a qualidade
no passe, mas também participa de quase toda a construção ofensiva da equipe.
Jadson e Renato Augusto se revezaram na função. Jadson, que muitas vezes atuou
aberto pela direita, centralizando quando a equipe detinha a posse de bola,
proporcionava pouca dinâmica ofensiva e, quando era mais participativo, não
conseguia fazer o último passe com qualidade. Quem aproveitou a má fase foi
Renato Augusto, que, nos últimos jogos, tem atuado bem, se movimentando com
naturalidade por todo o campo ofensivo da equipe, ajudando a qualificar a saída de bola e dando velocidade ao setor nas proximidades da grande área.
Força contra equipes que saem pro jogo, dificuldades contra
equipes que atuam mais fechadas. Esse tem sido um retrato do Corinthians nesse
período pós copa. Falando a nível de Copa do Brasil, pelo menos na fase em que
a equipe se encontra, essa dificuldade talvez não deve afetar tanto a equipe já
que o seu adversário, o Atlético-MG, tem por característica ter mais a posse de
bola e propor mais o jogo. Já a nível de Campeonato Brasileiro essa dificuldade
pode, como já tem ocorrido, gerar muitas perdas de pontos que farão falta no
final do Campeonato.
Ainda hoje teremos a parte 3 do especial, com Otávio Lisak analisando os jogadores da equipe corintiana.
Por Andrey Hugo(@Andrey_Hugo)