Foi
um jogo da 5ª rodada do Campeonato Francês de 2014/15, mas que poderia ter sido
um de uma rodada qualquer do Campeonato Brasileiro de 2014. Lyon e Monaco
apresentam muitos aspectos táticos parecidos em relação aos times brasileiros.
Neste 2 x 1 para o Lyon, o mandante começou no 4-3-1-2 e o visitante no 4-3-3:
Lyon,
de branco e vermelho, no 4-3-1-2 e Monaco, de azul e branco, no 4-3-3.
Como a partida foi em Lyon, o time da casa foi quem iniciou propondo o
jogo. Este time procurou manter a posse de bola (terminou com 56%), atacava com
os dois laterais simultaneamente e procurava manter a posse da bola através de
Gonalons, Malbranque e Ferri. Já o Monaco começou procurando a compactação
entre intermediárias, se defendendo no 4-1-4-1 sem Berbatov com função alguma
defensiva e a buscando o jogo reativo.
Flagrante
do Monaco posicionado defensivamente no 4-1-4-1 entre intermediárias e com
distância muito parecida com a dos times brasileiros. No jogo entre Palmeiras x
Coritiba do Campeonato Brasileiro deste ano, os dois times alviverdes se
compactaram com distâncias muito próximas ao que o Monaco fez contra o Lyon
(Reprodução: Sportv).
No
Pacaembú e em 2014, Palmeiras e Coritiba se compactaram em distâncias muito
semelhantes ao que o Monaco fez contra o Lyon. Vale aqui uma reflexão: seria o
Monaco tão descompactado quanto os times brasileiros –no exemplo Palmeiras e
Coritiba- ou as equipes brasileiras estão tão bem compactadas quanto ao Monaco?
E ainda, o Campeonato Francês é uma boa referência tática ou ele “estaria” tão
atrasado táticamente quanto ao Brasileirão?
A
saída de bola do Lyon estava organizada e conseguindo superar o sistema
defensivo do Monaco. O time mandante subia com os dois laterais ao mesmo tempo,
os dois atacantes entravam na diagonal, o meia central procurava os espaços
para realizar o passe em profundidade ou ele mesmo se projetar a frente e, por
fim, a saída de bola ficou por conta dos três volantes da equipe.
O
Lyon, ao avançar com os dois laterais simultaneamente, empurrava os dois
wingers do Monaco para trás. Mas era tão para trás que parecia que o time
visitante se defendia com uma linha de seis defensores. Já que os dois
atacantes do Monaco entravam na diagonal e o meia central procurava a
infiltração, a linha inteira defensiva do Lyon se resguardava junta com esses
três adversários. Como Berbatov não fazia nada defensivamente, o Lyon ficava
com 5 x 2 em campo defensivo para sair através de passes curtos.
Com
o 4-1-4-1 do Monaco desestruturado, o Lyon conseguiu tocar diversos passes
curtos em campo defensivo. Porém para chegar ao campo ofensivo e até os
jogadores da frente, a equipe mandante do jogo utilizou de muitos lançamentos.
Na partida toda, foram 72 lançamentos/ chutões.
Sem a aproximação de
algum jogador quando a bola chegava a um dos lados do campo, o Lyon utilizou
muitos lançamentos como forma de ligação ao ataque. Já que João Moutinho,
Toulalan e Kondogbia balançavam defensivamente e, assim, fechavam as poucas
alternativas de passes curtos ao portador da bola adversário. Este tipo de
saída com os laterais espetados sem bola e levando o winger adversário é
utilizado pelo São Paulo do 2° semestre. Veja:
No
São Paulo, o lateral empurra o winger adversário e, assim, gera-se o espaço
para qualquer outro jogador da equipe possa utilizar. No flagrante acima, Edson
Silva e Kaká aproveitam o espaço gerado pelo avanço sem bola de Álvaro Pereira.
Neste ponto, qual das equipes está mais organizada taticamente para sair
jogando: o Lyon ou o São Paulo? Como os dois times usam do avanço sem bola do
lateral, a comparação é palpável (Reprodução: Sportv).
Mesmo
na base do chutão, o Lyon conseguiu abrir o placar, aos 30 do primeiro tempo.
Agora atrás do placar, o Monaco começou a propor o jogo. Este time visitante
atacava com alternância dos laterais; com muita troca de posição de Toulalan,
João Moutinho e Kondogbia durante o início da saída de bola –assim conseguindo
se livrar da marcação e realizar diversos passes em profundidade-, e com
wingers gerando amplitude durante todo ataque. Como o Lyon se defendia no
4-3-1-2, a marcação a frente dos laterais dependiam da velocidade com que o
trio de volante balançasse defensivamente e distância entre os setores poderia ser menor.
No
flagrante acima, percebe-se a linha defensiva do Lyon e os três volantes
voltando para a composição defensiva. Como eles eram “somente” três e a
amplitude estava sendo gerado pelo winger do Monaco oposto do início da jogada,
Ocampos recebeu a bola e finalizou a bola no setor onde não havia marcação
adversária. Agora, esta situação comparada com o Brasil, há diferenças também
(Reprodução: Sportv).
No
jogo entre Corinthians x Atlético-PR pelo Campeonato Brasileiro deste ano,
percebe-se também o Furacão se defendendo no 4-3-1-2, com os seus volantes
balançando defensivamente de acordo com o lado da bola e, também, “cedendo” o
lado oposto da jogada. Porém diferentemente do Lyon, o Atlético-PR marcou com
as duas linhas próximas e, assim, sem deixar com que a bola passe na entrelinhas
(Reprodução: Sportv).
Com
o placar empatado, no intervalo, nenhuma das equipes realizou substituição.
Entretanto o ânimo de Lyon e Monaco foi maior na segunda etapa. Os times
procuravam manter a posse a bola enquanto atacavam e se defendia
organizadamente em situação defensiva. A partir do intervalo, o Monaco passou a
marcar por zona. Deste modo, os wingers não eram mais empurrados defensivamente
pelos laterais do Lyon. Com isso, o time visitante conseguiu avançar a sua
marcação, a procurar a superioridade numérica no setor da bola no terço
central, mas acabava deixando em igualdade numérica a sua linha defensiva.
Com
marcação por zona e o Monaco organizadamente posicionado no 4-1-4-1, o time
avançou a sua marcação. Deste modo, o jogador adversário que está com a bola
passou a ser pressionado por um ou dois jogadores do Monaco, mas a linha
defensiva acabou ficando na marcação individual no terço defensivo. Como a
equipe visitante não recuperava a bola mesmo com superioridade numérica, o gol
de desempate do Lyon acabou saindo de um lançamento longo onde não houve
cobertura defensiva após um drible de Tolisso. No Brasil, este tipo de marcação
também é utilizado.
Na
partida entre Atlético-PR e Fluminense, o Furacão marcou pressão no terço
central do campo e buscando a superioridade numérica no setor da bola. Porém,
assim como o Lyon conseguiu, o Tricolor Carioca também saia desse abafa do time
adversário através de lançamentos. No caso do flagrante anterior, percebe-se
que Valencia –que não estava sendo pressionado devidamente- conseguiu lançar a
bola para Cícero que está livre dentro do círculo central do campo.
Depois
do gol de desempate do Lyon, as substituições nas duas equipes passaram a ser
realizadas. No time mandante, entraram N’Jie, Gourcouff e Koné para as saídas
de Mvuemba, Fekir e Malbranque e os novos jogadores posicionaram a equipe no
4-2-3-1. Pelo lado do Monaco, as entradas de Martial, Germain e Kamara nos
lugares de Ocampos, Toulalan e Carrasco fizeram o time jogar no 4-2-3-1.
Entretanto, sem sucesso para realizar outro tento na partida.
Fim
de partida: Lyon e Monaco no 4-2-3-1.
Por
Caio Gondo (@CaioGondo)