A
transição defesa-ataque do São Paulo é tão interessante que merece uma postagem
só para ela. Neste time do Tricolor Paulista, há dois modos de transição
defesa-ataque. A primeira é a veloz, mais conhecida como contra-ataque. Já a
segunda, e mais interessante, é a que o time saindo jogando desde os zagueiros.
As duas serão detalhadas neste post.
Transição
defesa-ataque veloz
Assim
como explicado na segunda parte deste especial, o São Paulo realiza o seu
sistema defensivo com oito jogadores ativamente (os quatro defensores e os
quatro meio-campistas). Deste modo, ao mesmo tempo em que o time adversário vai
avançando ofensivamente, estes oito jogadores vão recuando em campo defensivo e
afastando dos dois atacantes. Situação bem semelhante ao próximo flagrante:
Com
o Internacional no terço do campo defensivo do São Paulo, as duas linhas de 4
tricolor se afastaram muito de Alexandre Pato e Alan Kardec. Desta maneira,
gerando um enorme espaço entre as linhas do meio-de-campo e do ataque são
paulino (Reprodução: Rede Globo).
O
que seria uma dificuldade em várias equipes brasileiras, para este São Paulo do
2° semestre de 2014 não é. Este time conta com quatro jogadores no
meio-de-campo com percepção do melhor momento para se projetar sem bola, de
realizar o passe e, ainda, de conseguir observar o jogo antes realizar o passe.
Deste modo, todo o espaço gerado entre as linhas do meio-de-campo e do ataque
tricolor é espaço necessário para Souza, Denilson, Ganso e Kaká saírem jogando
em velocidade para até chegarem a Alan Kardec e Alexandre Pato.
Em
transição defesa-ataque veloz, o São Paulo assim como mostra a imagem acima e
pode ser dividida em duas ondas didáticas. 1ª onda: após a retomada de bola por
um dos volantes, o outro já se projeta para ser opção de passe a frente. Ao
mesmo tempo em que esta movimentação acontece, Kaká, Ganso e Alan Kardec se
projetam no espaço entre as linhas do meio-de-campo e do ataque tricolor
–espaço este representado pelas linhas azuis. Com isso, o volante em projeção
que recebeu a bola terá três opções fáceis para trocar. 2ª onda: depois de um
dos meias receberem a bola, este terá a opção de passe por um dos lados de
Alexandre Pato procurando os espaços entre os defensores adversários ou em
profundidade de Alan Kardec, que neste momento, já ficou de frente para o gol
adversário e está se projetando rumo ao mesmo.
Ou seja, através das projeções inteligentes e da capacidade em dos
quatro jogadores do meio-de-campo tricolor em observar antes de tocar, na
transição defesa-ataque veloz, o São Paulo sempre terá, no mínimo, duas opções
de passes e a melhor será optada pelo jogador portador da bola.
Transição
defesa-ataque “normal”
Esta
transição é um dos diferenciais desta equipe do São Paulo Futebol Clube. Nesta
situação de jogo, a equipe sai tocando pelos lados do campo desde o seu campo
defensivo. Porém esta saída não acontece através dos laterais, mas por qualquer
outro jogador que ocupou o espaço gerado pelo avanço sem bola de Paulo Miranda
ou Álvaro Pereira. Veja nos próximos flagrantes a explicação deste espaço
gerado:
Assim
como acontece em várias partidas deste São Paulo, os laterais avançam sem bola
na saída de jogo do time –assim como mostra o flagrante acima com a subida de
Álvaro Pereira. Através desta movimentação sem bola, o lateral tricolor tira o
winger adversário do setor habitual e, assim, gera o espaço para que qualquer
outro jogador do Tricolor Paulista possa iniciar a saída de bola da equipe. No
caso do flagrante, Denilson é quem ocupou o espaço gerado pelo avanço sem bola
de Álvaro Pereira (Reprodução: Sportv/ PFC).
Assim
como o lado esquerdo do time, pelo lado direito acontece a mesma situação:
Paulo Miranda avança sem bola e retira o winger adversário do seu setor, deste
modo, gerando o espaço para que qualquer outro jogador do São Paulo possa jogar
naquele setor. No caso do flagrante acima, Rafael Tolói avançou sem nenhuma
marcação para o espaço e Ganso iniciara a sua projeção para auxiliá-lo na saída
de bola tricolor (Reprodução: Sportv).
Da
mesma maneira em que Ganso faz pela direita da equipe, Kaká também faz pelo
lado esquerdo. Com o avanço sem bola de Álvaro Pereira e a atração da marcação
do winger adversário do setor, o camisa 8 tricolor avança no espaço gerado pelo
seu lateral-esquerdo. Deste modo, diminuindo a dificuldade do passe de Edson
Silva, que já estava em campo ofensivo e usufruindo do espaço gerado por Álvaro
Pereira (Reprodução: Sportv).
Neste
flagrante, se escancara o início da saída de jogo do São Paulo: na imagem,
nota-se os dois laterais já em campo ofensivo e atraindo os wingers
adversários; Rafael Tolói, Edson Silva, Souza e Denilson para realizar trocas
de passes e projeções contra somente o centroavante e o meia central do
Palmeiras; e, por fim, Kaká e Ganso iniciando as suas projeções nos espaços
gerados pelos avanços sem bola de Paulo Miranda e Álvaro Pereira (Reprodução:
Sportv/ PFC).
Já
em campo ofensivo, a transição defesa-ataque “normal” do São Paulo tem a
segunda parte. Nesta parte, os jogadores tricolores se movimentam de tal
maneira que os sistemas defensivos do Brasil se complicam. E muito! O lateral
que avançou, Kaká, Ganso, Alexandre Pato e Alan Kardec confundem toda a
marcação individual por setor e realizada através de perseguições geralmente
usada em terras tupiniquins e, assim, gerando muitos espaços em campo ofensivo.
Como
no Brasil, o tipo de marcação mais comum é o de encaixe individual por setor e
com perseguição do marcador, a movimentação ofensiva do São Paulo para a saída
de bola curta está arrumada para bagunçar toda marcação adversária. Assim como
foi explicado e demonstrado anteriormente, um dos laterais avança sem bola e,
desta maneira, gera-se o espaço para qualquer jogador do Tricolor Paulista
realize a saída de bola. Como normalmente é Kaká quem faz esta saída e pelo
lado esquerdo, o exemplo adiante será nesta situação.
Com
Kaká com a bola no espaço gerado pelo avanço sem bola de Álvaro Pereira, o n° 2
–aquele que estava encostado em Kaká na imagem anterior- já “perdeu” de vista o
meia tricolor. Com espaço e sem ninguém marcando-o, tem duas opções de passes
curtos: Alan Kardec e Paulo Henrique Ganso. Kardec aparece como opção de passe
à frente, de costas para o gol e atraindo a marcação de um dos zagueiros
(espaço este que Pato poderá utilizar). A movimentação de Ganso é ainda mais
interessante. Como ele parte da direita para o centro do campo, o camisa 10
atrai a marcação do lateral-esquerdo adversário e ainda se projeta no espaço
entre linhas do sistema defensivo adversário. Já que os dois volantes da equipe
adversária estão encostados em Souza e Denilson. Ou seja, Ganso, após se
movimentar, poderá receber a bola completamente livre de marcação. Além destas
opções curtas, Kaká tem as opções longas para Álvaro Pereira e Alexandre Pato.
O lateral-esquerdo tricolor se posiciona bem aberto pela esquerda, atraindo a
atenção do winger adversário, preparado para se projetar a frente e aproveitar
as costas do lateral-direito adversário que estava marcando Kaká. Já Alexandre
Pato se movimenta na diagonal entre os espaços dos defensores adversários
gerados nas movimentações de Alan Kardec e de Ganso. Os flagrantes adiante
mostrarão pedaços das movimentações ofensivas explicados anteriormente:
No
início da saída de jogo do São Paulo, Kaká recebe a bola no espaço gerado por
Álvaro Pereira. Com o meia com a posse da bola, Hudson se projeta no espaço
vazio e, simultaneamente, Alan Kardec aparece como opção curta, de costas para
o gol adversário e atraindo a marcação de um dos zagueiros (Reprodução: Rede
Globo).
Com
a movimentação de pivô de Alan Kardec, a linha defensiva adversária se
desalinha e Alexandre Pato se projeta no espaço vazio cedido pela movimentação
de Kardec (Reprodução: Rede Globo).
Neste
flagrante, observa-se como o time adversário marca com encaixe individual por
setor. Desta maneira, observa-se como Ganso realmente tem a atenção do
lateral-esquerdo adversário e Souza a atenção de um dos volantes adversário
(Reprodução: Sportv).
Já
em outra situação e na mesma partida, pelo flagrante anterior, percebe-se Ganso
se projetando no espaço entrelinhas da linha defensiva e do meio-de-campo
adversário, e, também, Alexandre Pato aguardando Kaká acioná-lo em projeção no
espaço entre zagueiro-lateral adversário (Reprodução: Sportv).
Por Caio Gondo (@CaioGondo)